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Tendo em conta os violentos confrontos que se seguiram \u00e0s elei\u00e7\u00f5es controversas de Ahmadinejad, \u00e0 reelei\u00e7\u00e3o e quest\u00f5es dif\u00edceis como a nuclear e as san\u00e7\u00f5es econ\u00f3micas internacionais sem precedentes impostas contra o Ir\u00e3o, entrevistamos Bernard Hourcade.Said Kamalid, euronews \u2013 \u00c9 respons\u00e1vel pelo centro de investiga\u00e7\u00e3o cient\u00edfica em Fran\u00e7a, ge\u00f3grafo e especialista no Ir\u00e3o. \u00c9 tamb\u00e9m professor da geografia do Ir\u00e3o num Instituto em Paris\u2026que import\u00e2ncia tem esta elei\u00e7\u00e3o presidencial no Ir\u00e3o?Bernard Hourcade \u2013 Normalmente dizem que as elei\u00e7\u00f5es n\u00e3o servem para nada, que est\u00e3o falsificadas \u00e0 partida, o que, \u00e0s vezes, acontece. Mas no Ir\u00e3o, a particularidade \u00e9 que nunca se conhece o resultado, mesmo com as elei\u00e7\u00f5es iranianas a realizarem-se num quadro o jogo pol\u00edtico \u00e9 importante, o debate pol\u00edtico \u00e9 muito importante para o futuro do pa\u00eds, \u00e9 um grande acontecimento, mesmo se n\u00e3o \u00e9 compar\u00e1vel \u00e0s elei\u00e7\u00f5es da Fran\u00e7a, da B\u00e9lgica ou da Espanha, por exemplo.euronews \u2013 Inscreveram-se nas listas 686 pessoas. Apenas precisaram de apresentar o certificado de nascimento, fotoc\u00f3pia do bilhete de identidade, 12 fotos e ter mais de 18 anos. Como interpreta isto? Porque se abre a porta ao p\u00fablico?Bernard Hourcade \u2013 H\u00e1 aqui uma parte de propaganda. O governo e a Constitui\u00e7\u00e3o permitem que todos os cidad\u00e3os possam ser candidatos, o que \u00e9 bom. Mas tamb\u00e9m h\u00e1 uma incontest\u00e1vel vontade de participa\u00e7\u00e3o da popula\u00e7\u00e3o iraniana. Desde a revolu\u00e7\u00e3o isl\u00e2mica de 1979 que a popula\u00e7\u00e3o iraniana se habituou a participar na vida pol\u00edtica. \u00c0s vezes \u00e9 reprimida, mas participa. H\u00e1 uma din\u00e2mica pol\u00edtica incontest\u00e1vel. O Ir\u00e3o \u00e9 um pa\u00eds onde o debate pol\u00edtico existe e, desta vez, h\u00e1 686 candidatos, em 2001 houve 1075, se n\u00e3o me engano, h\u00e1 sempre 300, 400, 500. O problema principal \u00e9 que o Conselho dos Guardi\u00e3es da Constitui\u00e7\u00e3o iraniana fazem a sele\u00e7\u00e3o e eliminam 99% para manter apenas 4, 5, 6, 10, no m\u00e1ximo. Os crit\u00e9rios s\u00e3o aleat\u00f3rios.euronews \u2013 Depois do que se ou em 2009, o que vai caracterizar esta elei\u00e7\u00e3o? Primeiro, deram-se os confrontos, depois, nestes \u00faltimos quatro anos, o pa\u00eds sofreu duras san\u00e7\u00f5es econ\u00f3micas e a quest\u00e3o nuclear continua na ordem do dia. O que vai ser diferente?BH \u2013 Estas s\u00e3o as elei\u00e7\u00f5es da maturidade. A rep\u00fablica isl\u00e2mica, h\u00e1 34 anos, a que todos anunciavam o descalabro,sobrevive, \u00e9 mesmo o sistema mais est\u00e1vel do M\u00e9dio Oriente, principalmente depois da primavera \u00e1rabe. \u00c9 um pa\u00eds com capacidade para avan\u00e7ar. Repete-se que o GUia da rep\u00fablica isl\u00e2mica decide o que quer, mas \u00e9 mais complicado do que isto. H\u00e1 um equil\u00edbrio de for\u00e7as no Ir\u00e3o: a corrente reformadora, o movimento verde de 2009 de que se fala, nem sequer \u00e9 um movimento, \u00e9 uma din\u00e2mica muito forte da sociedade, mas n\u00e3o est\u00e1 organizada, n\u00e3o \u00e9 um partido. Os iranianos que se manifestaram contra Ahmadinejad, em 2009, acabaram por ser espancados, presos e fuzilados.euronews \u2013 Um dos desafios mais importantes para o pa\u00eds, para o regime, \u00e9 evidentemente a quest\u00e3o nuclear. Said Jalili, negociador do programa nuclear iraniano e candidato \u00e0s presidenciais, disse recentemente que, seja quem for o futuro