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Obama e Putin: Pulso de ferro na ONU pela Síria

Obama e Putin: Pulso de ferro na ONU pela Síria
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Olhares cerrados e poucos sorrisos entre Barack Obama e Vladimir Putin – o brinde dos dois líderes, no jantar das Nações Unidas, não escondeu a

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Olhares cerrados e poucos sorrisos entre Barack Obama e Vladimir Putin – o brinde dos dois líderes, no jantar das Nações Unidas, não escondeu a tensão e as divergências entre a Rússia e os Estados Unidos, sobre a Síria. Putin e Obama estiveram face a face, em território neutro, na sede da ONU em Nova Iorque. Perante a Assembleia Geral, cada um expressou a sua posição.

Para Putin, não existe alternativa a Bashar al-Assad, que aparece como sendo um pilar contra o terrorismo: “Hoje, fornecemos assistência técnica e militar tanto ao Iraque como à Síria (…). Acreditamos que é um enorme erro recusar a cooperação com o governo sírio (…). Devemos reconhecer, finalmente, que mais ninguém, para além das forças do presidente Assad e das milícias curdas, está a lutar contra o Estado Islâmico e contra outras organizações terroristas na Síria”.

Apesar da animosidade dos Estados Unidos contra Assad, Obama mostrou-se disposto a concordar com a sua permanência temporária no poder: “Os Estados Unidos estão preparados para trabalhar com qualquer nação, para resolver o conflito – inclusive com a Rússia e com o Irão (…). O realismo dita que é necessário compromisso, para terminar com o conflito e acabar com o Estado Islâmico. Mas o realismo também exige um governo de transição, afastando-se de Assad para um novo líder (…).”

Obama considera Assad como sendo o principal obstáculo à resolução do conflito. No entanto, para a Rússia, o presidente sírio é um aliado indispensável e vice-versa. Assediado por jihadistas do Estado Islâmico, Assad recorreu a Moscovo, o seu antigo aliado, para reforçar a sua posição. Ao mesmo tempo, a Rússia protege a sua base naval em Tartus, a única no Mediterrâneo. Moscovo também ampliou dois aeródromos, para permitir a aterragem de aviões de caça e de grande porte.

Com a guerra na Síria como pano de fundo, estão em jogo outros interesses geopolíticos das potências regionais e internacionais, como demonstrou o tenso aperto de mão entre Putin e Obama.

A euronews conversou com Marc Pierini, do “think tank” Carnegie Europe.

James Franey, euronews: Porque é que Vladimir Putin está de certa forma a oferecer um ramo de oliveira em relação à Síria neste preciso momento?

Marc Pierini, Carnegie Europe: “A Rússia fez uma tripla operação. Primeiro apoiaram Assad. O exército estava prestes a colapsar no noroeste e no centro, por isso salvaram o aliado de longa data. Em segundo lugar, estão a estabelecer uma base mais estratégica com helicópteros de ataque, aviões de combate, o que é uma declaração para todo o Médio Oriente e para o Irão. Estão ainda, como referiu, a oferecer um ramo de oliveira, mas com as próprias condições. Significa que Assad terá de estar no centro deste processo de paz, o que criará dificuldades para o Presidente Obama, para François Hollande, enquanto outros como a chanceler alemã Angela Merkel se mostraram disponíveis para conversar. É um jogo que divide mas que ninguém se pode dar ao luxo de ignorar. Haverá conversações e teremos de esperar para ver o rumo que as coisas vão tomar.”

James Franey, euronews: A Rússia está a usar, de alguma forma, esta situação como uma moeda de troca em relação à crise na Ucrânia?

Marc Pierini, Carnegie Europe: “É uma forma de ver as coisas, mas julgo que a intenção é mais abrangente. É preciso lembrar o caso da Líbia. Houve uma resolução do Conselho de Segurança em defesa dos civis e houve uma operação da NATO que queria derrubar o regime líbio. A Rússia considera – e referi isso durante muito tempo – que se tratou de um abuso do Conselho de Segurança da ONU. Por esse motivo não querem assistir de novo a uma operação que consideram ter sido decidida unilateralmente. É um pouco irónico porque agora querem que haja negociações sobre anti-terrorismo com as próprias condições. Mas não há muitas opções no caso da Síria, por isso teremos de aguardar pelo resultado do primeiro encontro.”

James Franey, euronews: A via diplomática não funcionou na Síria nos últimos anos. O impacto de ataques aéreos é limitado. O ocidente precisa de considerar uma opção militar a larga escala?

Marc Pierini, Carnegie Europe: “Não acredito que esse cenário esteja em cima da mesa. Temos um novo enquadramento no Médio Oriente. O Irão está de volta à mesa depois do acordo nuclear. Por isso, ganhou uma nova respeitabilidade. Depois existe a Rússia, que tem agido de forma incontestada na Crimeia, no leste da Ucrânia. Agora na Síria. Quais são as consequências para a Rússia? Muito poucas. Julgo que se trata de um jogo em que o Ocidente está, por causa das limitações das próprias ações militares – em particular os Estados Unidos, no caso da Síria – um pouco limitado a ser observador ou a seguir iniciativas de outros.”

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