As opiniões do primeiro-ministro sobre a Rússia divergem largamente da corrente dominante europeia. Pôs termo à ajuda militar da Eslováquia à Ucrânia, criticou as sanções da União Europeia contra a Rússia e prometeu impedir a Ucrânia de aderir à NATO.
O primeiro-ministro eslovaco Robert Fico tem sido alvo de uma série de protestos em dezenas de cidades e vilas da Eslováquia contra as suas políticas pró-russas.
A última vaga de manifestações antigovernamentais foi alimentada pelarecente viagem de Fico a Moscovo para conversações com o Presidente Vladimir Putin, uma rara visita ao Kremlin de um líder da União Europeia desde a invasão russa da Ucrânia em 2022.
Os recentes comentários de Fico de que a orientação da política externa da Eslováquia poderia envolver a saída da União Europeia e da NATO contribuíram para a raiva dos manifestantes. "A Eslováquia é Europa", gritavam os manifestantes em Bratislava.
"Vim a este protesto para expressar o meu desacordo com as políticas e ações do nosso governo. Não creio que o governo tenha recebido um mandato para fazer o que está a fazer. É por isso que estou aqui", disse uma das manifestantes, Marcela Slimakova.
As mais recentes manifestações tiveram lugar em 41 locais na Eslováquia, contra 28 há duas semanas.
Os organizadores do protesto dizem que também se realizaram manifestações em 13 cidades no estrangeiro.
"Pessoalmente, não acredito que o protesto vá mudar alguma coisa, mas pelo menos vai juntar essas pessoas para fazer a diferença numa eleição", disse Matej Děbnar, um dos manifestantes na manifestação de Bratislava.
Os protestos de sexta-feira foram os maiores desde as grandes manifestações de rua em 2018, motivadas pelo assassínio de um repórter de investigação e da sua noiva.
A crise política que se seguiu levou ao colapso do anterior governo de Fico.
Fico, que sobreviveu a uma tentativa de assassínio em maio de 2024, é uma figura polémica na Eslováquia e aumentou as tensões ao acusar os organizadores dos protestos de estarem em o com estrangeiros que organizaram recentes protestos antigovernamentais na Geórgia.
Afirma que estes estão a trabalhar no sentido de forjar um golpe de Estado na Eslováquia. Os funcionários do governo não apresentaram provas da alegação, que foi rejeitada pela organização Paz para a Ucrânia.
As opiniões de Fico sobre a Rússia têm divergido largamente da corrente dominante europeia.
Regressou ao poder no ano ado, depois de o seu partido de esquerda Smer (Direção) ter ganho as eleições parlamentares com uma plataforma pró-Rússia e anti-EUA.
Desde então, pôs termo à ajuda militar da Eslováquia à Ucrânia, criticou as sanções da União Europeia contra a Rússia e prometeu impedir a Ucrânia de aderir à NATO.
Declarou também "inimigo" o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, depois de Kiev ter suspendido o fornecimento de gás russo à Eslováquia e a outros países europeus.