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Mas continua a haver algo\u2026 como se n\u00e3o conseguisse seguir o fio deixado pelo pai, em dezembro, quando o rei falara da \u201cnecessidade de atualizar os quadros de conviv\u00eancia.\u201dFelipe VI n\u00e3o falou de transi\u00e7\u00e3o, nem sequer falou do esp\u00edrito de transi\u00e7\u00e3o. N\u00e3o abriu a porta a uma segunda transi\u00e7\u00e3o. E, no entanto, os problemas de fundo da sociedade espanhola reclamam um marco constitucional mais atual, que inclua, tamb\u00e9m, seguramente, uma reflex\u00e3o sobre o nosso modelo de Estado. E isso continua pendente.euronews: Entre as ideias-chave do discurso, encontramos a defesa da monarquia parlamentar e da unidade ou mesmo da uniformidade nacional. Em termos pr\u00e1ticos, que significa isto?A. G.-R.: Formalmente, n\u00e3o h\u00e1 mudan\u00e7as. O que h\u00e1 s\u00e3o aspetos em que parece mostrar uma maior sensibilidade ao pluralismo. Como quando disse que queria escutar, compreender, tomar notas e eventualmente aconselhar-se; centrar um pouco a monarquia nesta capacidade de escuta, de compreens\u00e3o e de identifica\u00e7\u00e3o com a cidadania e com o povo espanhol. Parece-me um gesto interessante, no sentido de um monarca mais sens\u00edvel \u2013 n\u00e3o apenas \u00e0s unanimidades mas tamb\u00e9m \u00e0s diversidades.\u201deuronews: Nesse sentido, fez refer\u00eancia \u00e0s pontes para o di\u00e1logo, representadas pelas l\u00ednguas co-oficiais. Citou Machado, Espri\u00fa, Castelao e Aresti. E despediu-se em catal\u00e3o, galego e \u2018euskera\u2019 (basco). Isto o qu\u00ea traduz?A. G.-R.: Creio que temos de atualizar a forma de refor\u00e7ar, proteger, considerar e respeitar as l\u00ednguas que, como o pr\u00f3prio rei disse, s\u00e3o patrim\u00f3nio de todos. 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Espanha: O discurso do Rei

Espanha: O discurso do Rei
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Juan Carlos exerceu o último ato oficial como monarca quando, esta quinta-feira, 19 de junho, colocou em seu filho a faixa vermelha de capitão general, a mais alta patente militar em Espanha. Não quis estar presente na proclamação de Felipe VI, nas Cortes Gerais, para ceder o protagonismo e transmitir a intenção de renovar a monarquia. Mostra também que aceita o repto dos espanhóis, que pedem uma instituição mais próxima do povo, mais transparente.

Ao todo, 120.000 bandeiras espanholas engalanavam o trajeto do Rolls-Royce fechado, opção escolhida por motivos de segurança, em que Felipe e Letizia fizeram o percurso até ao Congresso dos Deputados, tendo a princesa das Astúrias, Leonor, seguido na segunda viatura do cortejo.

Já como monarca, Felipe agradeceu a Juan Carlos e Sofia:

“É com emoção que quero prestar uma homenagem de gratidão e respeito a meu pai, o rei Juan Carlos I. Permitam-me ainda agradecer a minha mãe, a rainha Sofia, toda uma vida de trabalho impecável ao serviço dos espanhóis (…)”.

“Hoje, mais do que nunca, os cidadãos pedem, com razão, que os princípios morais e éticos sejam um exemplo e inspirem a vida pública. Estas são convicções sobre a Coroa que represento a partir de hoje. Uma monarquia renovada para uma nova era (…)”

“Cervantes disse, pela boca de Dom Quixote: tu não és um homem melhor do que outro se não fizeres melhor do que o outro. Sinto um imenso orgulho nos espanhóis e nada me dará mais prazer que, graças ao meu trabalho, também os espanhóis se sintam orgulhosos do seu novo rei. “

Felipe VI agradeceu nas quatro línguas de Espanha: basca, galega, catalã e castelhana.

Para analisar o discurso do rei, o primeiro de Felipe VI enquanto monarca, conversámos, em Barcelona, com o especialista em comunicação política, Antoni Gutiérrez-Rubí.

Franscico Fuentes, euronews: Antoni, o que pensa do discurso?

Antoni Gutiérrez-Rubí: O discurso estava muito elaborado e muito bem preparado. Felipe VI teve tempo para cuidar dos detalhes e estabeleceu, eu diria, três grandes princípios:

O primeiro: submeteu-se, como não podia deixar de ser, ao Parlamento e aos poderes públicos. O que quer dizer que é uma monarquia constitucional e uma monarquia parlamentar.

Em segundo: o da exemplaridade. Comprometeu-se a comportar-se de forma a que os cidadãos se sintam orgulhosos e bem representados, no aspeto moral e ético, pelo chefe de Estado.

E o terceiro princípio é que oferece uma imagem da modernidade em toda a sua plasticidade.

euronews: Se tivesse que dar-lhe uma nota… Chumbado? Aprovado? Bom? Excelente?

A. G.-R.: Creio que, hoje, Felipe VI se saiu bem, aprovado, quase Excelente. Cumpriu bem a sua missão.

Mas continua a haver algo… como se não conseguisse seguir o fio deixado pelo pai, em dezembro, quando o rei falara da “necessidade de atualizar os quadros de convivência.”

Felipe VI não falou de transição, nem sequer falou do espírito de transição. Não abriu a porta a uma segunda transição. E, no entanto, os problemas de fundo da sociedade espanhola reclamam um marco constitucional mais atual, que inclua, também, seguramente, uma reflexão sobre o nosso modelo de Estado. E isso continua pendente.

euronews: Entre as ideias-chave do discurso, encontramos a defesa da monarquia parlamentar e da unidade ou mesmo da uniformidade nacional. Em termos práticos, que significa isto?

A. G.-R.: Formalmente, não há mudanças. O que há são aspetos em que parece mostrar uma maior sensibilidade ao pluralismo. Como quando disse que queria escutar, compreender, tomar notas e eventualmente aconselhar-se; centrar um pouco a monarquia nesta capacidade de escuta, de compreensão e de identificação com a cidadania e com o povo espanhol. Parece-me um gesto interessante, no sentido de um monarca mais sensível – não apenas às unanimidades mas também às diversidades.”

euronews: Nesse sentido, fez referência às pontes para o diálogo, representadas pelas línguas co-oficiais. Citou Machado, Espriú, Castelao e Aresti. E despediu-se em catalão, galego e ‘euskera’ (basco). Isto o quê traduz?

A. G.-R.: Creio que temos de atualizar a forma de reforçar, proteger, considerar e respeitar as línguas que, como o próprio rei disse, são património de todos.

Isto necessita atualização política, novas práticas e algumas reformas normativas – como, por exemplo, o regulamento do Congresso dos Deputados.

euronews: Perante esta mensagem de Felipe VI, que lugar têm agora aqueles que propõem uma forma de Estado diferente?

A. G.-R.: Este discurso – e, em geral, todo o processo que vai desde a abdicação até à proclamação – foi um cuidado e elaborado anúncio publicitário sobre os benefícios da monarquia. Um anúncio para o qual, de certa, contribuímos: meios de comunicação, analistas, comunicadores e até as próprias instituições.

Mas os problemas continuam lá, e o rei reina mas não governa, e é às forças políticas maioritárias que cabe resolver os problemas que estão pendentes.

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