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A situa\u00e7\u00e3o cont\u00ednua e profundamente preocupante nos dom\u00ednios da democracia, do Estado de Direito e dos direitos fundamentais\u0022 foi tamb\u00e9m sublinhada, em especial a \u0022falta de independ\u00eancia sist\u00e9mica e a press\u00e3o indevida sobre o poder judicial, bem como as muitas restri\u00e7\u00f5es \u00e0 liberdade de express\u00e3o, incluindo a liberdade dos meios de comunica\u00e7\u00e3o social e a divulga\u00e7\u00e3o de informa\u00e7\u00f5es\u0022.A \u0022taxa de alinhamento muito baixa\u0022 do pa\u00eds com a Pol\u00edtica Externa e de Seguran\u00e7a Comum do bloco europeu e as san\u00e7\u00f5es contra a R\u00fassia foram tamb\u00e9m assinaladas \u0022como sendo da m\u00e1xima prioridade\u0022.\u0022O Conselho regista que as negocia\u00e7\u00f5es de ades\u00e3o da Turquia chegaram efetivamente a um ime e que n\u00e3o pode ser considerada a abertura ou o encerramento de mais nenhum cap\u00edtulo\u0022, escreveram os ministros.O presidente turco Recep Tayyip Erdo\u011fan apelou, no entanto,esta ter\u00e7a-feira, ap\u00f3s uma reuni\u00e3o com a l\u00edder da Comiss\u00e3o Europeia, Ursula von der Leyen, a uma melhoria tang\u00edvel e imediata das rela\u00e7\u00f5es entre as duas partes. Entre as suas exig\u00eancias aos l\u00edderes da UE encontravam-se o levantamento de \u0022todas as restri\u00e7\u00f5es\u0022 nas rela\u00e7\u00f5es bilaterais e a retomada do di\u00e1logo pol\u00edtico de alto n\u00edvel (suspenso desde 2019).Os \u0022bons alunos\u0022Em contrapartida, os ministros da UE mostraram-se muito mais entusiasmados com a Ucr\u00e2nia, registando os \u0022progressos consider\u00e1veis em mat\u00e9ria de reformas\u0022 realizados ao longo do \u00faltimo ano, enquanto o pa\u00eds se defende da invas\u00e3o russa.Os ministros sublinharam os progressos realizados em \u00e1reas como o Estado de Direito, a reforma do sistema judicial e da istra\u00e7\u00e3o p\u00fablica, os \u00f3rg\u00e3os de governa\u00e7\u00e3o judicial e o funcionamento eficaz das institui\u00e7\u00f5es de combate \u00e0 corrup\u00e7\u00e3o.Congratularam-se com o \u0022quadro legislativo e institucional em mat\u00e9ria de direitos fundamentais\u0022 e incentivaram a Ucr\u00e2nia a prosseguir os trabalhos para refor\u00e7ar a liberdade de express\u00e3o, bem como a pluralidade e independ\u00eancia dos meios de comunica\u00e7\u00e3o social.O Parlamento Europeu aplaudiu o \u0022elevado\u0022 alinhamento da Ucr\u00e2nia com a pol\u00edtica externa e as san\u00e7\u00f5es do bloco.Este \u00faltimo foi tamb\u00e9m um forte ponto a favor da Moldova, com os ministros a escreverem que representa \u201cum forte sinal do empenhamento estrat\u00e9gico da Moldova no seu percurso na UE\u201d.O Conselho registou tamb\u00e9m \u0022positivamente\u0022 os esfor\u00e7os cont\u00ednuos da Moldova para refor\u00e7ar o quadro da istra\u00e7\u00e3o p\u00fablica e da gest\u00e3o das finan\u00e7as p\u00fablicas e apelou \u00e0 continua\u00e7\u00e3o dos progressos das reformas nos dom\u00ednios do Estado de Direito e dos direitos fundamentais, especialmente no que se refere \u00e0 luta contra a corrup\u00e7\u00e3o.\u0022O Conselho congratula-se com a abordagem sist\u00e9mica da Moldova em mat\u00e9ria de desoligarquiza\u00e7\u00e3o e incentiva a prossecu\u00e7\u00e3o da implementa\u00e7\u00e3o do respetivo plano de a\u00e7\u00e3o\u0022, acrescentaram os ministros.O \u0022resto da turma\u0022A Alb\u00e2nia, o Montenegro e a Maced\u00f3nia do Norte foram os outros pa\u00edses candidatos que tamb\u00e9m se sa\u00edram bem.Os dois primeiros realizaram confer\u00eancias de ades\u00e3o em Bruxelas esta semana, um sinal de que a din\u00e2mica em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 ades\u00e3o \u00e9 positiva. No caso do Montenegro, a reuni\u00e3o de segunda-feira permitiu o encerramento provis\u00f3rio de tr\u00eas cap\u00edtulos, enquanto a confer\u00eancia ministerial com a Alb\u00e2nia serviu para abrir dois novos cap\u00edtulos de negocia\u00e7\u00f5es (sobre rela\u00e7\u00f5es externas e sobre pol\u00edtica externa, de seguran\u00e7a e de defesa).O primeiro-ministro alban\u00eas, Edi Rama, disse aos jornalistas, depois de participar na reuni\u00e3o em Bruxelas, que Tirana \u0022quer garantir que todos os trabalhos de casa est\u00e3o feitos e que as negocia\u00e7\u00f5es est\u00e3o conclu\u00eddas at\u00e9 2027\u0022.\u0022E esperamos que a nossa ades\u00e3o esteja conclu\u00edda durante esta d\u00e9cada\u0022, acrescentou.A Maced\u00f3nia do Norte foi, entretanto, elogiada pela sua boa coopera\u00e7\u00e3o cont\u00ednua em mat\u00e9ria de gest\u00e3o das migra\u00e7\u00f5es e das fronteiras, pelo bom n\u00edvel de prepara\u00e7\u00e3o e pelos progressos realizados no sentido de desenvolver uma economia de mercado vi\u00e1vel, bem como pela \u0022coopera\u00e7\u00e3o coerente\u0022 em quest\u00f5es de pol\u00edtica externa. Os ministros destacaram, em particular, o \u0022alinhamento total, firme e de longa data\u0022 do pa\u00eds com a pol\u00edtica externa e as san\u00e7\u00f5es do bloco.No entanto, os ministros registaram tamb\u00e9m que Skopje ainda n\u00e3o concluiu as altera\u00e7\u00f5es constitucionais acordadas relativamente ao reconhecimento da minoria b\u00falgara no pa\u00eds, sem as quais n\u00e3o poder\u00e1 ser realizada qualquer outra confer\u00eancia intergovernamental.Os ministros salientaram ainda que foram feitos \u0022progressos limitados\u0022 nos dom\u00ednios dos fundamentos e do Estado de Direito e afirmaram estar \u0022seriamente preocupados\u0022 com as altera\u00e7\u00f5es ao C\u00f3digo Penal.As tens\u00f5es entre grupos \u00e9tnicos na B\u00f3snia e Herzegovina, bem como na S\u00e9rvia e no Kosovo, foram, entretanto, uma das \u00e1reas de preocupa\u00e7\u00e3o dos ministros, que apelaram a que as v\u00e1rias partes abrandassem a tens\u00e3o e retomassem urgentemente as conversa\u00e7\u00f5es. Os ministros reiteraram que os progressos no processo de ades\u00e3o \u00e0 UE dependem da normaliza\u00e7\u00e3o das rela\u00e7\u00f5es.Os tr\u00eas pa\u00edses candidatos \u00e0 ades\u00e3o \u00e0 UE foram amplamente elogiados pelas suas reformas econ\u00f3micas, tendo o Kosovo e a B\u00f3snia e Herzegovina sido igualmente elogiados pelo alinhamento com a pol\u00edtica externa e as san\u00e7\u00f5es da UE.Mas a S\u00e9rvia foi castigada pela falta de progressos na melhoria da liberdade de express\u00e3o e da independ\u00eancia dos meios de comunica\u00e7\u00e3o social, bem como pelos progressos limitados a n\u00edvel do sistema judicial e da luta contra o crime organizado.Os ministros apelaram a Belgrado para que \u0022demonstre maior vontade pol\u00edtica, acelerando ainda mais as reformas e apresentando resultados concretos e tang\u00edveis no que se refere aos aspetos fundamentais\u0022 e reiteraram a \u0022forte expetativa\u0022 de que a S\u00e9rvia \u0022intensifique os esfor\u00e7os no sentido de um alinhamento total\u0022 com a pol\u00edtica externa do bloco.\u0022O Conselho apela tamb\u00e9m \u00e0s autoridades s\u00e9rvias para que se abstenham de a\u00e7\u00f5es e declara\u00e7\u00f5es contra as posi\u00e7\u00f5es da UE em mat\u00e9ria de pol\u00edtica externa e outras quest\u00f5es estrat\u00e9gicas\u0022, escreveram.Os chefes de Estado dos Balc\u00e3s Ocidentais e da UE dever\u00e3o reunir-se numa cimeira na quarta-feira \u00e0 noite em Bruxelas. 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Ministros dos Assuntos Europeus repreendem Geórgia e Turquia sobre conclusões do alargamento

