Bruxelas voltou a ser palco de protestos contra o acordo de comércio União Europeia-Canadá, mas representantes dos consumidores e dos empresários dizem que houve progressos com o novo texto negociado
O quarteirão das instituições europeias em Bruxelas encheu-se de manifestantes contra o acordo de comércio entre a União Europeia e Canadá, pouco depois do governo federal belga ter chegado a acordo com a região da Valónia, que o bloqueava há mais de uma semana.
Um manifestante disse que “a batalha está no início. Mesmo que o acordo obtido pela Bélgica seja fraco, houve pela primeira vez um debate democrático de fundo sobre o conteúdo de um acordo de comércio. É o início!”.
A federação europeia das associações de defesa do consumidor (BEUC) está satisfeita com o progresso feito para clarificar o mecanismo a que as empresas poderiam recorrer para processar os governos.
Monique Goyens diz que “a famosa linha vermelha tem a ver com o sistema de arbitragem. Mesmo para os consumidores que nunca se desloquem ao Canadá, esse sistema poderia ter inconvenientes. A longo prazo, a proteção dos investidores através de meios de arbitragem privada poderá desmantelar, ou pelo menos impedir o progresso, da legislação europeia de proteção dos consumidores”.
Grande defensora deste tratado de livre comércio desde o início, a confederação do patronado europeu (BusinessEurope) está contente com a perspetiva de do tratado.
Luísa Santos afirma que “este é um bom acordo, a União Europeia obteve muitas coisas que no início se pensava serem impossíveis, como por exemplo no o ao mercado de contratos públicos, na proteção das indicações geográficas dos produtos. Há um grande o a todos os mercados porque a liberalização atinge quase 100% por cento do comércio”.
Segundo dados da Comissão Europeia, em 2015, o Canadá exportou cerca de 28 mil milhões de euros em produtos para a União Europeia.
Já a comunidade dos 28 países europeus exportou mais de 35 mil milhões de euros nessa categoria, com uma balanço que lhe é favorável em 7 mil milhões de euros.
O primeiro-ministro canadiano cancelou a visita a Bruxelas prevista para esta quinta-feira, ficando a aguardar nova data para a do tratado.