{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/my-europe/2025/01/31/resistentes-ao-exercito-estes-ucranianos-querem-apenas-viver" }, "headline": "Resistentes ao ex\u00e9rcito, estes ucranianos \u0022querem apenas viver\u0022", "description": "\u00c0 medida que a Ucr\u00e2nia entra no seu quarto ano de guerra em larga escala ap\u00f3s a invas\u00e3o russa, as suas for\u00e7as armadas enfrentam uma crise crescente.", "articleBody": "A vaga inicial de volunt\u00e1rios ansiosos por defender o seu pa\u00eds tem vindo a diminuir, ao longo dos \u00faltimos tempos, deixando as for\u00e7as armadas com dificuldades em repor as suas fileiras. As tropas exaustas na linha da frente precisam urgentemente de refor\u00e7os, mas um n\u00famero crescente de homens ucranianos est\u00e1 a fazer um grande esfor\u00e7o para evitar o recrutamento.Cada vez menos volunt\u00e1rios, cada vez mais desertoresPor toda a cidade de Kiev, outdoors e campanhas online incitam os cidad\u00e3os a alistarem-se. As brigadas do ex\u00e9rcito aram a ter autoridade direta para recrutar, intensificando assim os esfor\u00e7os de mobiliza\u00e7\u00e3o. No entanto, a vontade de aderir ao alistamento volunt\u00e1rio diminuiu, algo que tem vindo a ser substitu\u00eddo por uma relut\u00e2ncia crescente, por parte de muitos homens, em responder \u00e0 chamada para combater.Entre eles est\u00e1 Aslan, nome fict\u00edcio, que se descreve a si pr\u00f3prio como um \u0022evasor\u0022. Receoso de ser alvo de um recrutamento for\u00e7ado, adaptou a rotina di\u00e1ria para fugir \u00e0s autoridades.\u0022Tornou-se demasiado perigoso sair \u00e0 rua\u0022, diz.O jovem, de 30 anos, outrora um membro ativo da comunidade, agora nunca sai de casa sem ser de carro. Vai se deparando com v\u00e1rios v\u00eddeos, atrav\u00e9s do telem\u00f3vel, entre os quais imagens que mostram soldados que param ve\u00edculos, verificam documentos e det\u00eam homens eleg\u00edveis para o servi\u00e7o militar.\u0022As pessoas s\u00e3o apanhadas e enviadas para o ex\u00e9rcito e para a linha da frente\u0022, explica, acrescentando: \u0022Sou a favor da mobiliza\u00e7\u00e3o, porque temos de proteger a nossa terra, mas n\u00e3o desta forma. N\u00e3o \u00e9 democr\u00e1tico. Deveria ser baseada em boas condi\u00e7\u00f5es e contratos. Dever\u00edamos ser formados numa especialidade militar. Quando se \u00e9 mobilizado de forma for\u00e7ada, n\u00e3o se tem outra op\u00e7\u00e3o sen\u00e3o ir para a linha da frente.\u0022Evitar a linha da frente a todo o custoApesar dos esfor\u00e7os do governo para melhorar as condi\u00e7\u00f5es de recrutamento, persistem s\u00e9rias preocupa\u00e7\u00f5es. A aus\u00eancia de termos claros de desmobiliza\u00e7\u00e3o, os relatos de corrup\u00e7\u00e3o e as t\u00e1ticas de recrutamento controversas apenas aumentaram a resist\u00eancia ao alistamento. Muitos receiam ser mandados para combate e nunca mais voltar.Nazar, um agente imobili\u00e1rio de Kiev, tamb\u00e9m evita andar na rua. O seu trabalho ou a ser maioritariamente feito online para reduzir o risco de se deparar com patrulhas de recrutamento.\u0022Um ter\u00e7o dos meus amigos j\u00e1 atravessou a fronteira, recorrendo a subornos ou a comprovativos de isen\u00e7\u00e3o [de recruta] falsificados\u0022, afirma. \u0022Outro ter\u00e7o regressou da linha da frente em caix\u00f5es. O \u00faltimo ter\u00e7o ainda est\u00e1 vivo e a lutar.\u0022Nazar partilha ainda as suas preocupa\u00e7\u00f5es sobre o seu pr\u00f3prio futuro. \u0022N\u00e3o sei qual ser\u00e1 o meu destino. Quero apenas viver.\u0022Uma guerra que exige mais soldadosEm dezembro de 2024, o presidente Volodymyr Zelenskyy afirmou que cerca de 43.000 soldados ucranianos tinham sido mortos nos combates. No entanto, estima-se que os n\u00fameros reais sejam muito superiores.Na Pra\u00e7a Maidan, em Kiev, um oceano de bandeiras ucranianas homenageia os mortos. Sem fim \u00e0 vista para o conflito, o governo pretende recrutar mais 200.000 soldados este ano. Mas \u00e0 medida que esta fuga ao recrutamento se generaliza, parece cada vez mais dif\u00edcil atingir este objetivo.Numa altura em que a Ucr\u00e2nia se prepara para mais um ano de guerra, a luta pela mobiliza\u00e7\u00e3o de novas tropas est\u00e1 a revelar-se mais uma frente de batalha.Val\u00e9rie Gauriat, correspondente internacional da Euronews, a partir de Kiev.", "dateCreated": "2025-01-31T20:03:06+01:00", "dateModified": "2025-01-31T23:02:09+01:00", "datePublished": "2025-01-31T23:02:09+01:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F09%2F02%2F15%2F32%2F1440x810_cmsv2_51c0ac93-86a5-5a2d-9fea-db5395b554ac-9021532.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "Pra\u00e7a da Donzela, Kiev, Ucr\u00e2nia.", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F09%2F02%2F15%2F32%2F432x243_cmsv2_51c0ac93-86a5-5a2d-9fea-db5395b554ac-9021532.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": [ { "@type": "Person", "familyName": "Gauriat", "givenName": "Val\u00e9rie", "name": "Val\u00e9rie Gauriat", "url": "/perfis/28", "worksFor": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "sameAs": "https://www.x.com/@valgauriat", "memberOf": { "@type": "Organization", "name": "Magazines europ\u00e9ens" } } ], "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Not\u00edcias da Europa" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

