O governo paquistanês recorreu ao exército para travar os protestos violentos de grupos islâmicos que acusam de blasfémia o ministro da Justiça
O governo paquistanês reforçou no sábado com efetivos militares as unidades policiais que tentavam reprimir na capital, Islamabad, um protesto de grupos islâmicos que provocou pelo menos seis vítimas mortais e cerca de 200 feridos.
O protesto, que começou no dia 8 de novembro, foi convocado pelo grupo Tehreek-i-Labaik Ya Rasool Allah, para pedir a demissão do ministro da Justiça, Zahid Hamid, acusado de “blasfémia” por ter omitido a menção ao profeta Maomé no juramento de tomada de posse de cargos públicos. Um pedido de desculpas do ministro não evitou que os manifestantes saíssem à rua em Islamabad, Lahore, Karachi e outras localidades do país.
Para evitar o alastrar dos confrontos, a Entidade paquistanesa Reguladora para a Comunicação Social, proibiu a transmissão ao vivo de imagens do protesto, e cortou o sinal às emissoras que exibiram as imagens. O governo bloqueou também as redes sociais.
“O que o governo fez hoje aos média é condenável. O mundo inteiro considerará que se trata de um desenvolvimento alarmante e deve condená-lo. Isto afetará a imagem do Paquistão em todo o mundo. Acredito que o governo deve imediatamente revogar estas decisões, que terão consequências negativas”, comentou Tahir Hassan Khan, jornalista e ex-presidente do Clube da Imprensa de Karachi.
O perfil oficial das Políticas Públicas do Twitter publicou um comunicado sobre o bloqueio:
We are aware of reports that the Pakistani government has taken action to block Twitter service, as well as other social media services, and that s are having difficulty using Twitter in Pakistan. We are monitoring the situation and hope service will be fully restored soon.
— Twitter Public Policy (@Policy) 25 de novembro de 2017
Cerca de dois mil manifestantes bloqueavam há três semanas o principal o a Islamabad.
Segundo a imprensa paquistanesa as operações policiais envolveram 8 mil e quinhentos agentes policiais e foram detidas cerca de 350 pessoas. De acordo com um comunicado da polícia, os manifestantes usaram granadas e pedras, tendo ferido com gravidade mais de 100 membros das forças de segurança.