presidente, a pol\u00edtica nuclear n\u00e3o vai mudar e tamb\u00e9m n\u00e3o se vai interromper o enriquecimento de ur\u00e2nio.O que se pode esperar no \u00e2mbito da pol\u00edtica nuclear do regime?BH \u2013 A pol\u00edtica nuclear vai ser a mesma. Todos est\u00e3o de acordo, no Ir\u00e3o, da direita \u00e0 esquerda, sobre o enriquecimento de ur\u00e2nio. At\u00e9 o Benjamin Netanyahu est\u00e1 de acordo e pede apenas que n\u00e3o ultraem os 20%, o que quer dizer que aceita os 3,5% pedidos pelo Ir\u00e3o. Laurent Fabius disse, h\u00e1 uns dias, que aceitaria o enriquecimento de ur\u00e2nio se o Ir\u00e3o aceitasse faz\u00ea-lo sob supervis\u00e3o internacional. Todos est\u00e3o de acordo, salvo os que querem fazer cair o regime iraniano e n\u00e3o pretendem negociar.Pela primeira vez, os iranianos e os norte-americanos aceitaram negociar; h\u00e1 uma vontade real de encontrar uma solu\u00e7\u00e3o para a quest\u00e3o iraniana do nuclear que afeta negativamente a situa\u00e7\u00e3o no M\u00e9dio Oriente, num momento em que a guerra na s\u00edria e a primavera \u00e1rabe colocam quest\u00f5es fundamentais.Estou muito otimista, independentemente do resultado das elei\u00e7\u00f5es iranianas. Em qualquer caso, os americanos e os iranianos est\u00e3o de acordo em encontrar uma sa\u00edda para esta crise que envenena o mundo. euronews \u2013 Tamb\u00e9m \u00e9 otimista sobre o levantamento das san\u00e7\u00f5es? \u00c9 esse o problema principal\u2026Bernard Hourcade \u2013 Exactamente. Agora corresponde aos pa\u00edses ocidentais que impam san\u00e7\u00f5es bilaterais, as san\u00e7\u00f5es da ONU, fazerem um programa para levantar as san\u00e7\u00f5es progressivamente, o que \u00e9 condi\u00e7\u00e3o indispens\u00e1vel para haver acordo entre ambas as partes.N\u00e3o se trata do Ir\u00e3o aceitar tudo e n\u00e3o receber nada. A quest\u00e3o agora \u00e9 o levantamento das san\u00e7\u00f5es e o programa de normaliza\u00e7\u00e3o entre o Ir\u00e3o e os Estados Unidos. Se o cen\u00e1rio se realizar tudo se resolve naturalmente. Esta \u00e9 quest\u00e3o \u00e9 a que est\u00e1 na mesa de negocia\u00e7\u00f5es: ambas as partes disseram que primeiro v\u00e3o estabelecer as condi\u00e7\u00f5es da discuss\u00e3o, o que quer dizer que est\u00e3o de acordo sobre o princ\u00edpio.euronews \u2013 Mas tamb\u00e9m fizeram esses esfor\u00e7os com os reformistas, com Katami, mas n\u00e3o o conseguiram\u2026Bernard Hourcade \u2013 Em 2003, quando os europeus am o acordo com Ir\u00e3o, os norte-americanos estavam absolutamente contra. Os Estados Unidos queriam a queda do regime iraniano, e nada se fez porque os ocidentais n\u00e3o estavam de acordo para chegar a uma solu\u00e7\u00e3o. Havia ainda outro problema, no Ir\u00e3o: Katami e Kamenei tamb\u00e9m estavam em campos opostos. Sabemos perfeitamente que, em tr\u00eas ocasi\u00f5es, Ahmadinedjad chegou a acordo com os Estados Unidos sobre a energia nuclear, mas Kamenei n\u00e3o concordou.Agora, se o presidente e o Guia arem a estar do mesmo lado, com a mesma ideologia ppol\u00edtica, a a haver uma unidade do poder, o que n\u00e3o quer dizer que se torne um para\u00edso, mas ao menos n\u00e3o haver\u00e1 divis\u00f5es internas e em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 pol\u00edtica externa; os Estados Unidos podem imp\u00f4r a sua vontade ao Ir\u00e3o porque a crise econ\u00f3mica exige um verdadeiro consenso.euronews \u2013 Focando de novo a vida pol\u00edtica, com tudo o que sucedeu nos \u00faltimos dois anos entre a Guia Supremo e Ahmadinedjad. Que futuro pol\u00edtico ter\u00e1 Ahmadinedjad depois de todos os problemas que teve com o Guia?Bernard Hourcade \u2013 Com Ahmadineyad engan\u00e1mo-nos muito. 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Hourcade: "No Irão estão todos de acordo com o enriquecimento de urânio"

