{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/my-europe/2014/12/17/e-se-a-europa-fosse-alvo-de-um-ataque-de-larga-escala" }, "headline": "E se a Europa fosse alvo de um ataque de larga escala?", "description": "E se o impens\u00e1vel acontecesse? E se uma grande cidade europeia sofresse um ataque qu\u00edmico ou fosse alvo de uma bomba nuclear? Estamos preparados para", "articleBody": "E se o impens\u00e1vel acontecesse? E se uma grande cidade europeia sofresse um ataque qu\u00edmico ou fosse alvo de uma bomba nuclear? Estamos preparados para enfrentar um pesadelo? De ataques terroristas de grandes propor\u00e7\u00f5es a cat\u00e1strofes naturais \u2013 a Hist\u00f3ria j\u00e1 nos mostrou repetidamente o qu\u00e3o dif\u00edcil \u00e9 antecipar situa\u00e7\u00f5es extremas. A quest\u00e3o \u00e9: o que fazer se acontecer o pior? Encontrar uma resposta \u00e9 uma prioridade para governos e para a Uni\u00e3o Europeia, que avaliam formas de limitar o impacto potencial destes cen\u00e1rios. O ataque com g\u00e1s sarin no metro de T\u00f3quio, em 1995, por exemplo, continua a ser o epis\u00f3dio mais dram\u00e1tico com armas qu\u00edmicas em grandes cidades. Treze pessoas morreram; a megal\u00f3pole cedeu ao p\u00e2nico. Come\u00e7amos por falar com Jamie Shea, especialista da NATO em quest\u00f5es de seguran\u00e7a. Paul Hackett, euronews: Ser\u00e1 s\u00f3 uma quest\u00e3o de tempo at\u00e9 assistirmos a algo de semelhante numa grande cidade europeia, seja uma bomba suja ou um ataque qu\u00edmico? Jamie Shea: N\u00e3o acho que seja inevit\u00e1vel, claro que n\u00e3o. Mas sabemos, atrav\u00e9s de informa\u00e7\u00f5es que temos recolhido sobre organiza\u00e7\u00f5es terroristas como a al-Qaeda ou o Estado Isl\u00e2mico, na S\u00edria e no Iraque, que h\u00e1 um interesse em adquirir armas qu\u00edmicas, biol\u00f3gicas e mesmo nucleares. No entanto, plane\u00e1-lo n\u00e3o significa que ter\u00e3o a capacidade de o fazer. H\u00e1 muita exposi\u00e7\u00e3o medi\u00e1tica no que toca ao terrorismo. Vimos recentemente no sul de Londres um ataque \u00e0 faca que matou um soldado. Os terroristas n\u00e3o t\u00eam de utilizar grandes meios para gerar a publicidade que procuram. euronews: Mas h\u00e1 fortes ind\u00edcios do uso de armas qu\u00edmicas na S\u00edria. N\u00e3o ser\u00e1 ing\u00e9nuo pensar que n\u00e3o pode acontecer na Europa? Jamie Shea: N\u00e3o, n\u00e3o \u00e9 nada ing\u00e9nuo. Ali\u00e1s, \u00e9 por essa raz\u00e3o que os servi\u00e7os de informa\u00e7\u00e3o t\u00eam aumentado consideravelmente o n\u00famero de funcion\u00e1rios, os recursos, a coopera\u00e7\u00e3o internacional, precisamente para rastrear esse tipo de situa\u00e7\u00f5es. Mas tem raz\u00e3o: os terroristas t\u00eam mostrado muita habilidade na forma como am de um tipo de ataque a outro. No entanto, desde o 11 de setembro que a coopera\u00e7\u00e3o internacional se tornou mais eficaz no bloqueio de conspira\u00e7\u00f5es. euronews: Luc Rombout \u00e9 especialista em gest\u00e3o de crises. Est\u00e1 a Europa preparada para enfrentar um ataque de grande escala como o 11 de setembro ou uma cat\u00e1strofe como Fukushima? Luc Rombout: Se a Europa est\u00e1 preparada\u2026? Acho que nenhum pa\u00eds, nenhuma comunidade pode estar preparada, se tivermos em conta tudo o que pode acontecer quando falamos de riscos, de amea\u00e7as, de incidentes. \u00c9 imposs\u00edvel estar preparado para tudo. A quest\u00e3o reside antes em saber onde est\u00e1 o equil\u00edbrio entre o que um Estado ou uma comunidade podem fazer, em termos de probabilidades e capacidades, perante aquilo que \u00e9 plaus\u00edvel que aconte\u00e7a. euronews: Existe algum consenso entre os pa\u00edses sobre os riscos potenciais? Luc Rombout: Creio que n\u00e3o. Se olharmos