{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/my-europe/2025/02/17/lideres-europeus-sem-acordo-quanto-a-missao-de-manutencao-da-paz-na-ucrania" }, "headline": "L\u00edderes europeus sem acordo quanto \u00e0 miss\u00e3o de manuten\u00e7\u00e3o da paz na Ucr\u00e2nia", "description": "Uma cimeira informal em Paris entre os l\u00edderes europeus terminou sem qualquer an\u00fancio concreto, uma vez que a ideia de enviar tropas de manuten\u00e7\u00e3o da paz para a Ucr\u00e2nia continua a suscitar grandes divis\u00f5es.", "articleBody": "Os l\u00edderes europeus prometeram, esta segunda-feira, continuar a apoiar conjuntamente a Ucr\u00e2nia face \u00e0 invas\u00e3o russa, mas n\u00e3o deram quaisquer novas garantias de seguran\u00e7a que pudessem fazer a diferen\u00e7a no contexto do impulso de Donald Trump para lan\u00e7ar negocia\u00e7\u00f5es com a R\u00fassia.A inten\u00e7\u00e3o declarada de Trump de chegar a um acordo para resolver a guerra de tr\u00eas anos nas pr\u00f3ximas semanas abalou profundamente a Europa e alimentou o receio de que pudesse conduzir a concess\u00f5es dolorosas para Kiev e deixar o continente vulner\u00e1vel ao expansionismo do Kremlin.A Casa Branca enviou um question\u00e1rio aos aliados europeus perguntando-lhes, entre outras coisas, se estariam dispostos a enviar soldados de manuten\u00e7\u00e3o da paz para o pa\u00eds devastado pela guerra.O presidente franc\u00eas Emmanuel Macron j\u00e1 tinha manifestado a sua abertura a este cen\u00e1rio. Na segunda-feira, o primeiro-ministro brit\u00e2nico Keir Starmer deixou claro que estava pronto para fazer o mesmo, desde que os Estados Unidos fornecessem apoio.\u0022Estou preparado para considerar a possibilidade de colocar for\u00e7as brit\u00e2nicas no terreno, juntamente com outras, se houver um acordo de paz duradouro. 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Uma paz que respeite a sua independ\u00eancia, soberania e integridade territorial, com fortes garantias de seguran\u00e7a\u0022, afirmaram von der Leyen e Costa numa mensagem coordenada.\u0022A Europa assume a sua quota-parte na assist\u00eancia militar \u00e0 Ucr\u00e2nia. Ao mesmo tempo, precisamos de um aumento da defesa na Europa\u0022.A cimeira foi marcada como rea\u00e7\u00e3o ao telefonema entre Donald Trump e Vladimir Putin na semana ada, em que ambos os l\u00edderes concordaram em iniciar negocia\u00e7\u00f5es para acabar com a guerra \u0022imediatamente\u0022. A conversa quebrou o esfor\u00e7o de tr\u00eas anos do Ocidente para isolar Putin, acusado de crimes de guerra, e provocou uma rea\u00e7\u00e3o r\u00e1pida entre os europeus, que a consideraram uma exclus\u00e3o do processo diplom\u00e1tico.Keith Kellogg, enviado especial dos EUA para a Ucr\u00e2nia e R\u00fassia, confirmou mais tarde que a Europa seria consultada ao longo das negocia\u00e7\u00f5es, mas que acabaria por n\u00e3o ter um lugar \u00e0 mesa. Kellogg acrescentou que estava a trabalhar no \u0022tempo de Trump\u0022 e que o presidente americano esperava ter um projeto de acordo numa quest\u00e3o de \u0022dias e semanas\u0022.O Presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy afirmou que n\u00e3o aceitaria \u0022acordos feitos nas nossas costas sem o nosso envolvimento\u0022 e apoiou a inclus\u00e3o da Europa nas conversa\u00e7\u00f5es. A R\u00fassia, no entanto, disse que preferia manter os europeus fora da sala.\u0022N\u00e3o sei o que \u00e9 que eles v\u00e3o fazer \u00e0 mesa das negocia\u00e7\u00f5es. Se tentam impor ideias manhosas sobre o congelamento do conflito, enquanto eles pr\u00f3prios t\u00eam em mente a continua\u00e7\u00e3o da guerra, ent\u00e3o porqu\u00ea convid\u00e1-los?\u0022 disse Serguei Lavrov, ministro dos Neg\u00f3cios Estrangeiros da R\u00fassia, esta segunda-feira.Lavrov, que est\u00e1 sob san\u00e7\u00f5es da UE, dever\u00e1 reunir-se com o secret\u00e1rio de Estado dos EUA, Marco Rubio, esta ter\u00e7a-feira, na Ar\u00e1bia Saudita, sendo a primeira vez que altos funcion\u00e1rios dos EUA e da R\u00fassia se encontraram pessoalmente desde a invas\u00e3o russa em grande escala. Rubio ser\u00e1 acompanhado por Mike Waltz, conselheiro de seguran\u00e7a nacional, e Steve Witkoff, enviado para o M\u00e9dio Oriente.As conversa\u00e7\u00f5es entre os EUA e a R\u00fassia \u0022n\u00e3o produzir\u00e3o resultados\u0022, disse Zelenskyy durante uma visita aos Emirados \u00c1rabes Unidos. Zelenskyy deslocar-se-\u00e1 \u00e0 Ar\u00e1bia Saudita na quarta-feira.O ritmo acelerado das negocia\u00e7\u00f5es colocou a Europa no limite e provocou uma onda de atividade diplom\u00e1tica para mostrar unidade pol\u00edtica e determina\u00e7\u00e3o renovada.A istra\u00e7\u00e3o Trump deixou claro que espera que a Europa assuma a maior parte do apoio futuro \u00e0 Ucr\u00e2nia, tanto militar como financeiro. 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Líderes europeus sem acordo quanto à missão de manutenção da paz na Ucrânia