Hourcade: "No Irão estão todos de acordo com o enriquecimento de urânio"
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O Irão vai eleger um novo presidente e, no mesmo dia 14 de junho, também realiza as eleições municipais. Tendo em conta os violentos confrontos que se seguiram às eleições controversas de Ahmadinejad, à reeleição e questões difíceis como a nuclear e as sanções económicas internacionais sem precedentes impostas contra o Irão, entrevistamos Bernard Hourcade.

Said Kamalid, euronews – É responsável pelo centro de investigação científica em França, geógrafo e especialista no Irão. É também professor da geografia do Irão num Instituto em Paris…que importância tem esta eleição presidencial no Irão?

Bernard Hourcade – Normalmente dizem que as eleições não servem para nada, que estão falsificadas à partida, o que, às vezes, acontece. Mas no Irão, a particularidade é que nunca se conhece o resultado, mesmo com as eleições iranianas a realizarem-se num quadro o jogo político é importante, o debate político é muito importante para o futuro do país, é um grande acontecimento, mesmo se não é comparável às eleições da França, da Bélgica ou da Espanha, por exemplo.

euronews – Inscreveram-se nas listas 686 pessoas. Apenas precisaram de apresentar o certificado de nascimento, fotocópia do bilhete de identidade, 12 fotos e ter mais de 18 anos. Como interpreta isto? Porque se abre a porta ao público?

Bernard Hourcade – Há aqui uma parte de propaganda. O governo e a Constituição permitem que todos os cidadãos possam ser candidatos, o que é bom. Mas também há uma incontestável vontade de participação da população iraniana. Desde a revolução islâmica de 1979 que a população iraniana se habituou a participar na vida política. Às vezes é reprimida, mas participa. Há uma dinâmica política incontestável. O Irão é um país onde o debate político existe e, desta vez, há 686 candidatos, em 2001 houve 1075, se não me engano, há sempre 300, 400, 500. O problema principal é que o Conselho dos Guardiães da Constituição iraniana fazem a seleção e eliminam 99% para manter apenas 4, 5, 6, 10, no máximo. Os critérios são aleatórios.

euronews – Depois do que se ou em 2009, o que vai caracterizar esta eleição? Primeiro, deram-se os confrontos, depois, nestes últimos quatro anos, o país sofreu duras sanções económicas e a questão nuclear continua na ordem do dia. O que vai ser diferente?

BH – Estas são as eleições da maturidade. A república islâmica, há 34 anos, a que todos anunciavam o descalabro,sobrevive, é mesmo o sistema mais estável do Médio Oriente, principalmente depois da primavera árabe. É um país com capacidade para avançar. Repete-se que o GUia da república islâmica decide o que quer, mas é mais complicado do que isto. Há um equilíbrio de forças no Irão: a corrente reformadora, o movimento verde de 2009 de que se fala, nem sequer é um movimento, é uma dinâmica muito forte da sociedade, mas não está organizada, não é um partido. Os iranianos que se manifestaram contra Ahmadinejad, em 2009, acabaram por ser espancados, presos e fuzilados.

euronews – Um dos desafios mais importantes para o país, para o regime, é evidentemente a questão nuclear. Said Jalili, negociador do programa nuclear iraniano e candidato às presidenciais, disse recentemente que, seja quem for o futuro presidente, a política nuclear não vai mudar e também não se vai interromper o enriquecimento de urânio.
O que se pode esperar no âmbito da política nuclear do regime?

