Habitantes de Kiev reagiram ao acordo com emoções contraditórias, com alguns a esperarem que seja benéfico para a Ucrânia, enquanto outros o encararam como uma forma de imperialismo, com Washington a capitalizar a necessidade urgente da Ucrânia de continuar a receber apoio dos EUA.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, sublinhou na quinta-feira que o acordo sobre minerais assinado com os Estados Unidos foi o resultado de negociações que resultaram num "acordo verdadeiramente igualitário".
No seu discurso noturno, sublinhou que o acordo não prevê qualquer obrigação de reembolso da anterior assistência dos EUA a Kiev.
Após vários meses de intensas discussões, os EUA e a Ucrânia concluíram um acordo que deverá conceder a Washington o aos minerais essenciais da Ucrânia e a outros recursos naturais, um acordo que Kiev espera que assegure um apoio sustentado à sua defesa contra a Rússia.
Responsáveis ucranianos declararam que o acordo assinado na quarta-feira é significativamente mais vantajoso para a Ucrânia do que as versões anteriores, que, segundo eles, relegavam Kiev para um papel subordinado e concediam a Washington um controlo extraordinário sobre os recursos do país.
Este acordo, que aguarda ratificação pelo parlamento ucraniano, criará um fundo de reconstrução para a Ucrânia, que os ucranianos acreditam que facilitará o apoio militar americano contínuo.
Uma versão anterior deste acordo esteve quase a ser concluída, mas acabou por não ser assinada após uma reunião controversa na Sala Oval que incluiu o presidente dos EUA, Donald Trump, o vice-presidente JD Vance e o presidente Zelenskyy.
Reações dos ucranianos ao acordo
Na quinta-feira, os habitantes de Kiev reagiram ao acordo sobre o minério entre os EUA e a Ucrânia com sentimentos contraditórios.
"Qualquer notícia é difícil de aceitar, quer se trate de negociações ou de qualquer outra coisa. Continuo a acreditar e a esperar que qualquer ação produza algum resultado que conduza a nossa Ucrânia à vitória. Só a vitória", disse Diana Abramova, uma residente de Kiev.
Apesar de não conhecer os pormenores do acordo, a professora universitária Natalia Vysotska, de 74 anos, mostrou-se otimista, afirmando que "se foi assinado, então os nossos peritos devem ter comparado os prós e os contras. Espero que seja benéfico".
Mas outros sentiram-se mais derrotados. Para Iryna Vasylevska, de 37 anos, o acordo serviu para lembrar mais uma vez que "a nossa terra é apenas uma moeda de troca para o resto do mundo e que não temos a nossa própria proteção total", disse.
"A minha visão é que, em vez de nos fortalecermos, continuamos a dar tudo", acrescentou. "Sinto-me muito mal com o facto de os nossos recursos humanos na guerra serem considerados como carne. Tenho a certeza de que existem outros acordos possíveis, exceto aqueles que nos tornarão pobres em todas as áreas".
O acordo é alcançado numa altura em que o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, descreveu como "muito crítica" para as iniciativas de Washington destinadas a resolver o conflito, que parecem ter chegado a um ime.
A Ucrânia encara este acordo como um meio de garantir que o seu aliado mais importante e influente continua envolvido e não retira a assistência militar, que tem sido crucial na sua luta atual contra a invasão total da Rússia nos últimos três anos.