Manifestantes seguram retratos de ativistas feridos durante protestos em manifestação em frente ao edifício do parlamento da Geórgia, 14 de dezembro de 2024.
Manifestantes seguram retratos de ativistas feridos durante protestos em manifestação em frente ao edifício do parlamento da Geórgia, 14 de dezembro de 2024. Direitos de autor AP Photo/Zurab Tsertsvadze
Direitos de autor AP Photo/Zurab Tsertsvadze
De Alice TideyMaria Psara
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As conclusões do alargamento validadas pelos ministros chegam um dia antes de os dirigentes dos Balcãs Ocidentais e da União Europeia se reunirem em Bruxelas.

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A Geórgia e a Turquia receberam dos ministros da União Europeia, esta terça-feira, avaliações severas sobre o seu processo de adesão ao bloco europeu, enquanto a Ucrânia e a Moldova receberam sobretudo "estrelas douradas".

Nas conclusões sobre o alargamento, divulgadas durante a reunião em Bruxelas, os ministros dos Assuntos Europeus censuraram amplamente a Turquia e a Geórgia pelo seu retrocesso democrático, registando apenas progressos muito limitados na via da integração europeia.

Os "maus alunos"

A única evolução positiva que os ministros assinalaram em relação à Geórgia diz respeito à economia, tendo registado "um nível moderado de preparação e progressos limitados no desenvolvimento de uma economia de mercado funcional". Os ministros elogiaram igualmente a aplicação de "políticas orçamentais e monetárias sólidas".

Mas todos os outros parágrafos dedicados ao país, no longo documento de 36 páginas, são negativos, assinalando a preocupação da UE "relativamente ao curso das ações" tomadas pelo governo nacional, como a chamada lei dos agentes estrangeiros que, segundo os ministros, é contrária aos valores da UE.

Os ministros descreveram-se como "profundamente preocupados com o retrocesso nos domínios da democracia, do Estado de Direito e dos direitos fundamentais", bem como com o funcionamento do sistema judicial e a independência institucional. O facto de a Geórgia não se alinhar globalmente pela política externa da UE e pelas medidas restritivas, nomeadamente contra a Rússia e a Bielorrússia, foi outro ponto de preocupação para os ministros.

Os ministros condenaram também "veementemente" os recentes atos de violência contra manifestantes pacíficos, elementos dos meios de comunicação social, políticos da oposição e a sociedade civil, apelando à sua "interrupção".

