{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/next/2020/12/07/cientistas-voltam-atras-no-tempo-para-salvar-ecossistemas-marinhos" }, "headline": "Cientistas voltam atr\u00e1s no tempo para salvar ecossistemas marinhos", "description": "Investigadores de um projeto europeu de investiga\u00e7\u00e3o est\u00e3o a avaliar a resist\u00eancia de plantas subaqu\u00e1ticas \u00e0s altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas e \u00e0 polui\u00e7\u00e3o para poderem restaurar ecossistemas marinhos.", "articleBody": "A entrada em 2021 \u00e9 um horizonte quase palp\u00e1vel e, na Uni\u00e3o Europeia, representa j\u00e1 o desenvolvimento de um quadro de a\u00e7\u00f5es com vista a encontrar respostas para os principais desafios do nosso tempo. 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Cientistas voltam atrás no tempo para salvar ecossistemas marinhos

Em parceria comThe European Commission
Cientistas voltam atrás no tempo para salvar ecossistemas marinhos
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De Julian GOMEZEuronews
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Investigadores de um projeto europeu de investigação estão a avaliar a resistência de plantas subaquáticas às alterações climáticas e à poluição para poderem restaurar ecossistemas marinhos.

A entrada em 2021 é um horizonte quase palpável e, na União Europeia, representa já o desenvolvimento de um quadro de ações com vista a encontrar respostas para os principais desafios do nosso tempo.

Cinco missões dão forma a esta iniciativa, no âmbito do "Horizonte Europa", o programa de investimento em investigação e inovação da UE, vigente até 2027: cidades neutras em carbono e inteligentes, saúde dos solos e alimentação, adaptação às alterações climáticas, luta contra o cancro e a proteção dos nossos oceanos e águas interiores.

O futuro dos ecossistemas marinhos

Os nossos mares, oceanos, zonas costeiras, glaciares e águas interiores produzem cerca de metade do oxigénio que respiramos e fornecem 16% das proteínas animais que consumimos.

Mas estes ecossistemas ricos e frágeis estão sob a ameaça das alterações climáticas, da poluição, da sobrepesca e da pressão do turismo.

O grande desafio é proteger estes ambientes preservando simultaneamente o valor socioeconómico que representam.

"Se deitar fora uma garrafa de plástico no cume do Mont-Blanc, há 60% de probabilidades de que alguns anos mais tarde ela acabe no Mar Mediterrâneo. Estamos a lidar com um sistema ambiental complexo. Temos de fazer muitas coisas em muitas direções diferentes. Precisamos, por exemplo, de aumentar seriamente o volume das áreas marinhas protegidas. Já temos algumas na União Europeia, mas precisamos de ir mais além. O nosso objetivo é que até 2030 cerca de 30 % da nossa superfície aquática total esteja protegida. Isto vai implicar um enorme esforço", afirma o diretor da missão, Pascal Lamy.

Para que tal aconteça, "precisamos também de equipar sistematicamente os nossos barcos de pesca com ferramentas de geolocalização para os podermos localizar e impedir a sobrepesca, porque sabemos que atualmente existe uma grande quantidade de sobrepesca.

E precisamos de desenvolver motores limpos para todo o tipo de dispositivos flutuantes nos mares e oceanos. Especialmente em zonas costeiras: ferries ou navios costeiros, porque é menos complicado do ponto de vista energético do que os grandes transportadores marítimos intercontinentais".

Cientistas querem voltar atrás no tempo

Em Bagnoli, Itália, uma fábrica de aço com dois milhões de metros quadrados atingiu o auge da produção no século XX. Foi encerrada em 1992, quando já era demasiado tarde para o ambiente marinho circundante.

Derrames de arsénico, mercúrio, cromo, chumbo e outros metais pesados transformaram o rico ecossistema subaquático previamente existente num terreno baldio.

Os investigadores querem agora fazer o relógio voltar atrás e estão a criar no local jardins subaquáticos de alguns dos prósperos habitats que foram dizimados.

