A Comissão Europeia nunca pôs em causa a meta de vacinar 70% dos adultos até o final do verão, dizendo que está a criar acordos novos e a convidar outras empresas para se juntarem ao esforço de produção.
A União Europeia continua sob fogo de críticas pela baixa taxa de vacinação, com notáveis assimetrias entre alguns Estados-membros. A Comissão Europeia atribui às farmacêuticas a maior parte da responsabilidade pelos atrasos.
Contudo, o facto da saúde ser uma competência de soberania nacional continua a minar o esforço de coordenação, ite o eurodeputado de centro-direita e médico alemão Peter Liese: “As coisas deveriam estar a funcionar melhor e deverão funcionar melhor numa próxima pandemia".
"O primeiro facto a realçar é que a União Europeia não investiu suficientemente na capacidade de produção de vacinas. O Partido Popular Europeu defendeu, em março do ano ado, que se criasse uma nova agência europeia de investigação biomédica que possa investir muito dinheiro", acrescentou Liese, em entrevista à euronews.
Além do atraso geral, as assimetrias também causam polémica:
- Malta já vacinou 30% da população com a primeira dose
- A Dinamarcar está perto de 20%
- Na Bulgária e na Letónia a percentagem ronda os 7%
Faz sentido exportar para todo o mundo?
Ao contrário de outras grandes potências, tais como os EUA e o Reino Unido, que não são muito solidárias com os países vizinhos, a União Europeia continua a exportar as vacinas que produz para todo o mundo.
“Há países que olham primeiro para as necessidades dos seus cidadãos e só depois para a a escala global. Embora continue a pensar que se deve ajudar a vacinar o resto do mundo, a União Europeia subestimou um pouco o facto de outros países não serem de todo cooperantes. Os Estados Unidos, já sob a liderança do presidente Biden, quase não exportam vacinas. A União Europeia continua a abastecer o Canadá e o México", explicou o eurodeputado alemão.
No entanto, os governos dos Estados-membros da União Europeia também fizeram opções com base no preço, ou na técnica usada para fazer as vacinas, que levaram a situações mais complicadas.
A Áustria e a Bulgária, por exemplo, apostaram menos na vacina da Pfizer-BioNTech, dando forte prioridade à vacina da AstraZeneca. Esta empresa anglo-sueca é a que menos tem honrado as promessas contratuais com países da União Europeia, dando preferência ao Reino Unido, com o qual celebrou um contrato mais rígido.
“Retrospetivamente, isso pode parecer ingénuo ou, até mesmo, insensato. Mas penso que será visto de outra forma dentro de quatro meses, quando a União Europeia alcançar o nível do Reino Unido, tendo vacinado quase toda a população, sem ter deixado de enviar centenas de milhões de vacinas para outras partes do mundo, que também precisam de o urgente às vacinas. Talvez aí se possa fazer uma avaliação mais completa sobre se a decisão foi ou não sábia”, considerou Joshua Livestro, comentador político nos Países Baixos, em entrevista à euronews.
A Comissão Europeia nunca pôs em causa a meta de vacinar 70% dos adultos até o final do verão, dizendo que está a criar acordos novos e a convidar outras empresas para se juntarem ao esforço de produção.