para a Fran\u00e7a, o Reino Unido, a Alemanha, a Dinamarca, e para os dez maiores riscos assinalados em cada um destes pa\u00edses, assim como a forma de os gerir, verificamos que h\u00e1 grandes discrep\u00e2ncias, pontos de vista muito diferentes. euronews: Helena Lindberg \u00e9 diretora geral do gabinete sueco de emerg\u00eancia. Acabamos de ouvir que nem sempre os Estados-membros est\u00e3o preparados: est\u00e1 a Su\u00e9cia preparada para qualquer eventualidade? Helena Lindberg: N\u00f3s estamos empenhados nisso e investimos muito na preven\u00e7\u00e3o, na disponibiliza\u00e7\u00e3o de meios e mecanismos para lidar com um acontecimento de larga escala como um ataque, seja de que natureza for. euronews: Se houver um ataque que atinja mais do que um pa\u00eds, quem \u00e9 que dirige as opera\u00e7\u00f5es? Helena Lindberg: \u00c9 importante salientar que n\u00e3o h\u00e1 uma pessoa ou uma organiza\u00e7\u00e3o definidas para assumir o controlo. O que \u00e9 necess\u00e1rio fazer nesses casos \u00e9 coordenar e cooperar. Existem mecanismos destinados a fornecer assist\u00eancia e a receb\u00ea-la de outros pa\u00edses, nomeadamente atrav\u00e9s da prote\u00e7\u00e3o civil. Se atingir v\u00e1rios Estados-membros, \u00e9 claro que a coordena\u00e7\u00e3o ser\u00e1 mais complexa do que num s\u00f3 pa\u00eds. euronews: No caso de uma resposta concertada a n\u00edvel internacional, n\u00e3o ser\u00e3o as dificuldades ainda maiores? Luc Rombout: De um ponto de vista operacional, h\u00e1 um grande desafio que \u00e9: quando um incidente ocorre, o tempo de resposta \u00e9 praticamente nulo. Ou seja, temos de responder imediatamente. As coisas est\u00e3o a avan\u00e7ar. H\u00e1 simula\u00e7\u00f5es promovidas pela Comiss\u00e3o Europeia e pela Uni\u00e3o Europeia. Mas h\u00e1 ainda grandes necessidades a colmatar no que diz respeito \u00e0 hora que se segue ao incidente, \u00e0 hora cr\u00edtica, ao dia cr\u00edtico. Mesmo que tenha havido aperfei\u00e7oamentos, como \u00e9 que podemos responder em larga escala se a rea\u00e7\u00e3o internacional \u00e9 demasiado tardia? euronews: Qual pode ser o papel da NATO nisto? Jamie Shea: N\u00f3s intervimos quando um pa\u00eds considera que necessita de ajuda internacional. A NATO pode ser solicitada de v\u00e1rias formas. Existe o Centro Euro-Atl\u00e2ntico de Coordena\u00e7\u00e3o de Respostas a Cat\u00e1strofes, semelhante ao organismo da Uni\u00e3o Europeia, que pode processar os pedidos de ajuda. Imaginemos que h\u00e1 um ciberataque catastr\u00f3fico que um pa\u00eds n\u00e3o consegue resolver. Este mecanismo permite colocar rapidamente em marcha c\u00f3pias de seguran\u00e7a, servidores alternativos, entre outros. euronews: Se for um grande ataque, a interven\u00e7\u00e3o dos militares \u00e9 quase autom\u00e1tica\u2026? Jamie Shea: \u00c9 preciso distinguir as situa\u00e7\u00f5es. Por vezes, os ataques de que fal\u00e1mos t\u00eam uma abrang\u00eancia muito localizada. Fala-se muito neles, mas t\u00eam uma dimens\u00e3o local, seja numa linha de metro ou num autocarro. Muitas vezes, \u00e9 a pol\u00edcia e os servi\u00e7os de emerg\u00eancia que tratam destes epis\u00f3dios. Mas os militares est\u00e3o sempre presentes. O que a NATO faz \u00e9 preservar uma capacidade de interven\u00e7\u00e3o espec\u00edfica. J\u00e1 abord\u00e1mos a quest\u00e3o dos diferentes ataques. Na Rep\u00fablica Checa, existe um centro que pode analisar imediatamente as subst\u00e2ncias envolvidas, em caso de ataque qu\u00edmico ou biol\u00f3gico. Pode identificar os elementos, organizar a informa\u00e7\u00e3o e acionar a resposta adequada. euronews: Se a NATO tem um centro de excel\u00eancia e mais capacidades do que a Uni\u00e3o Europeia nessa \u00e1rea, pode assumir logo o controlo duma