Os líderes europeus reuniram-se em Paris para debater a guerra da Rússia contra a Ucrânia.
Os líderes europeus reuniram-se em Paris para debater a guerra da Rússia contra a Ucrânia. Direitos de autor European Union, 2025.
Direitos de autor European Union, 2025.
De Jorge LiboreiroVideo by Aida Sanchez
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Uma cimeira informal em Paris entre os líderes europeus terminou sem qualquer anúncio concreto, uma vez que a ideia de enviar tropas de manutenção da paz para a Ucrânia continua a suscitar grandes divisões.

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Os líderes europeus prometeram, esta segunda-feira, continuar a apoiar conjuntamente a Ucrânia face à invasão russa, mas não deram quaisquer novas garantias de segurança que pudessem fazer a diferença no contexto do impulso de Donald Trump para lançar negociações com a Rússia.

A intenção declarada de Trump de chegar a um acordo para resolver a guerra de três anos nas próximas semanas abalou profundamente a Europa e alimentou o receio de que pudesse conduzir a concessões dolorosas para Kiev e deixar o continente vulnerável ao expansionismo do Kremlin.

A Casa Branca enviou um questionário aos aliados europeus perguntando-lhes, entre outras coisas, se estariam dispostos a enviar soldados de manutenção da paz para o país devastado pela guerra.

O presidente francês Emmanuel Macron já tinha manifestado a sua abertura a este cenário. Na segunda-feira, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer deixou claro que estava pronto para fazer o mesmo, desde que os Estados Unidos fornecessem apoio.

"Estou preparado para considerar a possibilidade de colocar forças britânicas no terreno, juntamente com outras, se houver um acordo de paz duradouro. Mas tem de haver apoio por parte dos EUA, porque uma garantia de segurança dos EUA é a única forma de dissuadir eficazmente a Rússia de voltar a atacar a Ucrânia", disse Starmer no final de uma cimeira de emergência em Paris.

"Temos de reconhecer a nova era em que nos encontramos e não nos agarrarmos irremediavelmente aos confortos do ado. É altura de assumirmos a responsabilidade pela nossa segurança, pelo nosso continente".

A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, disse que o seu país estava "aberto" à ideia da manutenção da paz, mas alertou para o facto de existirem "muitas questões" que necessitam de resposta.

"Uma coisa muito importante é saber como é que os norte-americanos vão encarar estas questões", afirmou. "Será que vão apoiar os europeus no caso de haver botas no terreno?"

Friedriksen afirmou ainda que "um cessar-fogo não é automaticamente paz e não é automaticamente uma paz duradoura" e apelou aos países europeus para que "intensifiquem" a sua ajuda à Ucrânia, de forma a colocar o país na "melhor posição possível" para futuras negociações.

O chanceler alemão Olaf Scholz foi muito mais crítico, afirmando que qualquer discussão sobre as forças de manutenção da paz era "completamente prematura" e "altamente inadequada" no momento atual, uma vez que a guerra ainda continua com toda a sua brutalidade. "Estou até um pouco irritado com estes debates", disse Scholz depois de abandonar a reunião.

Scholz saudou a perspetiva de conversações de paz, mas advertiu contra a imposição de uma "paz ditada" à Ucrânia. Scholz também sublinhou a necessidade de manter uma frente ocidental unida contra o Kremlin. Os aliados têm sido abalados pelas recentes sugestões da Casa Branca de que poderá em breve começar a retirar as tropas americanas de solo europeu.

"Não deve haver divisão de segurança e de responsabilidades entre a Europa e os EUA, o que significa que a NATO se baseia no facto de agirmos sempre em conjunto, de corrermos riscos em conjunto e de garantirmos assim a nossa segurança", disse Scholz aos jornalistas.

