O primeiro-ministro húngaro tem sido crítico do apoio das instituições europeias a Kiev após a invasão russa, mas a Hungria assumiu a presidência rotativa do Conselho da UE a 1 de julho.
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, chegou esta terça-feira a Kiev e encontrou-se com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy. É a primeira visita de Orbán à Ucrânia desde que começou a invasão russa.
Os dois líderes discutiram como é que uma paz duradoura pode ser conseguida, depois da invasão da Rússia em 2022.
"Para todos nós na Europa, é crucial que o apoio europeu à Ucrânia se mantenha a um nível suficiente, incluindo para a nossa defesa contra o terror russo. É importante que a relação entre todos os vizinhos na Europa se torne mais profunda e eficaz", disse Volodymyr Zelenskyy, em conferência de imprensa.
O primeiro-ministro húngaro tem sido crítico do apoio europeu a Kiev, mantendo relações próximas com Moscovo. A visita de Orbán acontece um dia depois de a Hungria ter assumido a presidência rotativa do Conselho da União Europeia.
A visita de Orbán representa um gesto inédito numa relação marcada pela tensão. Orbán tem frequentemente atrasado ou impedido os esforços de assistência à Ucrânia da UE e a aplicação de sanções a Moscovo, frustrando altos responsáveis europeus e a presidência ucraniana.
Orbán também acusou Kiev de maltratar uma minoria de etnia húngara na região ocidental ucraniana de Zakarpattia, comunidade que utilizou para justificar a sua recusa em fornecer armas à Ucrânia ou permitir a transferência de armamento através da fronteira comum dos dois países.
Destabilizador das prioridades da UE
O primeiro-ministro húngaro, autodenominado líder "iliberal", há muito que é acusado pelos seus parceiros europeus de desmantelar as instituições democráticas no seu país e de atuar como um obstinado destabilizador das principais prioridades políticas da UE.
O bloco congelou mais de 20 mil milhões de dólares de financiamento a Budapeste devido a alegadas violações do Estado de direito e da corrupção, e Orbán conduziu numerosas campanhas contra a UE, descrevendo-a como uma organização demasiado centralizada e repressiva.
A visita surge um dia depois de a Hungria assumir a presidênia rotativa da UE durante seis meses, uma posição que tem pouco poder real mas que pode ser utilizada para definir a agenda do bloco.
Os altos funcionários húngaros indicaram que atuarão como "intermediários honestos" no exercício do cargo, apesar das preocupações de alguns legisladores da UE de que o historial democrático da Hungria a torne inadequada para liderar o bloco.
A visita de Orbán ocorre também numa altura em que este procura recrutar membros para uma nova aliança nacionalista que espera que venha a tornar-se, em breve, o maior grupo de direita do Parlamento Europeu. No domingo, Orbán reuniu-se em Viena com os líderes do Partido da Liberdade, de extrema-direita, da Áustria, e do principal partido da oposição checa, anunciando a formação do novo grupo, "Patriotas pela Europa". O português André Ventura também já mostrou interesse na adesão do Chega.