Há quase três semanas que se realizam protestos noturnos em toda a Geórgia, depois de o primeiro-ministro Irakli Kobakhidze ter anunciado unilateralmente, no final de novembro, a suspensão das negociações de adesão à UEaté 2028.

Foram detidas figuras da oposição e centenas de manifestantes pacíficos, tendo sido registados vários feridos. A violenta repressão levou a apelos a sanções por parte da UE, que foram na segunda-feira vetadas pela Hungria e pela Eslováquia.

"O Conselho apela às autoridades georgianas para que retomem urgentemente o caminho da UE e adotem reformas democráticas, abrangentes e sustentáveis, em conformidade com os princípios fundamentais da integração europeia", escreveram os ministros.

Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, à esquerda, e o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, durante uma conferência de imprensa conjunta em Ancara.
Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, à esquerda, e o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, durante uma conferência de imprensa conjunta em Ancara.Yavuz Ozden/Dia Photo via AP

A Turquia obteve mais alguns pontos positivos, nomeadamente no que se refere à melhoria das relações com a Grécia e ao reatamento do diálogo setorial de alto nível com a UE em áreas de interesse comum, como o comércio e a economia.

Os ministros saudaram a "mudança para políticas económicas mais convencionais e rigorosas desde meados de 2023", bem como as "medidas concretas" que o país tomou para impedir que as sanções da UE contra a Rússia sejam contornadas através do seu território.

Mas os aspetos negativos superam em muito os positivos.

A Turquia é o único país do mundo que reconhece a soberania da parte nordeste da ilha de Chipre.

"A Turquia é o único país do mundo que reconhece a soberania da parte nordeste da ilha de Chipre. A situação contínua e profundamente preocupante nos domínios da democracia, do Estado de Direito e dos direitos fundamentais" foi também sublinhada, em especial a "falta de independência sistémica e a pressão indevida sobre o poder judicial, bem como as muitas restrições à liberdade de expressão, incluindo a liberdade dos meios de comunicação social e a divulgação de informações".

A "taxa de alinhamento muito baixa" do país com a Política Externa e de Segurança Comum do bloco europeu e as sanções contra a Rússia foram também assinaladas "como sendo da máxima prioridade".

"O Conselho regista que as negociações de adesão da Turquia chegaram efetivamente a um ime e que não pode ser considerada a abertura ou o encerramento de mais nenhum capítulo", escreveram os ministros.

O presidente turco Recep Tayyip Erdoğan apelou, no entanto,esta terça-feira, após uma reunião com a líder da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a uma melhoria tangível e imediata das relações entre as duas partes. Entre as suas exigências aos líderes da UE encontravam-se o levantamento de "todas as restrições" nas relações bilaterais e a retomada do diálogo político de alto nível (suspenso desde 2019).

Os "bons alunos"

Em contrapartida, os ministros da UE mostraram-se muito mais entusiasmados com a Ucrânia, registando os "progressos consideráveis em matéria de reformas" realizados ao longo do último ano, enquanto o país se defende da invasão russa.

Os ministros sublinharam os progressos realizados em áreas como o Estado de Direito, a reforma do sistema judicial e da istração pública, os órgãos de governação judicial e o funcionamento eficaz das instituições de combate à corrupção.

Congratularam-se com o "quadro legislativo e institucional em matéria de direitos fundamentais" e incentivaram a Ucrânia a prosseguir os trabalhos para reforçar a liberdade de expressão, bem como a pluralidade e independência dos meios de comunicação social.

O Parlamento Europeu aplaudiu o "elevado" alinhamento da Ucrânia com a política externa e as sanções do bloco.

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, após uma conferência de imprensa em Kiev, Ucrânia, 20 de setembro de 2024.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, após uma conferência de imprensa em Kiev, Ucrânia, 20 de setembro de 2024.Christoph Soeder, Pool Photo via AP

Este último foi também um forte ponto a favor da Moldova, com os ministros a escreverem que representa “um forte sinal do empenhamento estratégico da Moldova no seu percurso na UE”.

