Apesar de confessar ter "muito orgulho" no partido que liderou, o secretário-geral do Partido Socialista deixou claro que não quer ser "um estorvo" e anunciou que vai pedir eleições internas, informando que não se recandidata.
O Partido Socialista (PS) foi um dos principais derrotados das eleições legislativas antecipadas e as consequências não demoraram. Pedro Nuno Santos sucumbiu a uma perda de cerca de 420 mil votos e 20 deputados face ao último ato eleitoral, tendo acabado por anunciar que abandona a liderança do PS.
“Nós não provocámos estas eleições, mas queríamos vencê-las. O povo português falou com clareza e nós, como sempre fizemos ao longo da nossa história, respeitamos o povo português. Que Luís Montenegro saiba honrar a confiança que os portugueses lhe deram nestas eleições”, começou por afirmar o líder demissionário do PS.
Reconhecendo os "tempos duros e difíceis para a esquerda e para o PS", Pedro Nuno Santos disse valorizar "ainda mais cada voto, cada apoio" ao longo das duas semanas de campanha num "partido que estava unido", antes de explicar as razões da saída.
“A mim não me cabe o papel de ser e desse governo [AD] e creio que esse papel também não deve caber ao PS. E as razões são curtas, tal como dissemos durante a campanha: Luís Montenegro não tem a idoneidade necessária para o cargo de primeiro-ministro e as eleições não alteraram essa realidade; Luís Montenegro lidera um governo que falhou a vários níveis no último ano; o PSD apresentou um programa que vai contra os princípios e os valores do PS", esclareceu.
Pedro Nuno Santos avisou que a extrema direita, que "cresceu muito", se tornou mais "violenta", devendo por isso ser "combatida sem complacência, com coragem e com firmeza", ao mesmo tempo que disse estar orgulhoso do partido que liderou e de todos com quem trabalhou.
“Acho que honrei a história do partido”, declarou para depois dar a conhecer a decisão tomada.
“Assumo as minhas responsabilidades como líder do PS. Vou por isso pedir eleições internas à Comissão Nacional – teremos comício nacional no próximo sábado – às quais não serei candidato", anunciou.
A fechar o discurso no Hotel Altis perante uma plateia que o aplaudiu longa e vigorosamente, Pedro Nuno Santos fez questão de citar Mário Soares. “Só é vencido quem desiste de lutar. E eu não desistirei de lutar", concluiu.