Resistentes ao exército, estes ucranianos "querem apenas viver"

Praça da Donzela, Kiev, Ucrânia.
Praça da Donzela, Kiev, Ucrânia. Direitos de autor Euronews.
Direitos de autor Euronews.
De Valérie Gauriat & Euronews
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

À medida que a Ucrânia entra no seu quarto ano de guerra em larga escala após a invasão russa, as suas forças armadas enfrentam uma crise crescente.

PUBLICIDADE

A vaga inicial de voluntários ansiosos por defender o seu país tem vindo a diminuir, ao longo dos últimos tempos, deixando as forças armadas com dificuldades em repor as suas fileiras. As tropas exaustas na linha da frente precisam urgentemente de reforços, mas um número crescente de homens ucranianos está a fazer um grande esforço para evitar o recrutamento.

Cada vez menos voluntários, cada vez mais desertores

Por toda a cidade de Kiev, outdoors e campanhas online incitam os cidadãos a alistarem-se. As brigadas do exército aram a ter autoridade direta para recrutar, intensificando assim os esforços de mobilização. No entanto, a vontade de aderir ao alistamento voluntário diminuiu, algo que tem vindo a ser substituído por uma relutância crescente, por parte de muitos homens, em responder à chamada para combater.

Anúncio de recrutamento nas ruas de Kiev, na Ucrânia.
Anúncio de recrutamento nas ruas de Kiev, na Ucrânia. Euronews

Entre eles está Aslan, nome fictício, que se descreve a si próprio como um "evasor". Receoso de ser alvo de um recrutamento forçado, adaptou a rotina diária para fugir às autoridades.

"Tornou-se demasiado perigoso sair à rua", diz.

O jovem, de 30 anos, outrora um membro ativo da comunidade, agora nunca sai de casa sem ser de carro. Vai se deparando com vários vídeos, através do telemóvel, entre os quais imagens que mostram soldados que param veículos, verificam documentos e detêm homens elegíveis para o serviço militar.

"As pessoas são apanhadas e enviadas para o exército e para a linha da frente", explica, acrescentando: "Sou a favor da mobilização, porque temos de proteger a nossa terra, mas não desta forma. Não é democrático. Deveria ser baseada em boas condições e contratos. Deveríamos ser formados numa especialidade militar. Quando se é mobilizado de forma forçada, não se tem outra opção senão ir para a linha da frente."

Evitar a linha da frente a todo o custo

Apesar dos esforços do governo para melhorar as condições de recrutamento, persistem sérias preocupações. A ausência de termos claros de desmobilização, os relatos de corrupção e as táticas de recrutamento controversas apenas aumentaram a resistência ao alistamento. Muitos receiam ser mandados para combate e nunca mais voltar.

Nazar, um agente imobiliário de Kiev, também evita andar na rua. O seu trabalho ou a ser maioritariamente feito online para reduzir o risco de se deparar com patrulhas de recrutamento.

"Um terço dos meus amigos já atravessou a fronteira, recorrendo a subornos ou a comprovativos de isenção [de recruta] falsificados", afirma. "Outro terço regressou da linha da frente em caixões. O último terço ainda está vivo e a lutar."

Nazar partilha ainda as suas preocupações sobre o seu próprio futuro. "Não sei qual será o meu destino. Quero apenas viver."

Bandeiras hasteadas em memória dos mortos em combate na guerra da Ucrânia, Praça Maiden, Kiev, Ucrânia.
Bandeiras hasteadas em memória dos mortos em combate na guerra da Ucrânia, Praça Maiden, Kiev, Ucrânia.Euronews

Uma guerra que exige mais soldados

Em dezembro de 2024, o presidente Volodymyr Zelenskyy afirmou que cerca de 43.000 soldados ucranianos tinham sido mortos nos combates. No entanto, estima-se que os números reais sejam muito superiores.

Na Praça Maidan, em Kiev, um oceano de bandeiras ucranianas homenageia os mortos. Sem fim à vista para o conflito, o governo pretende recrutar mais 200.000 soldados este ano. Mas à medida que esta fuga ao recrutamento se generaliza, parece cada vez mais difícil atingir este objetivo.

Numa altura em que a Ucrânia se prepara para mais um ano de guerra, a luta pela mobilização de novas tropas está a revelar-se mais uma frente de batalha.

Valérie Gauriat,correspondente internacional da Euronews, a partir de Kiev.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Rússia e Ucrânia intercetam dezenas de drones

Ataque de drone russo a prédio residencial em Sumy mata seis pessoas

Coreia do Norte reitera o seu apoio "incondicional" à invasão russa da Ucrânia