O Dr. Ian Lesser, do German Marshall Fund, diz que todos estão mais atentos após as tentativas de anulação do resultado das eleições de 2020. E embora os riscos tenham aumentado, "as pessoas estão atentas", diz ao Europe Conversation.
O resultado das eleições presidenciais dos EUA pode demorar vários dias a ser conhecido, prevê Ian Lesser, do German Marshall Fund.
"Poderão existir muitas contestações legais, até mesmo legítimas, se o resultado for muito próximo."
"É muito provável que, mesmo alguns dias depois, continuemos sem saber quem ganhou", afirma ao Europe Conversation, na Euronews.
Um dos maiores receios, entre muitos, é que se repitam as tentativas do Partido Republicano de Donald Trump, em 2020, para anular o resultado das eleições ou semear dúvidas suficientes sobre a validade das sondagens.
Lesser diz que tem havido um "risco crescente" de que isto volte a acontecer, mas a vigilância em torno desta questão intensificou-se e "as pessoas estão atentas".
"Existe sempre esse risco. E, como é óbvio, a preocupação em relação a esta questão tem vindo a aumentar nos últimos anos. Por outro lado, as pessoas estão atentas", afirma.
Em janeiro de 2021, Trump pressionou o secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, para "encontrar" votos suficientes para anular a vitória de Joe Biden no estado.
Numa chamada telefónica publicada pelo Washington Post, Trump disse: “Ouça, só quero o seguinte. Encontrar 11 780 votos, mais um do que aqueles que temos. Porque fomos nós que vencemos nesse estado."
Sobre as relações entre a UE e os EUA, Lesser avisa que a preponderância de Trump na imposição de direitos aduaneiros a países que considera terem uma concorrência desleal em relação à América constitui um risco real para a economia europeia.
"Aquilo de que Donald Trump fala pode mudar tudo. Se ele cumprir a sua palavra, irá causar uma mudança estrutural profunda nas economias."
"Além disso, Trump fala da possibilidade de usar os direitos aduaneiros em vez de impostos sobre o rendimento para angariar receitas federais para o país. A última vez que isto aconteceu foi no século dezanove", diz Lesser.
A possibilidade de mais quatro anos de Donald Trump surge numa altura em que a Europa se debate com um crescimento lento e uma capacidade de inovação limitada. O antigo chefe do BCE, Mario Draghi, avisou a UE para se manter no encalço de rivais nos EUA e na China, caso contrário acabará por enfrentar uma "morte lenta".
"Uma coisa é lidar com os obstáculos de que Mario Draghi fala. Mas muitos economistas dizem que, se isto se tornar a norma, não só nos Estados Unidos, mas noutros países, o crescimento global irá estancar de uma forma que virá a tornar todos estes desafios muito mais complicados", alerta Lesser.
Já sobre a segurança europeia e a guerra na Ucrânia, Lesser não acredita que Trump vá retirar os EUA da NATO, mas pode dificultar as coisas para a aliança.
"Ainda existe um grande apoio à NATO por parte do público e no Capitólio, e, no fim de contas, é algo que beneficia a América. Mas ele pode dificultar muito as coisas à NATO."
O consenso da NATO sobre o apoio à Ucrânia mantém-se firme.
Consequentemente, uma mudança de direção por parte da istração Trump poderá ter implicações na posição geral da NATO em relação à Ucrânia.
"O que os EUA pensam e fazem tem tanta importância como todos os outros membros. Se os EUA não encararem a NATO como uma plataforma para o fazer, isso vai fazer toda a diferença", afirma.