{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/my-europe/2024/04/28/macron-reabre-debate-sobre-dissuasao-nuclear-enquanto-paises-da-ue-enfrentam-politicas-int" }, "headline": "Macron reabre debate sobre dissuas\u00e3o nuclear, enquanto pa\u00edses da UE enfrentam pol\u00edticas internas", "description": "Macron colocou dissuasores nucleares em cima da mesa numa entrevista publicada na noite de s\u00e1bado, levando outras na\u00e7\u00f5es europeias a ponderar. Em Portugal, a posi\u00e7\u00e3o assumida foi de eliminar progressivamente a energia nuclear.", "articleBody": "Macron apela ao debate 'aberto' sobre os dissuasores nucleares que est\u00e3o a ser utilizados para defender a UE, conforme afirmado numa entrevista publicada por \u00f3rg\u00e3os regionais do grupo de imprensa Ebra. A Fran\u00e7a vai \u201cdefender a sua distin\u00e7\u00e3o mas est\u00e1 disposta a dar um maior contributo para a defesa da Europa\u201d. Isso marca o \u00faltimo de uma s\u00e9rie de discursos nos \u00faltimos meses, durante os quais o presidente franc\u00eas sublinhou a necessidade de uma estrat\u00e9gia de defesa liderada pela Europa. Alguns dias antes, durante um discurso na Universidade Sorbonne, em Paris, Macron alertou que a Europa poderia \u201cmorrer\u201d se n\u00e3o conseguisse construir uma defesa robusta . Macron\u00a0tamb\u00e9m advertiu que a Europa foi confrontada por uma amea\u00e7a existencial representada pela agress\u00e3o russa, continuando a dizer que, \u201cser cred\u00edvel, tamb\u00e9m envolve possuir m\u00edsseis de longo alcance para dissuadir os russos\u201d. Ressurgimento da Fran\u00e7a no nuclear Emmanuel Macron tem defendido o renascimento do programa nuclear da Fran\u00e7a como foco central do seu segundo mandato presidencial. Com a \u00eanfase na cria\u00e7\u00e3o de emprego, investimentos ecol\u00f3gicos e avan\u00e7os nos mini-reatores, os desafios que acompanham este ressurgimento nuclear s\u00e3o m\u00faltiplos. O Presidente da Rep\u00fablica sa tinha sublinhado este compromisso durante a sua campanha de recandidatura em maio de 2022. Meses antes, durante uma visita ao local de fabrico de turbinas Arabelle em Belfort, Macron revelou um ambicioso programa nuclear. Segundo o Presidente, esta \u00e9 a principal solu\u00e7\u00e3o para responder \u00e0 crescente procura de eletricidade impulsionada pelo aumento da eletrifica\u00e7\u00e3o, alcan\u00e7ar a neutralidade carb\u00f3nica at\u00e9 2050, e sustentar pre\u00e7os competitivos da eletricidade para apoiar as empresas sas. Macron tem saudado sem pressa a energia nuclear como uma \u201ctecnologia do futuro\u201d. 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Tr\u00eas anos depois, o pa\u00eds deu um o significativo no sentido do desmantelamento desse reator nuclear de longa data, que tinha sido fundamental na investiga\u00e7\u00e3o cient\u00edfica e no ensino h\u00e1 mais de cinco d\u00e9cadas. Isso marcou definitivamente o plano de uma era que outrora vislumbrava m\u00faltiplas centrais nucleares em Portugal para gerar eletricidade. Era, contudo, na vizinha Espanha que o pa\u00eds se abastecia desse tipo de energia. Entretanto, em 