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Como é que Portugal conseguiu reduzir o número de incêndios em apenas seis anos?

Até 15 de agosto apenas tinham ocorrido 3.485 incêndios rurais, o número mais reduzido desde 2014
Até 15 de agosto apenas tinham ocorrido 3.485 incêndios rurais, o número mais reduzido desde 2014 Direitos de autor AP Photo
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De Joana Mourão Carvalho
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Tiago Oliveira, presidente da AGIF, destaca a importância do trabalho de sensibilização de proximidade e defende a criação de um mecanismo de interoperabilidade no combate a incêndios a nível europeu.

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Mais de 100 mortos e 500 mil hectares de área ardida. Este cenário já não se repete em Portugal desde 2017, ano em que se registaram os fogos mais mortíferos e mais devastadores no país.

Desde então, o número de incêndios florestais reduziu para mais de metade, sobretudo graças a uma campanha para a prevenção de comportamentos de risco, promovida pela Agência para Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), no âmbito do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais (SGIFR).

"Nós começamos a trabalhar pós 2017. A sociedade portuguesa estava muito traumatizada com o tema dos incêndios e no primeiro ano da campanha em 2018, incidimos numa mensagem mais clara: 'Portugal chama por si', porque era necessário convocar todos os portugueses a reduzir o número de incêndios", refere Tiago Oliveira, presidente do conselho diretivo da AGIF, em declarações à Euronews.

Segundo Tiago Oliveira, deflagravam em Portugal uma média de 20.000 fogos por ano antes de 2019 e no ano ado ocorreram 7.000.

"Isto conseguiu-se com uma campanha de comunicação na televisão, nos jornais, na rádio, e com medidas para melhorar a eficácia da campanha, dando alternativas às pessoas que necessitavam de usar o fogo para eliminar sobrantes agrícolas, fornecendo um número que permitia que as pessoas telefonassem e pedissem ajuda para queimar ou perguntar se podiam queimar ou não", explica o técnico, evidenciando que houve uma alteração nos comportamentos dos portugueses ao nível do uso negligente do fogo.

Depois da campanha "Portugal Chama", que funcionou entre 2018 e 2023, a AGIF lançou uma nova campanha que se vai prolongar até 2026 para diminuir ainda mais estes números.

"Este ano, a estratégia vai ar e está a ar por os personalizados porta a porta, através da Guarda Nacional Republicana, por exemplo. Está a ar por um envolvimento maior, agora com o Ministério da Educação com campanhas nas escolas, entre os cinco e os 12 anos, com o projeto 'Raposa Chama' que vai mobilizar cerca de meio milhão de alunos nos próximos cinco anos", detalha Tiago Oliveira.

De acordo com os dados revelados na segunda-feira pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), o ano de 2024 apresenta, até ao dia 15 de agosto, o valor mais reduzido em número de incêndios e o valor mais reduzido de área ardida, desde 2014. No total, houve já 3.485 incêndios rurais este ano.

Ainda assim, agosto é já o mês com mais área ardida em 2024 e duplicou os valores de julho. De 1 a 15 de agosto arderam 3.484 hectares, enquanto no mês anterior os incêndios tinham consumido uma área de 1.582 hectares. A área ardida nestas primeiras duas semanas corresponde a 44% do total da área ardida este ano em Portugal continental (7.949 hectares).

Comparando os valores do ano de 2024 com os 10 anos anteriores, registaram-se menos 58% de incêndios rurais e menos 87% de área ardida relativamente à média anual neste mesmo período.

"Neste ano, 2024, estamos com 3.500 incêndios, o que é um recorde relativamente relevante, porque as pessoas também de facto consolidaram esse conhecimento no espaço rural. Também houve um verão ameno, não tivemos tanta secura e, portanto, todas as faíscas não geram incêndios", justifica o presidente da AGIF.

Segundo o relatório "State of Wildfires" publicado na revista Earth System Science Data, de março de 2023 a fevereiro de 2024, os incêndios foram de dimensão contida na Europa, devastando apenas 8.400 quilómetros quadrados, mas resultaram na interrupção do fornecimento de água, danos à infraestrutura ou terras agrícolas, com impactos sobre o turismo e economias locais.

Segundo dados do Banco Mundial, os incêndios florestais fizeram prejuízos de 77 mil milhões de euros na Europa em 2023.

Tiago Oliveira defende que a Europa necessita de um "mecanismo de interoperabilidade para que as forças de países vizinhos possam operar da mesma maneira".

"Não basta enviar meios aéreos de um país para o outro. É preciso que quando os meios aéreos chegam, estejam coordenados com as forças que estão no terreno e elas têm que trabalhar com mecanismos comuns. O Canadá e os Estados Unidos fazem isso muito bem e a Europa pode inspirar-se nesse modelo", argumenta.

Além disso, o presidente da AGIF acredita que é necessária uma articulação de políticas. "Nomeadamente, utilizar a Política Agrícola Comum, que permite aos agricultores gerirem melhor as suas florestas e trazer mais atenção da Política Agrícola Comum para terrenos abandonados, para práticas agrícolas que não gerem fogo e permitam uma vegetação sempre tratada", acrescenta.

Até à data, o incêndio em Evros, no nordeste da Grécia, em agosto do ano ado, é o maior alguma vez registado na União Europeia. Arderam 938 quilómetros quadrados de uma só vez, estabelecendo um novo recorde no velho continente.

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