{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/green/2023/11/29/cop28-o-mundo-de-olhos-postos-no-dubai-a-espera-de-sinais-de-esperanca" }, "headline": "COP28: O mundo de olhos postos no Dubai \u00e0 espera de sinais de esperan\u00e7a", "description": "O planeta ficou mais quente desde a confer\u00eancia do ano ado, no Egito. Alguns especialistas dizem que 2023 \u00e9 o ano mais quente j\u00e1 registado.", "articleBody": "Dubai, nos Emirados \u00c1rabes Unidos, receber\u00e1 milhares de participantes na 28\u00aa \u201cConfer\u00eancia das Partes\u201d a confer\u00eancia clim\u00e1tica da ONU, at\u00e9 ao dia 12 de dezembro. A COP28 come\u00e7a ensombrada pelas d\u00favidas de at\u00e9 que ponto este pa\u00eds rico em petr\u00f3leo estar\u00e1 disposto a ajudar a acabar com a crise clim\u00e1tica, impulsionada em grande parte pelo uso de combust\u00edveis f\u00f3sseis. Alguns especialistas dizem que 2023 \u00e9 o ano mais quente j\u00e1 registado. O hemisf\u00e9rio norte teve m\u00e1ximos recordes de temperatura neste ver\u00e3o, e o Brasil \u2013 onde ainda n\u00e3o \u00e9 ver\u00e3o \u2013 registou neste m\u00eas de novembro o m\u00e1ximo de calor e humidade de todos os tempos. A queima de combust\u00edveis f\u00f3sseis que enviam carbono para a atmosfera continua a ser a principal causa do aquecimento global e a produ\u00e7\u00e3o continua a crescer. O acordo clim\u00e1tico de Paris em 2015 estabeleceu uma meta para limitar o aumento das temperaturas globais a 1,5 graus Celsius desde o in\u00edcio da era industrial, mas estamos longe de alcan\u00e7ar esse objetivo. Apesar dos sinais dados pela natureza, com repercuss\u00f5es catastr\u00f3ficas na vida das pessoas, h\u00e1 ainda quem desvalorize as altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas. A Diretora da Organiza\u00e7\u00e3o Mundial de Sa\u00fade, Maria Neira, considera que a sa\u00fade pode ser uma boa raz\u00e3o para motivar as decis\u00f5es que se imp\u00f5em. \u201cTemos eventos clim\u00e1ticos mais extremos, temos deslocamentos massivos, temos um ar que \u00e9 muito t\u00f3xico, contaminado e polu\u00eddo. Temos escassez de \u00e1gua, escassez de alimentos, doen\u00e7as transmitidas por vetores, doen\u00e7as n\u00e3o transmiss\u00edveis, problemas de sa\u00fade mental, altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas. Portanto, a sa\u00fade pode ser a motiva\u00e7\u00e3o importante para tomar mais medidas em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas.\u0022 A sa\u00fade como argumento A sa\u00fade \u00e9 uma das \u00e1reas mais afetadas pela queima dos combust\u00edveis que provocam as altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas. Numa pequena aldeia na Indon\u00e9sia, a menos de cem quil\u00f3metros de Jacarta, e nquanto as crian\u00e7as brincam nas ruas, chamin\u00e9s de gases nocivos saem de uma central el\u00e9trica a carv\u00e3o pr\u00f3xima. Cinzas e cheiro de fuma\u00e7a pairam no ar acima da aldeia. Foi aqui que Edy Suryana viveu mais de tr\u00eas d\u00e9cadas.\u00a0Ele e outros moradores viram os familiares e amigos sofrerem de ataques de tosse, comich\u00e3o na pele, dores de garganta e outros problemas de sa\u00fade que muitos acreditam serem em parte devido \u00e0 sempre presente polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica. Edy Suryana, pai de uma doente com tuberculose, diz:\u00a0 \u0022Claramente sofremos um impacto. Em 2010, a minha cunhada morreu ap\u00f3s um ano de casamento com o meu irm\u00e3o mais novo. Os pulm\u00f5es dela estavam queimados, mas ela n\u00e3o era fumadora.\u0022 A capital da Indon\u00e9sia \u00e9 uma das cidades mais polu\u00eddas do mundo, segundo dados recolhidos pela IQAir, uma empresa su\u00ed\u00e7a de tecnologia a\u00e9rea. A polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica na metr\u00f3pole de 11,2 milh\u00f5es de habitantes vem de uma combina\u00e7\u00e3o de f\u00e1bricas movidas a carv\u00e3o, escapes de ve\u00edculos e motocicletas, queima de lixo e ind\u00fastrias. Os casos de infe\u00e7\u00f5es respirat\u00f3rias agudas e pneumonia t\u00eam aumentado, de acordo com um porta-voz do Minist\u00e9rio da Sa\u00fade da Indon\u00e9sia, que tamb\u00e9m reconheceu que a polui\u00e7\u00e3o do ar em Jacarta excedeu os limites de seguran\u00e7a da OMS. Dados da Ag\u00eancia de Sa\u00fade de Jacarta mostram que o n\u00famero de residentes tratados de pneumonia de janeiro a agosto foi mais que o dobro do mesmo per\u00edodo do ano anterior, com 9.192 casos. O n\u00famero de pacientes que visitam o Hospital Persahabatan de Jacarta, um hospital nacional de refer\u00eancia respirat\u00f3ria, com infec\u00e7\u00f5es respirat\u00f3rias agudas e pneumonia de janeiro a agosto duplicou, diz Fitriani Taufik, pneumologista no hospital. \u201ara esses dois diagn\u00f3sticos (infe\u00e7\u00f5es respirat\u00f3rias agudas e pneumonia), houve um aumento de at\u00e9 100% nas visitas \u00e0s policl\u00ednicas, o que significa que vieram mais pessoas com esses sintomas e diagn\u00f3sticos do que nos anos anteriores\u0022. O doutor Feni Fitriani Taufik prossegue: \u201cS\u00e3o as pessoas em idade produtiva que sofrem sintomas de tosse e resfriados prolongados. Costumavam ter os sintomas apenas tr\u00eas a cinco dias. Agora, depois de duas ou tr\u00eas semanas, a tosse ainda persiste.\u0022 A polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica contribuiu potencialmente para mais de 10.000 mortes e 5.000 hospitaliza\u00e7\u00f5es em Jacarta em 2019, de acordo com uma investiga\u00e7\u00e3o conduzida pela Vital Strategies, uma ONG de sa\u00fade p\u00fablica global com sede em Nova Iorque. Muitos residentes de Jacarta t\u00eam de se aventurar nas ruas polu\u00eddas para ganhar a vida. Misnar, um vendedor ambulante, a os dias a trabalhar ao ar livre. Foi internado no hospital em setembro e ou dias numa c\u00e2mara-de-ar especial para tratar a pneumonia. A condi\u00e7\u00e3o de Misnar piorou devido ao trabalho rotineiro ao ar livre, sob o ar polu\u00eddo, diz sua filha mais velha, Siti Nurzanah. O m\u00e9dico recomenda que permane\u00e7a em casa, mas Minar ganha a vida como vendedor na rua. As emiss\u00f5es provenientes da queima de carv\u00e3o, que \u00e9 altamente poluente mas relativamente barato, contribuem para at\u00e9 um ter\u00e7o da polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica da Indon\u00e9sia, de acordo com o Minist\u00e9rio do Ambiente e Florestas da Indon\u00e9sia. O pa\u00eds comprometeu-se a reduzir as emiss\u00f5es nas pr\u00f3ximas d\u00e9cadas, mas o carv\u00e3o ainda fornece a maior parte das necessidades energ\u00e9ticas da Indon\u00e9sia. ", "dateCreated": "2023-11-29T09:27:53+01:00", "dateModified": "2023-11-29T12:17:53+01:00", "datePublished": "2023-11-29T12:17:27+01:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F08%2F07%2F39%2F72%2F1440x810_cmsv2_ed882353-80b6-57c5-8d75-76068680ecba-8073972.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "Recinto da COP28, no Dubai", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F08%2F07%2F39%2F72%2F432x243_cmsv2_ed882353-80b6-57c5-8d75-76068680ecba-8073972.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ], "url": "/" }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Clima" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