2021, Portugal assinou uma declara\u00e7\u00e3o conjunta com Alemanha, Luxemburgo, \u00c1ustria e Dinamarca para excluir a energia nuclear do financiamento europeu. E\u00a0assumiu uma**\u00a0posi\u00e7\u00e3o firme contra a energia nuclear**, com o anterior ministro do Ambiente e da A\u00e7\u00e3o Clim\u00e1tica, Jo\u00e3o Pedro Matos Fernandes, a destacar as suas defici\u00eancias percebidas durante a 26\u00aa confer\u00eancia das Na\u00e7\u00f5es Unidas sobre o clima (COP26), em Glasgow. Matos Fernandes sublinhou na altura que a energia nuclear \u00e9 considerada insegura, insustent\u00e1vel e economicamente onerosa. Pol\u00e9mica nuclear na Alemanha Enquanto 65 a 70 por cento da eletricidade em Fran\u00e7a \u00e9 gerada por energia nuclear, o n\u00famero da Alemanha era de apenas 1,4% em 2023. \u00c9 indicativo de uma rela\u00e7\u00e3o complicada entre os partidos pol\u00edticos da Alemanha e a energia nuclear. Em meio a preocupa\u00e7\u00f5es com o fornecimento de g\u00e1s ap\u00f3s a invas\u00e3o da Ucr\u00e2nia pela R\u00fassia, tr\u00eas op\u00e7\u00f5es pol\u00edticas foram consideradas pelo governo: estender o uso do combust\u00edvel nuclear existente, comprar novos elementos de combust\u00edvel, ou reabrir as centrais recentemente encerradas. O Partido Verde op\u00f4s-se veementemente ao rein\u00edcio das centrais nucleares. O tratamento da elimina\u00e7\u00e3o nuclear da Alemanha durante a crise energ\u00e9tica de 2022 atraiu escrut\u00ednio para os minist\u00e9rios da economia e do ambiente do pa\u00eds, ambos sob a lideran\u00e7a do Partido Verde, pela sua abordagem ao encerramento das tr\u00eas \u00faltimas centrais nucleares. O ministro federal alem\u00e3o dos Assuntos Econ\u00f3micos e da A\u00e7\u00e3o Clim\u00e1tica, Robert Habeck, viu-se redirecionado para o comit\u00e9 de energia do Bundestag para defender a sua pol\u00e9mica pol\u00edtica no meio da crise energ\u00e9tica. Apesar das discuss\u00f5es internas e avalia\u00e7\u00f5es que sustentam a viabilidade de prolongar a vida \u00fatil das centrais nucleares, ocorreu uma mudan\u00e7a de rumo dentro do minist\u00e9rio do Ambiente, citando \u201craz\u00f5es de seguran\u00e7a nuclear\u201d. 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O governo espanhol anunciou em dezembro planos para a elimina\u00e7\u00e3o gradual dos reatores nucleares do pa\u00eds, estando previsto o primeiro desligamento da central para 2027. O panorama energ\u00e9tico \u00e9 influenciado pela alavancagem estrat\u00e9gica da R\u00fassia da sua capacidade de produ\u00e7\u00e3o de g\u00e1s e pela perturba\u00e7\u00e3o causada por disputas como o recente corte do fornecimento de g\u00e1s pela Arg\u00e9lia a Marrocos, afetando uma das rotas de fornecimento de g\u00e1s da Espanha. O Greenpeace Espanha apela a uma transi\u00e7\u00e3o acelerada para longe da energia nuclear, criticando o plano energ\u00e9tico de Espanha por n\u00e3o dar prioridade a uma mudan\u00e7a r\u00e1pida para 100% de energia renov\u00e1vel. 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Macron reabre debate sobre dissuasão nuclear, enquanto países da UE enfrentam políticas internas

