O mais grave conflito direto entre a Índia e o Paquistão em décadas foi travado por agora, mas as tensões continuam elevadas.
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, afirmou em declarações ao país que a Índia "apenas suspendeu a sua ação militar" e que "retaliará nos seus próprios termos" se houver qualquer futuro ataque terrorista ao país. Estes foram os primeiros comentários públicos desde o início de um cessar-fogo mediado pelos EUA no fim de semana.
Modi fez estas observações num discurso transmitido pela televisão, na segunda-feira à noite, depois de as autoridades indianas e paquistanesas terem afirmado que não se registaram disparos durante a noite na região fortemente militarizada entre os seus países. “Demos carta branca ao exército indiano para enterrar os terroristas”, disse Modi.
Esta terça-feira, Narendra Modi, visitou uma estação da força aérea de Adampur, cidade do estado indiano de Punjab, a apenas 100 quilómetros da fronteira paquistanesa.
O primeiro-ministro indiano afirmou ainda que mais de 100 “terroristas” foram mortos nos ataques da Índia e que estes tinham apenas em mira esconderijos terroristas e centros de treino no Paquistão.
“Se for levado a cabo outro ataque terrorista contra a Índia, será dada uma resposta forte”, afirmou Modi, acrescentando que o Paquistão deve desmantelar a sua “infraestrutura terrorista” se quiser ser “salvo”.
“Se falarmos com o Paquistão, será apenas sobre terrorismo... será sobre a Caxemira ocupada pelo Paquistão”, concluiu.
Ambos os países istram partes da Caxemira e ambos a reivindicam na sua totalidade.
A noite permaneceu pacífica
Altos responsáveis militares da Índia e do Paquistão falaram através de uma linha direta, na segunda-feira,para avaliar se o cessar-fogo se mantinha e como garantir a sua aplicação.
Em comunicado, o exército indiano afirmou que os oficiais se comprometeram a não "disparar um único tiro", ou iniciar uma ação agressiva, e que as duas partes concordaram em considerar a possibilidade de reduzir imediatamente o número de tropas nas zonas fronteiriças e avançadas.
"A noite permaneceu pacífica em Jammu e Caxemira, e noutras áreas ao longo da fronteira internacional", disse o exército indiano, acrescentando que não foram registados incidentes.
Os membros do governo local na Caxemira istrada pelo Paquistão não relataram incidentes de disparos transfronteiriços ao longo da Linha de Controlo e disseram que os civis deslocados pelas recentes escaramuças estavam a regressar às suas casas.
O Chefe do Estado-Maior AK Bharti, diretor-geral das operações aéreas da Índia, disse numa conferência de imprensa na segunda-feira que, apesar dos "pequenos danos sofridos, todas as nossas bases militares e sistemas de defesa aérea continuam a estar totalmente operacionais e prontos para realizar quaisquer outras missões, caso seja necessário".
Bharti reiterou que a luta de Nova Deli é "contra os terroristas e não contra as forças armadas do Paquistão ou os seus civis".
Porque as tensões aumentaram?
A escalada das hostilidades entre os rivais com armas nucleares aconteceram após um ataque mortal contra turistas em Caxemira a 22 de abril. O incidente ameaçou a paz regional e causou alarme em todo o mundo.
A Índia acusa o Paquistão de apoiar os militantes que levaram a cabo o massacre, uma acusação que Islamabad nega.
No sábado, a Índia e o Paquistão chegaram a um acordo para pôr termo a todas as acções militares em terra, no ar e no mar. Um acordo mediado pelos EUA.
De acordo com uma declaração do governo paquistanês, o primeiro-ministro Shehbaz Sharif disse que seu país concordou com o cessar-fogo "no espírito da paz", mas também que nunca tolerará violações de sua soberania e integridade territorial.