Notícia do óbito foi avançada pela editora Dom Quixote.
A escritora Maria Teresa Horta, a última das "Três Marias", morreu aos 87 anos.
Em comunicado, a editora Dom Quixote informou que a escritora morreu esta terça-feira em Lisboa.
"É com profunda tristeza e sentida mágoa que a Dom Quixote, a pedido da sua família, informa que a escritora Maria Teresa Horta faleceu, esta manhã, em Lisboa", lê-se no comunicado da editora.
"Uma perda de dimensões incalculáveis para a literatura portuguesa, para a poesia, o jornalismo e o feminismo, a quem Maria Teresa Horta dedicou, orgulhosamente, grande parte da sua vida. A Dom Quixote, sua editora, lamenta o desaparecimento de uma das personalidades mais notáveis e iráveis do nosso tempo, reconhecida defensora dos direitos das mulheres e da liberdade, numa altura em que nem sempre era fácil assumi-lo, autora de uma obra que ficará para sempre na memória de várias gerações de leitores, e que ainda há bem pouco tempo foi eleita, pela BBC, uma das “100 mulheres mais influentes e inspiradoras de todo o mundo”", acrescenta a nota da Dom Quixote.
No final do ano ado, a escritora foi incluída na lista da estação britânica BBC das mulheres mais influentes e inspiradoras de todo o mundo, ao lado de cientistas, artistas ou ativistas.
Maria Teresa Horta era descrita como "uma das feministas mais proeminentes de Portugal e autora de muitos livros premiados" destacando a BBC as "Novas Cartas Portuguesas", escrito em co-autoria com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, as "Três Marias" - das quais era a última sobrevivente.
Nascida em Lisboa em 1937, Maria Teresa Horta licenciou-se na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e foi jornalista no jornal A Capital. Começou a carreira literária na poesia, na década de 1960, mas acabaria por se expandir também para o romance e conto.
É a autora de obras como “Anunciações”, que lhe valeria o Prémio Autores 2017, na categoria melhor livro de poesia, e “Estranhezas”, com a qual conquistaria o Prémio Literário Casino da Póvoa, em 2021.
Anos antes, em 2010, viria a ser distinguida com o Prémio Máxima Vida Literária, com a sua "Poesia Reunida", um livro que colige toda a obra poética de Maria Teresa Horta desde o início da carreira até à data da sua publicação.
Com o seu romance "As Luzes de Leonor", inspirado na história da sua anteada Leonor de Almeida Portugal, a 4.ª Marquesa de Alorna, acabaria por receber o Prémio Literário D. Dinis, instituído pela Fundação da Casa de Mateus, em 2012.
Com uma carreira altamente reconhecida, Maria Teresa Horta foi distinguida, por parte do Ministério da Cultura, com a Medalha de Mérito Cultural, em 2020. Foi ainda condecorada, em 2022, com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade, atribuída pelo Presidente da República.
A ministra da Cultura emitiu entretanto uma nota de pesar, recordando "uma das mais importantes vozes da literatura portuguesa contemporânea" e que "desafiou o regime ditatorial", tornando-se "um marco do feminismo português".
"A sua escrita, marcada por uma voz única e corajosa, que abordou temas como a liberdade, o corpo feminino, o erotismo e a condição da mulher na sociedade portuguesa, continuará a inspirar futuras gerações de escritores e leitores, mantendo viva a luta pela igualdade e pela liberdade de expressão", lê-se na nota divulgada pelo ministério de Dalila Rodrigues.