A nova istração do país, a primeira desde 2022, surge após uma intervenção invulgarmente direta dos Estados Unidos, que afirmaram que qualquer envolvimento do Hezbollah seria uma "linha vermelha".
A líder da política externa da União Europeia emitiu uma declaração em que felicita o Líbano depois de o primeiro-ministro Nawaf Salam ter formado o primeiro governo efetivo do país desde 2022.
Na sua declaração, Kaja Kallas disse que desejava à nova istração "pleno sucesso na concretização das aspirações do povo libanês".
"A UE reafirma o seu firme apoio ao povo libanês e, em particular, à reconstrução de instituições estatais capazes de cumprir as suas missões ao serviço de todos os cidadãos", diz o comunicado.
O Presidente Joseph Aoun anunciou no sábado que aceitou a demissão do anterior governo provisório e assinou um decreto com Salam sobre a formação do novo governo.
O gabinete de Salam, composto por 24 ministros, divididos equitativamente entre as comunidades cristã e muçulmana, foi formado menos de um mês após a nomeação e surge numa altura em que o Líbano se esforça por reconstruir a região sul, que se encontra devastada, e por manter a segurança ao longo da fronteira sul, após uma guerra devastadora entre Israel e o grupo militante Hezbollah. Um acordo de cessar-fogo mediado pelos EUA pôs fim à guerra em novembro.
O Líbano continua também a braços com uma crise económica devastadora, que já vai no seu sexto ano, e que atingiu os bancos, destruiu o sector público da eletricidade e deixou muitos sem o às suas poupanças.
Salam, um diplomata e antigo presidente do Tribunal Internacional de Justiça, prometeu reformar o sistema judicial e a economia do Líbano e trazer estabilidade ao país, que há décadas enfrenta numerosas crises económicas, políticas e de segurança.
Embora o Hezbollah não tenha apoiado Salam como primeiro-ministro, o grupo libanês encetou negociações com o novo primeiro-ministro sobre os lugares dos muçulmanos xiitas no governo, de acordo com o sistema de partilha de poder do Líbano.
As novas autoridades libanesas também se afastam dos líderes próximos do Hezbollah, uma vez que Beirute espera continuar a melhorar os laços com a Arábia Saudita e outros países do Golfo, preocupados com o crescente poder político e militar do Hezbollah na última década. Esse afastamento foi incentivado pelos Estados Unidos.
A enviada-adjunta dos EUA para a paz no Médio Oriente, Morgan Ortagus, disse na sexta-feira que qualquer envolvimento do Hezbollah no novo governo seria uma "linha vermelha" para Washington e impediria o Líbano de aceder aos fundos de reconstrução.
Após conversações com o primeiro-ministro e com o presidente do parlamento libanês, Morgan Ortagus disse esperar que as autoridades libanesas estejam empenhadas em garantir que o Hezbollah não faça parte do novo governo, seja de que forma for.