BH – A política nuclear vai ser a mesma. Todos estão de acordo, no Irão, da direita à esquerda, sobre o enriquecimento de urânio. Até o Benjamin Netanyahu está de acordo e pede apenas que não ultraem os 20%, o que quer dizer que aceita os 3,5% pedidos pelo Irão.
Laurent Fabius disse, há uns dias, que aceitaria o enriquecimento de urânio se o Irão aceitasse fazê-lo sob supervisão internacional.
Todos estão de acordo, salvo os que querem fazer cair o regime iraniano e não pretendem negociar.
Pela primeira vez, os iranianos e os norte-americanos aceitaram negociar; há uma vontade real de encontrar uma solução para a questão iraniana do nuclear que afeta negativamente a situação no Médio Oriente, num momento em que a guerra na síria e a primavera árabe colocam questões fundamentais.
Estou muito otimista, independentemente do resultado das eleições iranianas. Em qualquer caso, os americanos e os iranianos estão de acordo em encontrar uma saída para esta crise que envenena o mundo.

euronews – Também é otimista sobre o levantamento das sanções? É esse o problema principal…

Bernard Hourcade – Exactamente. Agora corresponde aos países ocidentais que impam sanções bilaterais, as sanções da ONU, fazerem um programa para levantar as sanções progressivamente, o que é condição indispensável para haver acordo entre ambas as partes.
Não se trata do Irão aceitar tudo e não receber nada.
A questão agora é o levantamento das sanções e o programa de normalização entre o Irão e os Estados Unidos. Se o cenário se realizar tudo se resolve naturalmente. Esta é questão é a que está na mesa de negociações: ambas as partes disseram que primeiro vão estabelecer as condições da discussão, o que quer dizer que estão de acordo sobre o princípio.

euronews – Mas também fizeram esses esforços com os reformistas, com Katami, mas não o conseguiram…

Bernard Hourcade – Em 2003, quando os europeus am o acordo com Irão, os norte-americanos estavam absolutamente contra.
Os Estados Unidos queriam a queda do regime iraniano, e nada se fez porque os ocidentais não estavam de acordo para chegar a uma solução.
Havia ainda outro problema, no Irão: Katami e Kamenei também estavam em campos opostos. Sabemos perfeitamente que, em três ocasiões, Ahmadinedjad chegou a acordo com os Estados Unidos sobre a energia nuclear, mas Kamenei não concordou.
Agora, se o presidente e o Guia arem a estar do mesmo lado, com a mesma ideologia ppolítica, a a haver uma unidade do poder, o que não quer dizer que se torne um paraíso, mas ao menos não haverá divisões internas e em relação à política externa; os Estados Unidos podem impôr a sua vontade ao Irão porque a crise económica exige um verdadeiro consenso.

euronews – Focando de novo a vida política, com tudo o que sucedeu nos últimos dois anos entre a Guia Supremo e Ahmadinedjad. Que futuro político terá Ahmadinedjad depois de todos os problemas que teve com o Guia?

Bernard Hourcade – Com Ahmadineyad enganámo-nos muito. Não é nenhum louco ultraconservador, de facto não é conservador, pelo contrário, é mais bem dinâmico. Talvez seja reacionário, mas é uma pessoa hiperativa e empreendeu reformas económicas no Irão extremamente duras mas felicitadas pelo Fundo Monetário Internacional.

Em várias ocasiões, procurou chegar a acordo com os Estados Unidos sobre o programa nuclear. E pelo que vejo, atualmente, há uma oposição interna entre o Irão popular das províncias, das aldeias e das zonas rurais, dos que se sentem esquecidos pela verdadeira aristocracia da revolução, tanto dos reformadores, como dos conservadores ou dos antigos guardiães da revolução, que constituem o pilar da república islâmica.

Talvez tenhamos agora uma segunda fase, de rutura social e de uma revolução, uma mudança que inclua os deserdados do Irão por oposição à verdadeira aristocracia ou burguesía que enriqueceu muito nos últimos anos.

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