Após a derrota na segunda volta das eleições legislativas sas, no domingo, o Rassemblement National, liderado por Marine Le Pen, continua a ser uma força importante na Assembleia Nacional.
Dezenas de deputados de extrema-direita recém-eleitos chegaram pela primeira vez, esta quarta-feira, à Assembleia Nacional sa, após serem anunciados os resultados das eleições legislativas sas.
Apesar da derrota do Rassemblement National (RN) para a coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP), seguida pela aliança centrista do presidente Emmanuel Macron, a extrema-direita conseguiu ganhos significativos, ando de 89 lugares, em 2022, para pelo menos 123 na Assembleia Nacional.
A aliança de esquerda detém o maior número de lugares na Assembleia Nacional, com 193 de 577, mas está muito aquém do limiar de 289 lugares para uma maioria. Os centristas de Macron têm 164.
Com este número, o Rassemblement National terá um papel fundamental na manutenção ou na queda do futuro governo. Uma coisa é certa: vão bloquear qualquer primeiro-ministro de esquerda, disse a maioria dos deputados aos jornalistas.
Outros, como o deputado do Rassemblement National, Philippe Ballard, acreditam que a única saída para a crise institucional que se aproxima é uma nova dissolução, que só poderá ocorrer no próximo ano.
"Descrevemos as perspetivas políticas, é um salto para o desconhecido, é um pântano, como lhe chamaram Marine Le Pen e Jordan Bardella", afirmou Ballard, referindo-se aos líderes do partido.
"Também falámos sobre o futuro. Para além de uma nova dissolução dentro de um ano, não vemos outra solução, por isso vamos recomeçar a campanha em breve", acrescentou.
Jordan Bardella, presidente do Rassemblement National e eurodeputado de 28 anos, apelou aos deputados recém-eleitos para serem "perfeitamente irrepreensíveis" durante o seu mandato.
As eleições legislativas foram marcadas pela revelação de numerosos comentários racistas e antissemitas feitos pelos candidatos do Rassemblement National.
Círculo presidencial esforça-se por encontrar aliados
A luta por Matignon, o gabinete do primeiro-ministro, continua no seio dos outros blocos.
O círculo presidencial está a esforçar-se por encontrar aliados numa tentativa de bloquear um governo de esquerda, particularmente o maior partido da coligação: França sem Arco (LFI), partido liderado pela figura polémica Jean-Luc Mélenchon.
"Avisámos muito claramente que, se amanhã o NFP tivesse de governar e só houvesse um membro do partido França Sem Arco, haveria um voto de desconfiança e o governo cairia... Temos de criar uma aliança para além dos atuais blocos que estão paralisados", disse aos jornalistas Aurore Bergé, ministra delegada para a igualdade de género de Macron.
Numa carta publicada na imprensa regional, na quarta-feira, Emmanuel Macron apelou às "forças políticas que se reconhecem nas instituições republicanas" para formarem um grupo maioritário "sólido" na Assembleia Nacional, antes de poderem nomear um novo primeiro-ministro.
A mensagem espera reunir os deputados dos partidos de esquerda mais moderados, como os socialistas (PS), e os moderados do partido conservador de direita, Os Republicanos (LR).
No entanto, o recém-eleito líder do LR, Laurent Wauquiez, anunciou aos meios de comunicação ses que o seu partido não faria qualquer coligação com o círculo presidencial.
À esquerda, os partidos prometeram apresentar um nome para primeiro-ministro esta semana e insistem que são capazes de governar França como um governo minoritário.
"É que o grupo político líder nomeia o primeiro-ministro. O grupo político que lidera é a Nova Frente Popular", disse Jean-Luc Mélénchon, líder do partido França Sem Arco (LFI), aos jornalistas em Bruxelas.
O presidente Emmanuel Macron pediu na segunda-feira ao seu primeiro-ministro, Gabriel Attal, para continuar a tratar dos assuntos correntes, a menos de três semanas do início dos Jogos Olímpicos de Paris.
A primeira sessão da Câmara Baixa do parlamento francês vai realizar-se a 18 de julho.