situa\u00e7\u00e3o? Jamie Shea: N\u00e3o, de todo. Cabe \u00e0s duas organiza\u00e7\u00f5es oferecer os meios poss\u00edveis ao pa\u00eds afetado. \u00c9 a melhor forma. Duas pernas s\u00e3o melhores do que uma. euronews: H\u00e1 alguma confus\u00e3o aqui, n\u00e3o \u00e9 muito claro. Quem \u00e9 que pode assumir as opera\u00e7\u00f5es afinal? Luc Rombout: Como salientaram os outros convidados, n\u00e3o \u00e9, de facto, muito claro. Depende muito das circunst\u00e2ncias. Comparemos, por exemplo, as diferen\u00e7as na utiliza\u00e7\u00e3o dos meios militares a n\u00edvel internacional e nos pa\u00edses da Uni\u00e3o Europeia. H\u00e1 pa\u00edses que os utilizam como \u00faltimo recurso; noutros, eles est\u00e3o envolvidos nos servi\u00e7os de emerg\u00eancia ou reservados prioritariamente para situa\u00e7\u00f5es muito espec\u00edficas. euronews: Isto n\u00e3o abre a porta ao caos? Fala-se em coordena\u00e7\u00e3o, mas o que sobressai \u00e9 que pode ser tudo bastante ca\u00f3tico\u2026 Helena Lindberg: Se tiver havido treinos e exerc\u00edcios, se toda a gente souber que papel desempenhar, quais as suas responsabilidades, n\u00e3o tem de ser ca\u00f3tico. Pelo contr\u00e1rio, seria ca\u00f3tico era se houvesse apenas uma organiza\u00e7\u00e3o respons\u00e1vel por lidar com as situa\u00e7\u00f5es. \u00c9 preciso conjugar esfor\u00e7os numa perspetiva abrangente dos problemas e ter meios dispon\u00edveis para providenciar rapidamente assist\u00eancia no pa\u00eds onde ela \u00e9 necess\u00e1ria. euronews: \u00c9 preciso alertar os cidad\u00e3os para os riscos que existem? Luc Rombout: \u00c9 necess\u00e1rio consciencializar a sociedade, a popula\u00e7\u00e3o civil sobre as formas de resposta a uma situa\u00e7\u00e3o de emerg\u00eancia e sobre as possibilidades de ajuda na sequ\u00eancia de uma cat\u00e1strofe. Tamb\u00e9m porque \u00e9 preciso incentivar a resili\u00eancia em detrimento da vulnerabilidade. euronews: O que \u00e9 que a Su\u00e9cia est\u00e1 a fazer para despertar consci\u00eancias para os riscos? Helena Lindberg: \u00c9 uma quest\u00e3o com que muitos pa\u00edses se debatem: como sensibilizar as pessoas? E como criar o equil\u00edbrio necess\u00e1rio para evitar lan\u00e7ar o p\u00e2nico? Temos, de facto, de tornar as sociedades menos vulner\u00e1veis e mais resilientes. Uma forma de o fazer \u00e9 tornar os cidad\u00e3os mais adapt\u00e1veis \u00e0s circunst\u00e2ncias \u2013 torn\u00e1-los capazes de cuidarem de si pr\u00f3prios se houver uma cat\u00e1strofe e de ajudar quem estiver ao lado. euronews: \u00c9 preciso fazer mais para promover uma tomada de consci\u00eancia? Jamie Shea: Claro que sim. Os cidad\u00e3os t\u00eam de estar informados, sem que isso altere o seu quotidiano. Nem sempre \u00e9 poss\u00edvel evitar o golpe. Mas se estivermos bem preparados, bem treinados, bem orientados, se cada um souber o que fazer, os danos podem ser significativamente menores. Nem sempre podemos prever o pior, mas podemos tentar limitar as consequ\u00eancias. \u00c9 a\u00ed que se concentra a gest\u00e3o de uma crise.", "dateCreated": "2014-12-17T19:28:30+01:00", "dateModified": "2014-12-17T19:28:30+01:00", "datePublished": "2014-12-17T19:28:30+01:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F292480%2F1440x810_292480.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "E se o impens\u00e1vel acontecesse? E se uma grande cidade europeia sofresse um ataque qu\u00edmico ou fosse alvo de uma bomba nuclear? Estamos preparados para", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F292480%2F432x243_292480.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ], "url": "/" }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "S\u00e9rie: a minha Europa" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