Presidente francês, Emmanuel Macron, faz um discurso sobre a Europa no anfiteatro da Universidade da Sorbonne, quinta-feira
Presidente francês, Emmanuel Macron, faz um discurso sobre a Europa no anfiteatro da Universidade da Sorbonne, quinta-feira Direitos de autor Christophe Petit Tesson/AP
Direitos de autor Christophe Petit Tesson/AP
De Daniel Harper
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Macron colocou dissuasores nucleares em cima da mesa numa entrevista publicada na noite de sábado, levando outras nações europeias a ponderar. Em Portugal, a posição assumida foi de eliminar progressivamente a energia nuclear.

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Macron apela ao debate 'aberto' sobre os dissuasores nucleares que estão a ser utilizados para defender a UE, conforme afirmado numa entrevista publicada por órgãos regionais do grupo de imprensa Ebra. A França vai “defender a sua distinção mas está disposta a dar um maior contributo para a defesa da Europa”.

Isso marca o último de uma série de discursos nos últimos meses, durante os quais o presidente francês sublinhou a necessidade de uma estratégia de defesa liderada pela Europa.

Alguns dias antes, durante um discurso na Universidade Sorbonne, em Paris, Macron alertou que a Europa poderia “morrer” se não conseguisse construir uma defesa robusta. Macron também advertiu que a Europa foi confrontada por uma ameaça existencial representada pela agressão russa, continuando a dizer que, “ser credível, também envolve possuir mísseis de longo alcance para dissuadir os russos”.

Ressurgimento da França no nuclear

Emmanuel Macron tem defendido o renascimento do programa nuclear da França como foco central do seu segundo mandato presidencial.

Com a ênfase na criação de emprego, investimentos ecológicos e avanços nos mini-reatores, os desafios que acompanham este ressurgimento nuclear são múltiplos.

O Presidente da República sa tinha sublinhado este compromisso durante a sua campanha de recandidatura em maio de 2022. Meses antes, durante uma visita ao local de fabrico de turbinas Arabelle em Belfort, Macron revelou um ambicioso programa nuclear.

Segundo o Presidente, esta é a principal solução para responder à crescente procura de eletricidade impulsionada pelo aumento da eletrificação, alcançar a neutralidade carbónica até 2050, e sustentar preços competitivos da eletricidade para apoiar as empresas sas.

Macron tem saudado sem pressa a energia nuclear como uma “tecnologia do futuro”. A atual frota sa de reatores de produção de eletricidade compreende 56 reatores de água pressurizada (PWR), classificados como “geração II”, juntamente com um reator EPR (European Pressurized Water Reactor) atualmente em construção em Flamanville, Manche, designado como “geração III”.

Em janeiro, o presidente Emmanuel Macron declarou a intenção de delinear “as direções primárias para os próximos 8” reatores EPR a partir do verão, como parte do renascimento da energia nuclear, na sequência do lançamento de seis novos reatores EPR, durante uma conferência de imprensa.

Patrulha policial no rio Sena, com a central nuclear de Nogent-sur-Seine ao fundo
Patrulha policial no rio Sena, com a central nuclear de Nogent-sur-Seine ao fundoAP Photo

Portugal eliminou progressivamente o projeto nuclear

Portugal não tem centrais nucleares e o único reator que tinha estava na Universidade de Lisboa. O mesmo estava parado desde 2016. Três anos depois, o país deu um o significativo no sentido do desmantelamento desse reator nuclear de longa data, que tinha sido fundamental na investigação científica e no ensino há mais de cinco décadas.

Isso marcou definitivamente o plano de uma era que outrora vislumbrava múltiplas centrais nucleares em Portugal para gerar eletricidade. Era, contudo, na vizinha Espanha que o país se abastecia desse tipo de energia.

Entretanto, em 2021, Portugal assinou uma declaração conjunta com Alemanha, Luxemburgo, Áustria e Dinamarca para excluir a energia nuclear do financiamento europeu. E assumiu uma** posição firme contra a energia nuclear**, com o anterior ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, a destacar as suas deficiências percebidas durante a 26ª conferência das Nações Unidas sobre o clima (COP26), em Glasgow.

Matos Fernandes sublinhou na altura que a energia nuclear é considerada insegura, insustentável e economicamente onerosa.

Polémica nuclear na Alemanha

Enquanto 65 a 70 por cento da eletricidade em França é gerada por energia nuclear, o número da Alemanha era de apenas 1,4% em 2023. É indicativo de uma relação complicada entre os partidos políticos da Alemanha e a energia nuclear.

