O Partido da Liberdade (FPÖ), de extrema-direita, foi incumbido de liderar as negociações para a formação de um governo em Viena, após o fracasso das negociações anteriores.
O líder da extrema-direita austríaca, Herbert Kickl, afirmou, esta quarta-feira, que as conversações para a formação de um governo de coligação com o conservador Partido Popular (ÖVP) tinham fracassado.
Kickl foi mandatado para formar um novo governo no início de janeiro, depois de as anteriores conversações de coligação entre o ÖVP, o Partido Social-Democrata de centro-esquerda (SPO) e o partido liberal NEOS terem fracassado.
As conversações com o ÖVP tornaram-se cada vez mais tensas nos últimos dias, com os partidos a entrarem em conflito, alegadamente, por causa das diferenças políticas existentes e sobre a liderança dos Ministérios.
O FPÖ, partido anti-imigração e eurocético, ficou em primeiro lugar nas eleições de setembro, com 28,8% dos votos, mas teve dificuldade em encontrar aliados tendo o controverso Kickl como líder.
Ainda não é claro o motivo do fracasso das discussões, mas os políticos do ÖVP indicaram que a entrada em desacordo com Kickl foi um fator primordial.
Karl Mahrer, dirigente do ÖVP, referiu, em declarações à televisão austríaca: “Pensei que Herbert Kickl tinha mudado. As últimas semanas, dias e horas provaram que ele continua a ser um risco para a segurança.”
Por seu lado, Kickl culpou o ÖVP pelo fracasso das conversações, tendo mencionado: “Não dou este o sem pesar.”
Kickl é uma figura polarizadora na Áustria, que tem atraído críticas pelo uso casual de termos da era nazi - tendo-se autodenominado “Volkskanzler” (Chanceler do Povo) - bem como pela sua oposição à vacinação e ao confinamento durante a pandemia.
Antes de o ÖVP entrar em conversações com o FPÖ, outros partidos tinham-se unido para formar uma coligação, a fim de impedir a entrada de Kickl no governo.
O início de negociações de coligação com o FPÖ foi considerado um último recurso por parte do ÖVP, cujo antigo líder, Karl Nehammer, insistiu que não entraria em conversações com Kickl e que se demitiu após não ter conseguido formar uma coligação alternativa.
As conversações são já as mais longas da história austríaca e deixam em aberto a possibilidade de o país vir a realizar novas eleições caso as restantes negociações de coligação fracassem.