COP28: O mundo de olhos postos no Dubai à espera de sinais de esperança

Recinto da COP28, no Dubai
Recinto da COP28, no Dubai Direitos de autor Rafiq Maqbool/Copyright 2023 The AP. All rights reserved.
Direitos de autor Rafiq Maqbool/Copyright 2023 The AP. All rights reserved.
De Euronews
Publicado a Últimas notícias
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

O planeta ficou mais quente desde a conferência do ano ado, no Egito. Alguns especialistas dizem que 2023 é o ano mais quente já registado.

PUBLICIDADE

Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, receberá milhares de participantes na 28ª “Conferência das Partes” a conferência climática da ONU, até ao dia 12 de dezembro.

A COP28 começa ensombrada pelas dúvidas de até que ponto este país rico em petróleo estará disposto a ajudar a acabar com a crise climática, impulsionada em grande parte pelo uso de combustíveis fósseis.

Alguns especialistas dizem que 2023 é o ano mais quente já registado.

O hemisfério norte teve máximos recordes de temperatura neste verão, e o Brasil – onde ainda não é verão – registou neste mês de novembro o máximo de calor e humidade de todos os tempos.

A queima de combustíveis fósseis que enviam carbono para a atmosfera continua a ser a principal causa do aquecimento global e a produção continua a crescer.

