Inicialmente, os procuradores consideraram acusar o proprietário da quinta de homicídio por negligência, mas agravaram a acusação para homicídio doloso, argumentando que estava ciente de que as suas ações poderiam causar a morte de um trabalhador gravemente ferido por uma máquina.
A maior confederação sindical de Itália anunciou que vai juntar-se ao processo contra o proprietário de uma quinta acusado de ass um trabalhador migrante indiano que sangrou até à morte em junho do ano ado.
A Confederazione Generale Italiana del Lavoro (CGIL) vai juntar-se ao processo como queixoso civil, segundo o secretário-geral Maurizio Landini.
Satnam Singh, de 31 anos, foi ferido mortalmente quando trabalhava com maquinaria pesada num campo de vegetais em Latina, uma província agrícola a sul de Roma. O proprietário da quinta, Antonello Lovato, de 39 anos, não chamou uma ambulância depois de Singh ter sofrido um corte no braço.
Lovato é acusado de ter abandonado Singh enquanto este estava ferido e a sangrar. Os procuradores consideraram inicialmente acusar Lovato de homicídio por negligência, mas aumentaram a acusação para homicídio doloso, argumentando que Lovato tinha consciência de que as ações que praticou poderiam causar a morte.
O julgamento deverá prolongar-se até maio. Na sessão de abertura, na terça-feira, Lovato disse que "perdeu a cabeça" quando encontrou Singh, que estava a trabalhar ilegalmente no país, com ferimentos.
"Eu não estava em mim. Não queria que ele morresse", afirmou, segundo a agência noticiosa ANSA.
A ministra italiana do Trabalho, Marina Calderone, classificou a morte de Singh como um "ato de barbárie". Desde então, o Ministério do Trabalho prometeu tomar novas medidas contra a exploração laboral, incluindo a luta contra o sistema de emprego ilegal que opera em Itália, conhecido como "caporalato".
Manifestações no exterior do tribunal
No exterior do tribunal, dezenas de sindicalistas manifestaram-se contra o sistema de trabalho migrante mal pago no sector agrícola italiano.
"Penso que o que aconteceu era evidente para todos", disse Landini à multidão.
"Tal como a lógica de exploração conhecida como 'caporalato', que permite que as pessoas sejam tratadas como mercadoria, como peças de uma máquina que pode ser facilmente comprada e vendida pelo preço mais baixo. E eu insisto que é essa cultura que precisa de ser mudada".
"Pensamos que é importante procurar a justiça, sobretudo para pôr em marcha tudo o que é necessário para mudar a forma de fazer negócios para que episódios como este não se repitam", disse Landini.
"Não achamos que este seja um caso isolado. É um erro pensar que este problema pode ser resolvido com este julgamento. Estamos preocupados porque a época está a começar de novo".
A exploração de trabalhadores agrícolas migrantes é uma questão que se arrasta há muito tempo em Itália. Num outro caso, em julho ado, a polícia italiana anunciou que tinha libertado dezenas de trabalhadores agrícolas indianos de condições de trabalho de escravatura no norte de Itália.
Os trabalhadores eram alegadamente obrigados a trabalhar mais de 10 horas por dia, sete dias por semana, recebendo apenas um magro salário que era depois utilizado para pagar dívidas aos seus alegados patrões.