E se a Europa fosse alvo de um ataque de larga escala?

E se a Europa fosse alvo de um ataque de larga escala?
Direitos de autor 
De Euronews
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button

E se o impensável acontecesse? E se uma grande cidade europeia sofresse um ataque químico ou fosse alvo de uma bomba nuclear? Estamos preparados para

PUBLICIDADE

E se o impensável acontecesse? E se uma grande cidade europeia sofresse um ataque químico ou fosse alvo de uma bomba nuclear? Estamos preparados para enfrentar um pesadelo?

De ataques terroristas de grandes proporções a catástrofes naturais – a História já nos mostrou repetidamente o quão difícil é antecipar situações extremas. A questão é: o que fazer se acontecer o pior? Encontrar uma resposta é uma prioridade para governos e para a União Europeia, que avaliam formas de limitar o impacto potencial destes cenários.

O ataque com gás sarin no metro de Tóquio, em 1995, por exemplo, continua a ser o episódio mais dramático com armas químicas em grandes cidades. Treze pessoas morreram; a megalópole cedeu ao pânico. Começamos por falar com Jamie Shea, especialista da NATO em questões de segurança.

Paul Hackett, euronews: Será só uma questão de tempo até assistirmos a algo de semelhante numa grande cidade europeia, seja uma bomba suja ou um ataque químico?

Jamie Shea: Não acho que seja inevitável, claro que não. Mas sabemos, através de informações que temos recolhido sobre organizações terroristas como a al-Qaeda ou o Estado Islâmico, na Síria e no Iraque, que há um interesse em adquirir armas químicas, biológicas e mesmo nucleares. No entanto, planeá-lo não significa que terão a capacidade de o fazer. Há muita exposição mediática no que toca ao terrorismo. Vimos recentemente no sul de Londres um ataque à faca que matou um soldado. Os terroristas não têm de utilizar grandes meios para gerar a publicidade que procuram.

euronews: Mas há fortes indícios do uso de armas químicas na Síria. Não será ingénuo pensar que não pode acontecer na Europa?

Jamie Shea: Não, não é nada ingénuo. Aliás, é por essa razão que os serviços de informação têm aumentado consideravelmente o número de funcionários, os recursos, a cooperação internacional, precisamente para rastrear esse tipo de situações. Mas tem razão: os terroristas têm mostrado muita habilidade na forma como am de um tipo de ataque a outro. No entanto, desde o 11 de setembro que a cooperação internacional se tornou mais eficaz no bloqueio de conspirações.

euronews: Luc Rombout é especialista em gestão de crises. Está a Europa preparada para enfrentar um ataque de grande escala como o 11 de setembro ou uma catástrofe como Fukushima?

Luc Rombout: Se a Europa está preparada…? Acho que nenhum país, nenhuma comunidade pode estar preparada, se tivermos em conta tudo o que pode acontecer quando falamos de riscos, de ameaças, de incidentes. É impossível estar preparado para tudo. A questão reside antes em saber onde está o equilíbrio entre o que um Estado ou uma comunidade podem fazer, em termos de probabilidades e capacidades, perante aquilo que é plausível que aconteça.

euronews: Existe algum consenso entre os países sobre os riscos potenciais?

Luc Rombout: Creio que não. Se olharmos para a França, o Reino Unido, a Alemanha, a Dinamarca, e para os dez maiores riscos assinalados em cada um destes países, assim como a forma de os gerir, verificamos que há grandes discrepâncias, pontos de vista muito diferentes.

euronews: Helena Lindberg é diretora geral do gabinete sueco de emergência. Acabamos de ouvir que nem sempre os Estados-membros estão preparados: está a Suécia preparada para qualquer eventualidade?

Helena Lindberg: Nós estamos empenhados nisso e investimos muito na prevenção, na disponibilização de meios e mecanismos para lidar com um acontecimento de larga escala como um ataque, seja de que natureza for.

euronews: Se houver um ataque que atinja mais do que um país, quem é que dirige as operações?

Helena Lindberg: É importante salientar que não há uma pessoa ou uma organização definidas para assumir o controlo. O que é necessário fazer nesses casos é coordenar e cooperar. Existem mecanismos destinados a fornecer assistência e a recebê-la de outros países, nomeadamente através da proteção civil. Se atingir vários Estados-membros, é claro que a coordenação será mais complexa do que num só país.

euronews: No caso de uma resposta concertada a nível internacional, não serão as dificuldades ainda maiores?