O acordo climático de Paris em 2015 estabeleceu uma meta para limitar o aumento das temperaturas globais a 1,5 graus Celsius desde o início da era industrial, mas estamos longe de alcançar esse objetivo.

Apesar dos sinais dados pela natureza, com repercussões catastróficas na vida das pessoas, há ainda quem desvalorize as alterações climáticas. A Diretora da Organização Mundial de Saúde, Maria Neira, considera que a saúde pode ser uma boa razão para motivar as decisões que se impõem.

“Temos eventos climáticos mais extremos, temos deslocamentos massivos, temos um ar que é muito tóxico, contaminado e poluído. Temos escassez de água, escassez de alimentos, doenças transmitidas por vetores, doenças não transmissíveis, problemas de saúde mental, alterações climáticas. Portanto, a saúde pode ser a motivação importante para tomar mais medidas em relação às alterações climáticas."

A saúde como argumento

A saúde é uma das áreas mais afetadas pela queima dos combustíveis que provocam as alterações climáticas.

Numa pequena aldeia na Indonésia, a menos de cem quilómetros de Jacarta, enquanto as crianças brincam nas ruas, chaminés de gases nocivos saem de uma central elétrica a carvão próxima.

Cinzas e cheiro de fumaça pairam no ar acima da aldeia. Foi aqui que Edy Suryana viveu mais de três décadas. Ele e outros moradores viram os familiares e amigos sofrerem de ataques de tosse, comichão na pele, dores de garganta e outros problemas de saúde que muitos acreditam serem em parte devido à sempre presente poluição atmosférica.

Edy Suryana, pai de uma doente com tuberculose, diz: "Claramente sofremos um impacto. Em 2010, a minha cunhada morreu após um ano de casamento com o meu irmão mais novo. Os pulmões dela estavam queimados, mas ela não era fumadora."

A capital da Indonésia é uma das cidades mais poluídas do mundo, segundo dados recolhidos pela IQAir, uma empresa suíça de tecnologia aérea.

A poluição atmosférica na metrópole de 11,2 milhões de habitantes vem de uma combinação de fábricas movidas a carvão, escapes de veículos e motocicletas, queima de lixo e indústrias.

Os casos de infeções respiratórias agudas e pneumonia têm aumentado, de acordo com um porta-voz do Ministério da Saúde da Indonésia, que também reconheceu que a poluição do ar em Jacarta excedeu os limites de segurança da OMS.

Dados da Agência de Saúde de Jacarta mostram que o número de residentes tratados de pneumonia de janeiro a agosto foi mais que o dobro do mesmo período do ano anterior, com 9.192 casos.

O número de pacientes que visitam o Hospital Persahabatan de Jacarta, um hospital nacional de referência respiratória, com infecções respiratórias agudas e pneumonia de janeiro a agosto duplicou, diz Fitriani Taufik, pneumologista no hospital.

“Para esses dois diagnósticos (infeções respiratórias agudas e pneumonia), houve um aumento de até 100% nas visitas às policlínicas, o que significa que vieram mais pessoas com esses sintomas e diagnósticos do que nos anos anteriores".

O doutor Feni Fitriani Taufik prossegue: “São as pessoas em idade produtiva que sofrem sintomas de tosse e resfriados prolongados. Costumavam ter os sintomas apenas três a cinco dias. Agora, depois de duas ou três semanas, a tosse ainda persiste."

A poluição atmosférica contribuiu potencialmente para mais de 10.000 mortes e 5.000 hospitalizações em Jacarta em 2019, de acordo com uma investigação conduzida pela Vital Strategies, uma ONG de saúde pública global com sede em Nova Iorque.

Muitos residentes de Jacarta têm de se aventurar nas ruas poluídas para ganhar a vida. Misnar, um vendedor ambulante, a os dias a trabalhar ao ar livre.

Foi internado no hospital em setembro e ou dias numa câmara-de-ar especial para tratar a pneumonia.

A condição de Misnar piorou devido ao trabalho rotineiro ao ar livre, sob o ar poluído, diz sua filha mais velha, Siti Nurzanah. O médico recomenda que permaneça em casa, mas Minar ganha a vida como vendedor na rua.

As emissões provenientes da queima de carvão, que é altamente poluente mas relativamente barato, contribuem para até um terço da poluição atmosférica da Indonésia, de acordo com o Ministério do Ambiente e Florestas da Indonésia.

O país comprometeu-se a reduzir as emissões nas próximas décadas, mas o carvão ainda fornece a maior parte das necessidades energéticas da Indonésia.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Futuro do planeta discutido no Dubai

Temperaturas podem superar limite de 1,5ºC nos próximos cinco anos, alertam cientistas

“Onde o conflito, a pobreza e o clima colidem": número de pessoas deslocadas internamente ultraa os 80 milhões