"Isso não deve ser posto em causa. Temos de ter isso em mente".

O primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez insistiu que qualquer acordo entre a Ucrânia e a Rússia não deve "cometer os mesmos erros do ado" e permitir que Vladimir Putin volte a anexar território estrangeiro no futuro. Sánchez afirmou que os esforços para restaurar a paz "devem reforçar o projeto europeu e a ordem multilateral".

"Ainda não temos as condições de paz para começar a pensar neste modelo", disse Sánchez quando questionado sobre se Espanha se comprometeria a colocar botas no terreno. "Qualquer garantia de segurança tem de ser uma responsabilidade partilhada por todos os aliados", acrescentou.

Antes da reunião, o chefe do governo da Polónia, Donald Tusk, tinha excluído a possibilidade de enviar soldados polacos para a Ucrânia no âmbito de uma missão de manutenção da paz. A Polónia é o líder da NATO em termos de fatia do PIB consagrada à defesa, o que tem sido elogiado pela istração Trump.

"Não tencionamos enviar soldados polacos para o território da Ucrânia, mas apoiaremos, também em termos logísticos e de apoio político, os países que eventualmente queiram dar essas garantias no futuro", afirmou Tusk antes de partir para Paris.

Cimeira de emergência

A reunião em Paris, organizada por Macron, contou também com a presença da italiana Giorgia Meloni, do neerlandês Dick Schoof, da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, do presidente do Conselho Europeu, António Costa, e do secretário-geral da NATO, Mark Rutte.

"Hoje, em Paris, reafirmámos que a Ucrânia merece a paz através da força. Uma paz que respeite a sua independência, soberania e integridade territorial, com fortes garantias de segurança", afirmaram von der Leyen e Costa numa mensagem coordenada.

"A Europa assume a sua quota-parte na assistência militar à Ucrânia. Ao mesmo tempo, precisamos de um aumento da defesa na Europa".

A cimeira foi marcada como reação ao telefonema entre Donald Trump e Vladimir Putin na semana ada, em que ambos os líderes concordaram em iniciar negociações para acabar com a guerra "imediatamente". A conversa quebrou o esforço de três anos do Ocidente para isolar Putin, acusado de crimes de guerra, e provocou uma reação rápida entre os europeus, que a consideraram uma exclusão do processo diplomático.

Keith Kellogg, enviado especial dos EUA para a Ucrânia e Rússia, confirmou mais tarde que a Europa seria consultada ao longo das negociações, mas que acabaria por não ter um lugar à mesa. Kellogg acrescentou que estava a trabalhar no "tempo de Trump" e que o presidente americano esperava ter um projeto de acordo numa questão de "dias e semanas".

O Presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy afirmou que nãoaceitaria "acordos feitos nas nossas costas sem o nosso envolvimento" e apoiou a inclusão da Europa nas conversações. A Rússia, no entanto, disse que preferia manter os europeus fora da sala.

"Não sei o que é que eles vão fazer à mesa das negociações. Se tentam impor ideias manhosas sobre o congelamento do conflito, enquanto eles próprios têm em mente a continuação da guerra, então porquê convidá-los?" disse Serguei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, esta segunda-feira.

Lavrov, que está sob sanções da UE, deverá reunir-se com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, esta terça-feira, na Arábia Saudita, sendo a primeira vez que altos funcionários dos EUA e da Rússia se encontraram pessoalmente desde a invasão russa em grande escala. Rubio será acompanhado por Mike Waltz, conselheiro de segurança nacional, e Steve Witkoff, enviado para o Médio Oriente.

As conversações entre os EUA e a Rússia "não produzirão resultados", disse Zelenskyy durante uma visita aos Emirados Árabes Unidos. Zelenskyy deslocar-se-á à Arábia Saudita na quarta-feira.

O ritmo acelerado das negociações colocou a Europa no limite e provocou uma onda de atividade diplomática para mostrar unidade política e determinação renovada.

A istração Trump deixou claro que espera que a Europa assuma a maior parte do apoio futuro à Ucrânia, tanto militar como financeiro. O continente manifestou a sua disponibilidade para assumir um papel mais importante, mantendo a frente ocidental que foi erguida nas primeiras horas da invasão.

No entanto, as últimas ações de Trump e os recentes comentários do secretário da Defesa Pete Hegseth indicam que os Estados Unidos já não vêem a Europa como uma prioridade e poderão em breve começar a retirar pessoal militar do continente para se concentrarem na China e na fronteira com o México. Na semana ada, Hegseth afirmou que qualquer missão de manutenção da paz enviada para a Ucrânia seria privada do artigo 5º da NATO, relativo à defesa colectiva.

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