{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/green/2020/11/09/os-dados-climaticos-contribuem-para-identificar-as-prioridades-da-protecao-da-biodiversida" }, "headline": "Os dados clim\u00e1ticos contribuem para identificar as prioridades da prote\u00e7\u00e3o da biodiversidade", "description": "As altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas afetam cerca de nove milh\u00f5es de esp\u00e9cies animais e vegetais em todo o mundo. \u00c9 necess\u00e1rio proteg\u00ea-las, o que implica acompanhar e compreender o impacto do clima nessas esp\u00e9cies.", "articleBody": "As altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas afetam cerca de nove milh\u00f5es de esp\u00e9cies animais e vegetais em todo o mundo. \u00c9 necess\u00e1rio proteg\u00ea-las, o que implica acompanhar e compreender o impacto do clima nessas esp\u00e9cies. \u2028\u0022O mundo vivo \u00e9 uma maravilha \u00fanica e espetacular\u0022, ouve-se na voz de bar\u00edtono de David Attenborough sobre um pano de fundo de imagens de vida selvagem num cen\u00e1rio de savana no ecr\u00e3. \u0022Se agirmos j\u00e1, ainda podemos salv\u00e1-lo\u0022, acrescenta o naturalista brit\u00e2nico e personalidade da televis\u00e3o , referindo-se \u00e0 forma como podemos ainda salvar e proteger os animais e as plantas que coloc\u00e1mos em perigo com s\u00e9culos de impacto no mundo natural. Os especialistas estimam que poderemos perder cerca de 18% das esp\u00e9cies vegetais do mundo, e 22% dos mam\u00edferos, se a temperatura m\u00e9dia global subir 2 \u00b0C at\u00e9 2100. Sendo as altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas um dos principais motivos da perda de biodiversidade, os decisores pol\u00edticos em busca de solu\u00e7\u00f5es de prote\u00e7\u00e3o t\u00eam de saber como diferentes cen\u00e1rios clim\u00e1ticos futuros afetar\u00e3o as esp\u00e9cies. Seja como for, ser\u00e1 que a nossa ci\u00eancia e m\u00e9todos est\u00e3o a ajudar-nos de forma precisa a prever a forma como as esp\u00e9cies ir\u00e3o reagir \u00e0s mudan\u00e7as dos habitats e do clima? S\u00e3o in\u00fameros os cientistas, laborat\u00f3rios, startups e governos que desenvolvem atividades \u00e0 dist\u00e2ncia e no terreno destinadas a compreender o comportamento do clima global e local, bem como a forma como este poder\u00e1 mudar at\u00e9 ao final do s\u00e9culo. Pelo menos um quarto do que se estima serem as 8,7 milh\u00f5es de esp\u00e9cies do planeta poder\u00e1 j\u00e1 estar a deslocar-se, advertiram especialistas , afastado dos seus habitats pelas altera\u00e7\u00f5es do clima e atividades humanas. Esses mesmos fatores podem levar \u00e0 extin\u00e7\u00e3o de cerca de um milh\u00e3o de esp\u00e9cies animais e vegetais nas pr\u00f3ximas d\u00e9cadas, pode ler-se no relat\u00f3rio IPBES , estudo que real\u00e7a tamb\u00e9m que as altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas suscitam cada vez mais riscos para as esp\u00e9cies, pois n\u00e3o agem isoladamente - as suas intera\u00e7\u00f5es com as mudan\u00e7as na utiliza\u00e7\u00e3o dos terrenos e a explora\u00e7\u00e3o excessiva dos recursos marinhos amplificam os efeitos negativos na fauna. N\u00e3o nos arriscamos apenas a perder essas esp\u00e9cies. A perda de biodiversidade pode afetar significativamente a nossa sa\u00fade se os servi\u00e7os prestados pela natureza deixarem de se adequar \u00e1s nossas necessidades, adverte a Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade ( OMS ). Com o desaparecimento das esp\u00e9cies vegetais, a menor diversidade gen\u00e9tica das plantas pode tornar as culturas mais vulner\u00e1veis a pragas e doen\u00e7as, prejudicando a seguran\u00e7a alimentar, tanto ao n\u00edvel global como local; por outro lado, a reserva de plantas medicinais com potencial de proporcionar novos tratamentos para as doen\u00e7as humanas poder\u00e1 diminuir.\u2028 Cada esp\u00e9cie de plantas e animais floresce apenas em determinadas condi\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas, no que cientistas designam por \u0022envolvente clim\u00e1tica\u0022. \u0022Trata-se de uma zona de conforto\u0022, afirmou o Dr. Samuel Almond, respons\u00e1vel de aplica\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas do Servi\u00e7o de Monitoriza\u00e7\u00e3o das Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas Copernicus (C3S). Se a temperatura ou a precipita\u00e7\u00e3o se afastarem dessa zona, por exemplo, para uma \u00e1rvore, e se essas esp\u00e9cies n\u00e3o se conseguirem adaptar \u00e0s altera\u00e7\u00f5es, o seu crescimento e reprodu\u00e7\u00e3o ser\u00e3o afetados\u0022. As mudan\u00e7as do clima dos seus habitats podem afetar negativamente os mecanismos biol\u00f3gicos da fauna e das plantas, ou impeli-las a migrar para locais com condi\u00e7\u00f5es semelhantes \u00e0s