Um novo relatório afirma "com absoluta certeza" que houve uma grande tentativa coordenada nas redes sociais para divulgar narrativas pró-russas, anti-vacinas e anti-LGBT à medida que se aproximava a votação europeia de junho.
Um novo estudo revela que, antes das eleições para o Parlamento Europeu, em junho, várias contas inundaram as redes sociais de países da UE com desinformação, para além de promoverem o discurso político da extrema-direita sa e alemã.
A Delegação Nacional Socialista e Democrática dos Países Baixos encomendou a analistas da consultora neerlandesa Trollrensics um estudo sobre as potenciais redes de desinformação que influenciam a opinião pública antes das eleições europeias.
A consultora efetuou investigações na Alemanha, França, Itália e Países Baixos, para além de uma investigação mais geral sobre palavras e hashtags em língua inglesa relacionadas com as eleições.
"Podemos concluir com absoluta certeza que uma grande rede coordenada de contas estava a influenciar o discurso público nas redes sociais em torno das eleições europeias na Alemanha e em França", diz o relatório.
"A Trollrensics encontrou uma rede de desinformação em Itália, mas não foi muito ativa a influenciar o discurso em torno das eleições europeias italianas", acrescentou. "Nos Países Baixos, não foram identificadas redes de desinformação".
A Trollrensics estudou 2,3 milhões de publicações de cerca de 500 mil contas nesses países e identificou 50 mil contas que difundiam narrativas falsas.
O estudo concluiu que a rede de desinformação na Alemanha era particularmente vasta.
Promoveu o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), o discurso anti-LGBT e a desinformação anti-vacinas.
"Esta é uma rede substancial, que exerce uma grande influência sobre o debate político no X na Alemanha, especificamente na língua alemã", refere o relatório.
A rede em França, por sua vez, tinha muito mais contas do que a rede alemã.
De acordo com a Trollrensics, pelo menos 20% das mensagens relacionadas com o político de extrema-direita Éric Zemmour provinham de contas da rede.
O impacto da campanha de desinformação nos debates políticos no X foi tão substancial que conseguiu fazer com que os tópicos se tornassem tendência apenas inundando as redes sociais com publicações, comentários e gostos, segundo o relatório.
A rede italiana era menos substancial, mas continuava a promover os políticos de direita e a atacar os de esquerda.
Continha muitas contas mais antigas, criadas entre 2011 e 2022, segundo a Trollrensics, o que significa que provavelmente já influenciava a Itália e espalhava narrativas pró-russas há muito tempo.
O relatório afirma, efetivamente, que as redes em França, Alemanha e Itália não foram criadas especificamente para influenciar as eleições europeias - muitas das contas foram criadas logo após o início da invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia, em 2022, e algumas eram ainda mais antigas.
Muitas delas seguem contas e funcionários do governo russo e comentadores populares de extrema-direita, como Dmitry Medvedev, Tucker Carlson e Eva Vlaardingerbroek.
O relatório refere que as redes em França e na Alemanha estão a expandir-se a um "ritmo incrível", com mais contas a serem criadas para amplificar as que já fazem parte da rede.
Para o futuro, a Trollrensics recomenda uma investigação mais aprofundada de redes semelhantes noutros países europeus, para além de se concentrar em potenciais campanhas de desinformação no TikTok e noutras plataformas sociais.
Como é habitual, é fundamental estar atento à origem dos conteúdos das redes sociais que partilhamos e estar atento a estas redes de desinformação.