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Que pa\u00edses se op\u00f5em ao acordo comercial e podem bloque\u00e1-lo?A Fran\u00e7a op\u00f4s-se fervorosamente ao Tratado Mercosul, juntamente com a Pol\u00f3nia, a \u00c1ustria e os Pa\u00edses Baixos.Na ada quarta-feira, a C\u00e2mara Baixa do Parlamento franc\u00eas votou quase por unanimidade contra o acordo - uma rara demonstra\u00e7\u00e3o de unidade num pa\u00eds politicamente dividido. Mas a vota\u00e7\u00e3o foi meramente simb\u00f3lica. Poder\u00e1 a Fran\u00e7a bloquear este tratado? Para o fazer, teria de reunir tr\u00eas pa\u00edses da UE que representam 35% da popula\u00e7\u00e3o do bloco. Neste momento, o \u00fanico pa\u00eds populoso que se juntou ao lado da Fran\u00e7a foi a Pol\u00f3nia. Paris ainda precisa de encontrar mais dois grandes pa\u00edses para formar uma minoria de bloqueio. 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Poderá a França bloquear o acordo comercial com o Mercosul?

Protesto
Protesto Direitos de autor Jean-Francois Badias/Copyright 2024 The AP. All rights reserved.
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De Sophia Khatsenkova
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A França tem-se oposto fervorosamente ao acordo de comércio livre entre a UE e vários países sul-americanos.

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Após décadas de negociações, o Tratado do Mercosul continua a suscitar controvérsia.

Centenas de agricultores têm protestado nas últimas semanas em França e noutros países europeus contra o acordo de comércio livre entre a UE e o bloco sul-americano constituído pelo Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia (também conhecido como Mercosul).

A Euronews analisou a razão pela qual o tratado do Mercosul é tão controverso e se os países opositores, como a França, podem bloquear o acordo.

O que é o Tratado do Mercosul?

Trata-se de um acordo de comércio livre que tem por objetivo eliminar quase todos os impostos sobre os produtos comercializados entre os dois blocos signatários.

O acordo visa criar uma das maiores zonas de comércio livre do mundo, abrangendo 750 milhões de pessoas e cerca de um quinto da economia mundial.

Com a deste acordo, a Europa poderá exportar automóveis, maquinaria, pesticidas, produtos farmacêuticos, vinho e queijo muito mais facilmente.

Por outro lado, a Europa poderia importar peças de automóvel e produtos alimentares a um preço muito mais baixo dos países sul-americanos.

Porque é que os agricultores estão a protestar contra isso?

Muitos agricultores acreditam que o tratado poderá devastar o sector agrícola europeu e provocar uma concorrência desleal.

“Temos regulamentos para produzir alimentos em quantidade e qualidade. Atualmente, outros países, nomeadamente os da América do Sul, não têm a mesma regulamentação. É isso que estamos a denunciar”, disse Stéphane Joandel, produtor de leite francês e secretário-geral de um sindicato de agricultores.

“Não podemos pedir aos agricultores que produzam respeitando todas as normas e depois importem produtos que não respeitam o bem-estar animal, as regras ambientais ou mesmo as leis laborais”, disse à Euronews.

Os agricultores europeus estão a exigir “cláusulas-espelho” que obriguem os seus concorrentes a seguir as mesmas regras e regulamentos.

Embora a Comissão Europeia garanta que os países do Mercosul terão de cumprir as regras e regulamentos, um relatório recente afirma que o Brasil não tem garantias suficientes para assegurar que a carne com hormonas proibidas na UE não chegue ao continente.

Quem são os vencedores e os perdedores do acordo?

De acordo com Charlotte Emlinger, economista especializada em comércio e agricultura, os vencedores são a indústria transformadora em sectores como o automóvel, o farmacêutico, a maquinaria, os têxteis e outros, bem como os produtores de vinho e queijo ses.

Os perdedores são os sectores da carne de bovino e de aves de capoeira, explicou a economista. No entanto, ela acredita que o impacto do Mercosul será muito limitado.

“O que foi negociado é uma redução dos direitos aduaneiros para um determinado volume de produtos, como um volume relativamente pequeno de carne de bovino. Estamos a falar de 99 000 toneladas de carne de bovino. Isso representa apenas 1,2% do consumo europeu de carne de bovino. Estes volumes terão um impacto limitado no mercado europeu”, disse à Euronews.

“A cólera dos agricultores é compreensível e até legítima. Trata-se de um sector economicamente muito frágil, que teve recentemente de fazer face a doenças e a intempéries. Penso que o Mercosul é mais a gota de água do que o cerne do problema”, defendeu o economista.

Que países são a favor do acordo comercial do Mercosul?

Vários pesos pesados da UE são a favor do tratado, incluindo a Alemanha, Portugal e Espanha.

“A União Europeia está interessada em fechar-se sobre si própria? Ou está interessada, neste contexto geopolítico particular que estamos a viver, e especialmente depois da eleição norte-americana, em expandir a rede dos nossos acordos comerciais com países terceiros para manter a nossa influência económica e comercial? Penso que a resposta é muito clara”, afirmou Luis Planas Puchades, Ministro da Agricultura espanhol.

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, também manifestou o seu forte apoio, classificando-o como “um acordo de grande importância económica e estratégica”.

Que países se opõem ao acordo comercial e podem bloqueá-lo?

A França opôs-se fervorosamente ao Tratado Mercosul, juntamente com a Polónia, a Áustria e os Países Baixos.

Na ada quarta-feira, a Câmara Baixa do Parlamento francês votou quase por unanimidade contra o acordo - uma rara demonstração de unidade num país politicamente dividido. Mas a votação foi meramente simbólica.

Poderá a França bloquear este tratado? Para o fazer, teria de reunir três países da UE que representam 35% da população do bloco.

Neste momento, o único país populoso que se juntou ao lado da França foi a Polónia. Paris ainda precisa de encontrar mais dois grandes países para formar uma minoria de bloqueio.

A França tem vindo a cortejar nações como a Itália e a Roménia, com populações mais numerosas, para tentar atingir o limiar necessário para travar o acordo.

O que se segue?

A cimeira do Mercosul, que se realizará em 5 e 6 de dezembro no Uruguai, poderá ser um momento-chave para a do acordo.

Se a UE e o bloco sul-americano conseguirem finalizar o tratado, ainda serão necessários vários meses, se não anos, para que as novas leis entrem em vigor.

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