Na Arábia Saudita, Giorgia Meloni assinou uma parceria estratégica com o príncipe herdeiro Bin Salman e discutiu formas de reforçar as relações bilaterais. A primeira-ministra italiana comentou depois o caso do general líbio libertado por Roma.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, assinou com o príncipe herdeiro Muhammad Bin Salman, em Al Ula, na Arábia Saudita, o acordo que estabelece o Conselho de Parceria Estratégica entre o Governo do Reino da Arábia Saudita e o Governo da República Italiana.
"Existe um enorme potencial inexplorado na nossa cooperação, e esta visita pode abrir uma fase completamente nova na nossa parceria. É por isso que elevámos as nossas relações bilaterais ao nível de parceria estratégica", afirmou Meloni, explicando que os acordos têm um valor de dez mil milhões de dólares.
O acordo surge após um encontro entre Meloni e Bin Salman no acampamento instalado na cidade da Arábia Saudita, Património Mundial da UNESCO. Em cima da mesa, segundo a agência noticiosa local Sap, estiveram aspectos das relações bilaterais e formas de as apoiar e reforçar em vários domínios, para além de terem sido discutidos desenvolvimentos regionais e internacionais, questões de interesse comum e esforços para os alcançar.
Meloni no Vespucci: "É uma escola de vida"
A visita de Meloni à Arábia Saudita começou no sábado em Jeddah, onde a primeira-ministra se encontrou com a tripulação do Amerigo Vespucci. O navio-escola está quase a terminar a sua volta ao mundo.
"O navio Vespucci nunca foi apenas um navio-escola, a dama dos mares, o orgulho das nossas forças armadas, a excelência da formação dos oficiais cadetes da Marinha. É um símbolo de história, sabedoria, tradição, inovação e um extraordinário embaixador de Itália. É uma escola do mar, uma escola da vida", afirmou Meloni.
Almasri libertado por ordem do Tribunal de Recurso
Antes de embarcar no navio, a primeira-ministra respondeu às perguntas dos jornalistas, reiterando o seu apoio à ministra do Turismo, Daniela Santanchè, que foi detida para julgamento no caso Visibilia, e depois comentou o caso da libertação do chefe da polícia judiciária líbia, Ossama Anjiem Almasri.
"Ele foi libertado por ordem do Tribunal de Recurso de Roma e não pelo governo. O que o governo está a fazer é expulsá-lo do território nacional. Relativamente ao avião, gostaria de salientar que, em todos os casos de repatriamento de detidos considerados perigosos, não são utilizados voos regulares, também por razões de segurança dos ageiros. É uma prática bem estabelecida e não inventada por este governo", disse Meloni, que depois comentou o pedido de esclarecimento do Tribunal Penal Internacional.
"Enviaremos esclarecimentos como nós próprios os pediremos. O Tribunal deve esclarecer porque é que demorou meses a emitir este mandado de captura quando Almasri tinha viajado por pelo menos três países europeus. Vou pedir esclarecimentos ao Tribunal Internacional e espero que, pelo menos nesta matéria, todas as forças políticas queiram ajudar-nos", afirmou a primeira-ministra.
Sobre o caso do general líbio, no entanto, surgiram críticas da oposição e da ANM. "A gravíssima libertação do torturador líbio Almasri não resulta de um pormenor técnico nem é culpa dos juízes, como quer fazer crer Giorgia Meloni. Esses magistrados que ela gostaria de submeter ao executivo com a sua reforma: não, é uma escolha política deste governo e nós insistiremos em pedir contas disso", disse o expoente da Avs, Nicola Fratoianni.
"Almasri foi libertado a 21 de janeiro devido à inércia do ministro da Justiça que podia, porque foi notificado pela polícia judiciária a 19 de janeiro e pelo Tribunal de Recurso de Roma a 20 de janeiro, e devia, por respeito às obrigações internacionais, ter pedido a sua prisão preventiva com vista à sua entrega ao Tribunal Penal Internacional que emitiu que emitiu contra ele um mandado de captura por crimes contra a humanidade e crimes de guerra cometidos na prisão de Mitiga (Líbia)", escreveu o Conselho Executivo Central da Associação Nacional de Magistrados numa nota publicada para comentar as palavras de Meloni.