Em meio a preocupações com o fornecimento de gás após a invasão da Ucrânia pela Rússia, três opções políticas foram consideradas pelo governo: estender o uso do combustível nuclear existente, comprar novos elementos de combustível, ou reabrir as centrais recentemente encerradas. O Partido Verde opôs-se veementemente ao reinício das centrais nucleares.

O tratamento da eliminação nuclear da Alemanha durante a crise energética de 2022 atraiu escrutínio para os ministérios da economia e do ambiente do país, ambos sob a liderança do Partido Verde, pela sua abordagem ao encerramento das três últimas centrais nucleares.

O ministro federal alemão dos Assuntos Económicos e da Ação Climática, Robert Habeck, viu-se redirecionado para o comité de energia do Bundestag para defender a sua polémica política no meio da crise energética.

Apesar das discussões internas e avaliações que sustentam a viabilidade de prolongar a vida útil das centrais nucleares, ocorreu uma mudança de rumo dentro do ministério do Ambiente, citando “razões de segurança nuclear”.

O Ministro Habeck defendeu as ações do seu ministério, enfatizando a necessidade de se concentrar na substituição do gás natural russo em vez de depender da energia nuclear para a eletricidade.

A decisão de prolongar a vida útil das últimas três centrais nucleares acabou por ser alcançada vários meses depois, refletindo um compromisso empurrado pelo liberal Partido Democrático Livre (FDP).

O tratamento desta matéria tem enfrentado críticas da oposição conservadora da Alemanha, que defende que o processo careceu de transparência e abertura.

Debate em curso em Espanha

A estratégia energética de Espanha continua a ser objeto de debate, com diferentes pontos de vista sobre o papel das energias nucleares e renováveis na consecução da sustentabilidade e independência energética.

O governo espanhol anunciou em dezembro planos para a eliminação gradual dos reatores nucleares do país, estando previsto o primeiro desligamento da central para 2027.

O panorama energético é influenciado pela alavancagem estratégica da Rússia da sua capacidade de produção de gás e pela perturbação causada por disputas como o recente corte do fornecimento de gás pela Argélia a Marrocos, afetando uma das rotas de fornecimento de gás da Espanha.

O Greenpeace Espanha apela a uma transição acelerada para longe da energia nuclear, criticando o plano energético de Espanha por não dar prioridade a uma mudança rápida para 100% de energia renovável.

José Luis García, responsável pelo programa de Emergência Climática do Greenpeace, desafia a classificação da energia nuclear como 'verde', enfatizando a necessidade de abordar riscos ambientais mais amplos associados à energia nuclear.

Enquanto a França procura reforçar a sua segurança energética abraçando a energia nuclear juntamente com as renováveis, a Espanha continua firme no seu compromisso de alcançar a desnuclearização completa até 2035, conforme descrito no seu Plano Nacional Abrangente de Energia e Clima 2021-2030 (Pniec). Incluindo duas centrais nucleares a 100 quilómetros da fronteira portuguesa.

Itália a fazer progressão

A história nuclear da Itália viu todas as quatro centrais encerradas na sequência de um referendo de 1990. Uma tentativa subsequente de reintroduzir a energia nuclear foi interrompida por um referendo de 2011.

A Câmara dos Deputados de Itália lançou um inquérito sobre o papel da energia nuclear na sua transição energética. O país, a única nação do G7 sem centrais nucleares, encerrou a sua última central há mais de 30 anos.

O inquérito visa explorar o potencial contributo da energia nuclear para a descarbonização de Itália até 2030 e a neutralidade climática até 2050. Foi apoiado por membros pró-nuclear mas enfrentou a abstenção de outros.

O ministro do Ambiente em Itália, que acolhe a reunião do G7 este ano, afirmou num discurso recente: “Continuamos a trabalhar com importantes empresas privadas tanto na frente da fissão, portanto na nova geração NUCLEAR com pequenos reatores, como na frente da fusão”

Em março ado, o ministro das Infraestruturas e Transportes e o vice-primeiro-ministro Salvini disse ainda que um país moderno e industrializado “não pode dizer não à energia nuclear”.

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