Luc Rombout: De um ponto de vista operacional, há um grande desafio que é: quando um incidente ocorre, o tempo de resposta é praticamente nulo. Ou seja, temos de responder imediatamente. As coisas estão a avançar. Há simulações promovidas pela Comissão Europeia e pela União Europeia. Mas há ainda grandes necessidades a colmatar no que diz respeito à hora que se segue ao incidente, à hora crítica, ao dia crítico. Mesmo que tenha havido aperfeiçoamentos, como é que podemos responder em larga escala se a reação internacional é demasiado tardia?

euronews: Qual pode ser o papel da NATO nisto?

Jamie Shea: Nós intervimos quando um país considera que necessita de ajuda internacional. A NATO pode ser solicitada de várias formas. Existe o Centro Euro-Atlântico de Coordenação de Respostas a Catástrofes, semelhante ao organismo da União Europeia, que pode processar os pedidos de ajuda. Imaginemos que há um ciberataque catastrófico que um país não consegue resolver. Este mecanismo permite colocar rapidamente em marcha cópias de segurança, servidores alternativos, entre outros.

euronews: Se for um grande ataque, a intervenção dos militares é quase automática…?

Jamie Shea: É preciso distinguir as situações. Por vezes, os ataques de que falámos têm uma abrangência muito localizada. Fala-se muito neles, mas têm uma dimensão local, seja numa linha de metro ou num autocarro. Muitas vezes, é a polícia e os serviços de emergência que tratam destes episódios. Mas os militares estão sempre presentes. O que a NATO faz é preservar uma capacidade de intervenção específica. Já abordámos a questão dos diferentes ataques. Na República Checa, existe um centro que pode analisar imediatamente as substâncias envolvidas, em caso de ataque químico ou biológico. Pode identificar os elementos, organizar a informação e acionar a resposta adequada.

euronews: Se a NATO tem um centro de excelência e mais capacidades do que a União Europeia nessa área, pode assumir logo o controlo duma situação?

Jamie Shea: Não, de todo. Cabe às duas organizações oferecer os meios possíveis ao país afetado. É a melhor forma. Duas pernas são melhores do que uma.

euronews: Há alguma confusão aqui, não é muito claro. Quem é que pode assumir as operações afinal?

Luc Rombout: Como salientaram os outros convidados, não é, de facto, muito claro. Depende muito das circunstâncias. Comparemos, por exemplo, as diferenças na utilização dos meios militares a nível internacional e nos países da União Europeia. Há países que os utilizam como último recurso; noutros, eles estão envolvidos nos serviços de emergência ou reservados prioritariamente para situações muito específicas.

euronews: Isto não abre a porta ao caos? Fala-se em coordenação, mas o que sobressai é que pode ser tudo bastante caótico…

Helena Lindberg: Se tiver havido treinos e exercícios, se toda a gente souber que papel desempenhar, quais as suas responsabilidades, não tem de ser caótico. Pelo contrário, seria caótico era se houvesse apenas uma organização responsável por lidar com as situações. É preciso conjugar esforços numa perspetiva abrangente dos problemas e ter meios disponíveis para providenciar rapidamente assistência no país onde ela é necessária.

euronews: É preciso alertar os cidadãos para os riscos que existem?

Luc Rombout: É necessário consciencializar a sociedade, a população civil sobre as formas de resposta a uma situação de emergência e sobre as possibilidades de ajuda na sequência de uma catástrofe. Também porque é preciso incentivar a resiliência em detrimento da vulnerabilidade.

euronews: O que é que a Suécia está a fazer para despertar consciências para os riscos?

Helena Lindberg: É uma questão com que muitos países se debatem: como sensibilizar as pessoas? E como criar o equilíbrio necessário para evitar lançar o pânico? Temos, de facto, de tornar as sociedades menos vulneráveis e mais resilientes. Uma forma de o fazer é tornar os cidadãos mais adaptáveis às circunstâncias – torná-los capazes de cuidarem de si próprios se houver uma catástrofe e de ajudar quem estiver ao lado.

euronews: É preciso fazer mais para promover uma tomada de consciência?

Jamie Shea: Claro que sim. Os cidadãos têm de estar informados, sem que isso altere o seu quotidiano. Nem sempre é possível evitar o golpe. Mas se estivermos bem preparados, bem treinados, bem orientados, se cada um souber o que fazer, os danos podem ser significativamente menores. Nem sempre podemos prever o pior, mas podemos tentar limitar as consequências. É aí que se concentra a gestão de uma crise.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Crimes contra o ambiente: Está a Europa sentada numa bomba relógio tóxica?

"Drogas legais": Lidar com o perigoso desconhecido

Crise migratória abala 30 anos do Acordo de Schengen