O Conselho registou também "positivamente" os esforços contínuos da Moldova para reforçar o quadro da istração pública e da gestão das finanças públicas e apelou à continuação dos progressos das reformas nos domínios do Estado de Direito e dos direitos fundamentais, especialmente no que se refere à luta contra a corrupção.

"O Conselho congratula-se com a abordagem sistémica da Moldova em matéria de desoligarquização e incentiva a prossecução da implementação do respetivo plano de ação", acrescentaram os ministros.

O "resto da turma"

A Albânia, o Montenegro e a Macedónia do Norte foram os outros países candidatos que também se saíram bem.

Os dois primeiros realizaram conferências de adesão em Bruxelas esta semana, um sinal de que a dinâmica em direção à adesão é positiva. No caso do Montenegro, a reunião de segunda-feira permitiu o encerramento provisório de três capítulos, enquanto a conferência ministerial com a Albânia serviu para abrir dois novos capítulos de negociações (sobre relações externas e sobre política externa, de segurança e de defesa).

O primeiro-ministro albanês, Edi Rama, disse aos jornalistas, depois de participar na reunião em Bruxelas, que Tirana "quer garantir que todos os trabalhos de casa estão feitos e que as negociações estão concluídas até 2027".

"E esperamos que a nossa adesão esteja concluída durante esta década", acrescentou.

A Macedónia do Norte foi, entretanto, elogiada pela sua boa cooperação contínua em matéria de gestão das migrações e das fronteiras, pelo bom nível de preparação e pelos progressos realizados no sentido de desenvolver uma economia de mercado viável, bem como pela "cooperação coerente" em questões de política externa. Os ministros destacaram, em particular, o "alinhamento total, firme e de longa data" do país com a política externa e as sanções do bloco.

No entanto, os ministros registaram também que Skopje ainda não concluiu as alterações constitucionais acordadas relativamente ao reconhecimento da minoria búlgara no país, sem as quais não poderá ser realizada qualquer outra conferência intergovernamental.

Os ministros salientaram ainda que foram feitos "progressos limitados" nos domínios dos fundamentos e do Estado de Direito e afirmaram estar "seriamente preocupados" com as alterações ao Código Penal.

As tensões entre grupos étnicos na Bósnia e Herzegovina, bem como na Sérvia e no Kosovo, foram, entretanto, uma das áreas de preocupação dos ministros, que apelaram a que as várias partes abrandassem a tensão e retomassem urgentemente as conversações. Os ministros reiteraram que os progressos no processo de adesão à UE dependem da normalização das relações.

Os três países candidatos à adesão à UE foram amplamente elogiados pelas suas reformas económicas, tendo o Kosovo e a Bósnia e Herzegovina sido igualmente elogiados pelo alinhamento com a política externa e as sanções da UE.

Mas a Sérvia foi castigada pela falta de progressos na melhoria da liberdade de expressão e da independência dos meios de comunicação social, bem como pelos progressos limitados a nível do sistema judicial e da luta contra o crime organizado.

Os ministros apelaram a Belgrado para que "demonstre maior vontade política, acelerando ainda mais as reformas e apresentando resultados concretos e tangíveis no que se refere aos aspetos fundamentais" e reiteraram a "forte expetativa" de que a Sérvia "intensifique os esforços no sentido de um alinhamento total" com a política externa do bloco.

"O Conselho apela também às autoridades sérvias para que se abstenham de ações e declarações contra as posições da UE em matéria de política externa e outras questões estratégicas", escreveram.

Os chefes de Estado dos Balcãs Ocidentais e da UE deverão reunir-se numa cimeira na quarta-feira à noite em Bruxelas. Espera-se que os dirigentes da UE adotem as conclusões dos ministros sobre o alargamento no decurso de uma cimeira com a duração de um dia, na quinta-feira.

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