Forças de Defesa de Israel já confirmaram que abriram fogo contra "suspeitos" nas imediações de centro de distribuição de ajuda em Rafah.
Pelo menos 27 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas na sequência de fogo israelita num centro de distribuição de ajuda em Rafah, avança fonte do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. O último balanço aponta para, pelo menos, 161 feridos.
Em comunicado, as Forças de Defesa de Israel confirmaram que as suas tropas dispararam depois de terem identificado "suspeitos" a cerca de 500 metros de um centro de distribuição de ajuda.
Dizem ter efetuado primeiro "disparos de aviso" mas, quando os suspeitos não recuaram, "tiros adicionais foram direcionados perto de alguns suspeitos que avançaram na direção das tropas".
O comunicado refere ainda que as forças israelitas estão a par dos relatos de vítimas e que "os detalhes do incidente estão a ser analisados".
Este é já o terceiro dia consecutivo de incidentes semelhantes, numa altura em que Israel tenta impor um novo regime de distribuição de ajuda na Faixa de Gaza, depois de ter bloqueado durante semanas a entrada de bens no enclave palestiniano.
O novo regime assenta em pontos de distribuição de ajuda, criados dentro das zonas militares israelitas, um sistema que Israel diz ter sido concebido para contornar o Hamas. As Nações Unidas rejeitaram o novo sistema, afirmando que não resolve a crescente crise de fome em Gaza e permite que Israel utilize a ajuda como uma arma.
Ataques contra civis são "crime de guerra" avisa ONU
A ONU já veio condenar os recentes ataques com o chefe da organização para os direitos humanos a apelar à realização de investigações independentes sobre os assassinatos ocorridos nos últimos dias, junto aos centros de distribuição.
Os ataques contra “civis que tentam aceder às míseras quantidades de ajuda alimentar em Gaza” são “inconcebíveis”, afirmou Volker Türk em comunicado: “Os ataques dirigidos contra civis constituem uma grave violação do direito internacional e um crime de guerra”.
“Aos palestinianos foi apresentada a mais terrível das escolhas: morrer de fome ou arriscar-se a ser morto ao tentar aceder aos escassos alimentos que estão a ser disponibilizados através do mecanismo militarizado de assistência humanitária de Israel”, afirmou.
O Ministério da Saúde de Gaza, dirigido pelo Hamas, afirma que 40 pessoas foram mortas e 208 ficaram feridas nas últimas 24 horas em todo o enclave.
Os últimos números elevam o número total de pessoas mortas desde 7 de outubro de 2023 para 54 510 e o de feridos para 124 901, segundo a autoridade.
Três oldados israelitas mortos no norte de Gaza
O exército israelita declarou entretanto que três dos seus soldados foram mortos no norte de Gaza.
O exército disse que os três soldados, todos na casa dos 20 anos, caíram durante o combate na segunda-feira, sem fornecer detalhes. Os meios de comunicação social israelitas informaram que foram mortos numa explosão na zona de Jabaliya.
Israel pôs fim ao cessar-fogo depois de o Hamas se ter recusado a alterar o acordo para libertar mais reféns mais cedo. Desde então, os ataques israelitas mataram milhares de palestinianos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
Israel impôs também um bloqueio total às importações de alimentos e outros produtos durante dois meses e meio, o que levou a alertas de fome antes de as restrições serem levantadas, em maio.