Este restauro da flora marinha inclui certas algas e corais, assim como a posidonia oceanica, uma planta marinha ameaçada de extinção e endémica do Mar Mediterrâneo.

Plantas revelam mecanismos de defesa

O biólogo marinho da estação Anton Dohrn, Luigi Musco, fez parte do grupo de cientistas que teve de intervir "para salvar este importante habitat da posidonia". O trabalho consistiu em "aumentar a qualidade ecológica desta área", uma vez que "o restauro de posidonia vai trazer de volta uma nova biodiversidade, um valor acrescentado a estas águas". O objetivo, diz, "é viajar no tempo até ao que era esta área, do ponto de vista da biodiversidade, antes do início do século XX".

A posidonia absorve dióxido de carbono e liberta oxigénio. Vive em profundidades máximas de aproximadamente 35 metros.

Os cientistas deste projeto europeu de investigação estudam de perto a biologia da planta para compreender como pode ajudar a recolonizar os habitats marinhos, mas também como está atualmente a lidar com outras ameaças à sobrevivência, incluindo o aumento da temperatura da água.

"Na realidade, a posidonia é mais forte do que o que esperávamos quando começámos a nossa investigação. A fim de garantir a própria sobrevivência, a planta pode desencadear uma série de mecanismos biológicos e metabólicos de reação ao excesso de calor na temperatura da água devido às alterações climáticas. Estamos a estudar qual é o limite da resposta da planta: a partir de que temperatura tem de estar a água para pôr em risco o crescimento da posidonia e as hipóteses de sobrevivência", conta Gabirele Procaccini, também ele biólogo marinho de Anton Dohrn.

Alterações climáticas afetam reprodução das plantas

A investigação inclui a reabilitação dos ecossistemas marinhos formados pelas algas cystoseira, igualmente ameaçadas no Mediterrâneo devido à poluição, à pressão humana e às alterações climáticas.

Os cientistas querem compreender como é que a taxa de fertilização desta espécie em particular é afetada pelas águas mais quentes.

Até ao momento, revela a ecologista marinha Erika Fabbrizzi, conseguiram avaliar "que o aumento da temperatura da água altera completamente o ciclo vital desta espécie específica de algas. Descobrimos que as algas entram em modo reprodutivo nas estações em que não devem. E isso significa que os rebentos jovens são obrigados a crescer numa estação que não é apropriada para eles e por isso não conseguem crescer até à idade adulta".

Reabilitação da flora marinha pode levar centenas de anos

Nos últimos anos, 70% dos mares e oceanos do mundo têm sofrido uma diminuição acentuada da biodiversidade.

Os recursos básicos de mil milhões de pessoas dependem dos oceanos, mares e águas interiores.

Os investigadores defendem que os restauros subaquáticos podem ajudar a proteger este equilíbrio Mas os desafios são enormes.

O biólogo marinho e coordenador do projeto, Roberto Danovaro, explica que, tal como o processo de restauro da floresta amazónica precisaria de dezenas de anos para ser concluído, também "debaixo de água, algumas atividades de restauro, tais como com florestas de macroalgas, levam mais ou menos no mesmo espaço de tempo. Mas quando estamos a lidar com recifes de coral de águas profundas, ou aglomerados de coral branco, eles precisam efetivamente de centenas de anos para voltar a crescer".

A par dos habitats costeiros, os investigadores querem reabilitar os fundos marinhos pouco profundos e os ecossistemas de águas profundas.

Os ambientes marinhos são generosos, quando se lhes dá uma pequena ajuda. O fenómeno surpreendeu os cientistas, tal como a Luigi Musco.

"Não pensávamos que a posidonia, por exemplo, fosse capaz de sobreviver nesta área, dada a enorme quantidade de poluentes presentes debaixo de água. Mas aprendemos que a planta é capaz de resistir. É óbvio que a planta não pode ser tão saudável como num local totalmente limpo. Mas não desiste. Portanto, estamos agora certos de que as nossas técnicas podem permitir o restauro da espécie. E como isto é basicamente ciência fundamental, a pouco e pouco vamos aprendendo cada vez mais".

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