O primeiro-ministro espanhol confirmou o aumento do investimento em segurança e defesa este ano, após a reunião de terça-feira do Conselho de Ministros.
Pedro Sánchez compareceu numa conferência de imprensa, esta terça-feira, após a reunião do Conselho de Ministros, para apresentar em pormenor o Plano de Segurança e Defesa aprovado pelo seu governo. O plano será agora enviado para Bruxelas e será avaliado pela União Europeia e pela NATO.
O investimento total que o Estado espanhol fará em defesa, segundo Sánchez na terça-feira, será de 10,4 mil milhões de euros. Este orçamento será utilizado para implementar várias linhas de trabalho, incluindo uma expansão das Forças Armadas, melhorando e modernizando as suas ferramentas e armas, e a criação de um escudo digital. Defendeu também a reindustrialização, como afirmou no Congresso no final de março: "O objetivo deste projeto é dar um novo salto tecnológico e industrial".
Tal como solicitado pela Aliança Atlântica Norte, Espanha junta-se ao aumento do investimento na defesa, no meio da intensificação da guerra na Ucrânia. "Só a Europa saberá como proteger a Europa", afirmou Sánchez, que excluiu a hipótese de um aumento de impostos para o aumento do orçamento, que atingirá 2% do Produto Interno Bruto (PIB).
De onde virá o dinheiro?
"Não vai afetar os bolsos dos cidadãos", afirmou categoricamente Sánchez. "O dinheiro virá dos Fundos de Resiliência, das poupanças do Governo graças ao crescimento económico, da margem que nos é dada por itens que foram incluídos no Orçamento de 2023 e que já não são necessários; isto financiará o exercício financeiro de 2025 sem incorrer num maior défice ou dívida pública", explicou.
A despesa corrente do Executivo nesta área é atualmente de 1,4% e estava previsto chegar aos 2% em 2029, pelo que o investimento foi acelerado, algo que também tinha sido pedido pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que defende umaumento até 5% em todos os países membros da NATO.
Sem Orçamento de Estado
Este aumento da despesa acontece apesar de o Orçamento Geral do Estado (OGE) não ter sido aprovado e ter sido prorrogado. Em março, a Moncloa garantiu que iria aumentar as despesas com a defesa, como disse à Euronews o porta-voz do PSOE no Congresso. No entanto, não foi definido um valor exato.
O Partido Popular vai apresentar-se esta tarde no Senado para pedir ao Executivo que apresente uma nova PGE e que as despesas hoje aprovadas em Conselho de Ministros sejam canalizadas através de novas contas públicas.
O aumento do investimento em segurança faz parte do Plano Nacional de Desenvolvimento e Promoção da Tecnologia e Indústria de Defesa, uma estratégia alinhada com as ambições de investimento da Comissão Europeia, que pediu aos Estados membros para se mobilizarem para o rearmamento continental. O plano foi anunciado na Câmara dos Deputados, indicando que seria lançado este verão, mas acabou por chegar mais cedo.
Durante o seu discurso, recordou brevemente o Papa Francisco, sublinhando que "foi um amigo de Espanha e uma referência moral para milhões de pessoas que defenderam a luta contra a pobreza, uma visão humanista das migrações, contra a intolerância e contra as alterações climáticas".