A comunidade internacional está cada preocupada com a crise na Nicarágua, onde já morreram cerca de 350 pessoas, nas manifestações contra o regime de Daniel Ortega. O ministro para as Políticas Nacionais da Nicarágua, Paul Oquist, fala em tentativa de golpe de Estado, em entrevista à euronews.
PUBLICIDADEA comunidade internacional está cada vez mais preocupada com a crise na Nicarágua, onde já morreram mais de 350 pessoas, ao longo de três meses de manifestações contra o regime de Daniel Ortega, no poder desde 2006.
O ex-líder revolucionário e a mulher, Rosario Murillo, que é vice-presidente, têm vindo a reforçar o controle sobre as instituições estatais e são acusados de deriva autoritária pela oposição.
A correspondente da euronews, Ana Lazaro Bosch, entrevistou o ministro para as Políticas Nacionais da Nicarágua, Paul Oquist, que participou na reunião UE-CELAC, em Bruxelas.
euronews: Até o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu ao governo da Nicarágua para parar a violência do Estado e desarmar os grupos paramilitares pró-governo.
Paul Oquist: Esse mesmo Alto-comissário disse que a grande maioria das vítimas se deveu à ação das forças do governo, o que não tem qualquer fundamento. Baseia-se em informações facciosas de organizações locais de direitos humanos que, há décadas, não são imparciais. A maneira de obter a verdade a por analisar cada caso e fazer justiça. Não é com generalizações infundadas que não contribuem para restabelecer a paz.
euronews: Mas se não podemos confiar nas Nações Unidas, em quem podemos confiar?
Paul Oquist: Esses relatórios sobre direitos humanos não levam em conta intervenientes não estatais. Há uma tentativa de golpe de Estado. Nesses relatórios, não são mencionadas as atrocidades cometidas por esses intervenientes.
euronews: Existe a possibilidade de o presidente Ortega renunciar e convocar eleições antecipadas?
Paul Oquist: Essa é uma posição golpista. Por que é que o presidente deveria renunciar? Só porque alguém colocou barricadas na rua? Isso não vai resolver o problema. Sabe porquê? Os sandinistas também sabem colocar barricadas nas ruas. Se derrubarmos um governo por causa de barricadas, nunca haverá paz na Nicarágua.