Contudo, a Comissão Europeia, órgão executivo da UE, declarou que atualmente "não estão reunidas as condições para um regresso seguro, voluntário e digno à Síria".
O Governo austríaco anunciou que está a oferecer aos refugiados sírios no país um "bónus de regresso" de 1000 euros para regressarem à Síria após o colapso do regime de Bashar al-Assad.
A medida surge numa altura em que vários países da Europa já começaram a deliberar sobre o que fazer com as suas populações de refugiados sírios.
"A Áustria vai apoiar os sírios que desejem regressar ao seu país de origem com um bónus de regresso de 1000 euros. O país precisa agora dos seus cidadãos para se reconstruir", declarou o chanceler conservador Karl Nehammer numa declaração publicada em inglês e alemão no X.
No dia em que al-Assad foi deposto, Nehammer disse que a situação de segurança na Síria seria reavaliada para determinar se as deportações poderiam ser efetuadas.
A deportação de pessoas contra a sua vontade não é possível até que a situação na Síria seja considerada segura, pelo que o governo, liderado pelo Partido Popular Austríaco (ÖVP), afirmou que se vai concentrar nas deportações voluntárias.
A Áustria também suspendeu o tratamento dos pedidos de asilo apresentados por sírios, em consonância com vários outros países europeus, incluindo a Bélgica, a Dinamarca, a Alemanha e a República Checa.
Mas todos estes países concordam que é demasiado cedo para considerar o regresso dos refugiados à Síria.
A Comissão Europeia, órgão executivo da UE, declarou que atualmente "não estão reunidas as condições para um regresso seguro, voluntário e digno à Síria".
"Precisamos de esperar mais alguns dias para ver para onde a Síria está a ir agora", disse a ministra do Interior alemã, Nancy Faeser.
"Qual é a situação? E a proteção das minorias? E a proteção das pessoas? E depois, claro, poderá haver um repatriamento".
Os sírios constituem o maior grupo de requerentes de asilo na Áustria e Nehammer, como muitos líderes conservadores em toda a Europa, está sob pressão da extrema-direita para adotar uma posição mais dura em relação à imigração.
Mas o que não é claro é quantos sírios na Áustria vão aceitar a oferta do bónus de regresso, uma vez que a companhia aérea nacional Austrian Airlines não opera atualmente voos para o Médio Oriente devido à situação de segurança volátil, pelo que 1000 euros podem não ser suficientes para cobrir a viagem através de uma rota indireta.
Os comentários de Nehammer surgem na mesma semana em que o antigo ministro da Saúde da chanceler alemã Angela Merkel, Jens Spahn, apresentou uma ideia semelhante numa entrevista televisiva.
"E se o Governo alemão dissesse: 'Vamos fretar aviões para quem quiser regressar à Síria e vamos dar-lhes 1000 euros para começarem a trabalhar'?", questionou.
A chegada à Europa, em 2015, de mais de um milhão de refugiados, a maioria dos quais fugindo da guerra civil na Síria, desencadeou uma das maiores crises políticas da UE, com as nações a discutirem quem os deveria acolher e se os outros países deveriam ser obrigados a ajudar. Essas tensões mantêm-se até hoje.
Até setembro, quase 14 000 sírios solicitaram proteção internacional na Europa, de acordo com a agência europeia para o asilo.
Cerca de 183 000 sírios pediram asilo durante todo o ano ado. Em média, cerca de um em cada três pedidos é aceite.
A agência da ONU para os refugiados apelou à "paciência e vigilância" no tratamento dos sírios que solicitaram proteção internacional e considera que muito dependerá da vontade dos novos dirigentes da Síria em respeitar a lei e a ordem.