que preferem. Outras esp\u00e9cies conseguir\u00e3o adaptar-se e sobreviver nas condi\u00e7\u00f5es alteradas. H\u00e1 tamb\u00e9m outros fatores que podem interferir. Frequentemente, as altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas n\u00e3o afetam diretamente a fauna, segundo o Dr. Mark Urban, professor associado na Universidade do Connecticut. \u0022Muitos dos impactos clim\u00e1ticos sobre a biodiversidade ocorrem atrav\u00e9s de intera\u00e7\u00f5es entre as esp\u00e9cies. O decl\u00ednio de uma esp\u00e9cie pode n\u00e3o resultar da sua incapacidade de ar o calor, mas talvez porque os seus alimentos estejam a desaparecer, ou porque existe um novo predador ou uma nova doen\u00e7a que chegou com as altera\u00e7\u00f5es da temperatura\u0022, afirmou o Dr. Urban \u00e0 Euronews. \u0022Poderemos querer focalizar-nos em esp\u00e9cies cruciais em determinadas redes alimentares, que s\u00e3o muitas vezes sens\u00edveis \u00e0s altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas. Essas esp\u00e9cies s\u00e3o frequentemente grandes predadores e, uma vez que desempenham um papel crucial no ecossistema, quaisquer impactos clim\u00e1ticos sobre elas ter\u00e3o um enorme efeito noutras esp\u00e9cies\u0022.\u2028\u2028 Segundo o Dr. Urban, \u0022desconhecemos a qualidade das nossas previs\u00f5es sobre as rea\u00e7\u00f5es da biodiversidade \u00e0s altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas. Estamos atualmente a utilizar correla\u00e7\u00f5es ou estat\u00edsticas para prever o futuro, as quais podem funcionar durante um per\u00edodo para algumas esp\u00e9cies, no entanto, quando enfrentamos algo mais complicado, essas previs\u00f5es desmoronam-se muito facilmente. O desafio a por melhorar as previs\u00f5es: criar modelos utilizando a biologia em vez de estat\u00edsticas\u0022. O cientista sediado no Connecticut afirma que a inclus\u00e3o dos processos naturais das esp\u00e9cies (ou seja, o nascimento, a morte ou a forma como se deslocam e a que dist\u00e2ncias) na modela\u00e7\u00e3o dos impactos clim\u00e1ticos sobre a biodiversidade dar-nos-\u00e1 uma imagem mais ajustada do que o futuro reserva para milh\u00f5es de esp\u00e9cies. Por outro lado, ajudar-nos-\u00e1 a priorizar a prote\u00e7\u00e3o das esp\u00e9cies mais necessitadas. \u0022Sem conhecermos quais as esp\u00e9cies que se conseguem adaptar e as que n\u00e3o, poderemos estar a usar um grande volume de recursos sobre as primeiras e a permitir o decl\u00ednio de outras\u0022, afirmou o Dr. Urban. \u2028\u2028Contudo, existe cada vez mais informa\u00e7\u00e3o clim\u00e1tica que pode ajudar os investigadores e os decisores pol\u00edticos a compreenderem as formas como as altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas podem redistribuir as esp\u00e9cies e os seus habitats.\u2028\u0022Estamos a criar um conjunto de indicadores concebidos especificamente para que a comunidade interessada nos temas da biodiversidade o possa usar na modela\u00e7\u00e3o e na monitoriza\u00e7\u00e3o biol\u00f3gica\u0022, explicou o Dr. Almond, do C3S, sobre o Global Biodiversity Service . \u0022Os dados do Global Biodiversity Service analisam as condi\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas previstas para as pr\u00f3ximas d\u00e9cadas\u0022, afirmou o Professor Koen de Ridder do Instituto Flamengo de Investiga\u00e7\u00e3o Tecnol\u00f3gica ( VITO ), que trabalha em estreita coopera\u00e7\u00e3o com o C3S no projeto. \u0022Entre as dificuldades em associar os indicadores clim\u00e1ticos \u00e0s esp\u00e9cies est\u00e1 o facto de o clima n\u00e3o ser o \u00fanico fator que afeta a abund\u00e2ncia das esp\u00e9cies e a adequa\u00e7\u00e3o do habitat. Contudo, o IPBES prev\u00ea que, para muitas regi\u00f5es e esp\u00e9cies, o clima se torne um fator dominante no futuro. \u00c9 precisamente nesta \u00e1rea que o Global Biodiversity Service d\u00e1 uma resposta, proporcionando uma perspetiva sobre o futuro do clima.\u0022 Ridder explica que o servi\u00e7o ajudar\u00e1 a comunidade envolvida nos temas da prote\u00e7\u00e3o e outros a medir melhor os riscos do clima sobre as esp\u00e9cies, bem como a incluir fatores clim\u00e1ticos nos projetos de prote\u00e7\u00e3o das esp\u00e9cies e a encontrar solu\u00e7\u00f5es para amea\u00e7as concretas, tais como determinar para onde deslocar esp\u00e9cies amea\u00e7adas. Os indicadores clima-biodiversidade do Global Biodiversity Service medem o impacto da temperatura, da precipita\u00e7\u00e3o e de outras vari\u00e1veis terrestres, oce\u00e2nicas e atmosf\u00e9ricas, n\u00e3o s\u00f3 nos alcances geogr\u00e1ficos dessas esp\u00e9cies, mas tamb\u00e9m no seu grau de adapta\u00e7\u00e3o e reprodu\u00e7\u00e3o, e nos servi\u00e7os que prestam aos ecossistemas. Segundo o Dr. Almond, \u0022todos os indicadores t\u00eam uma escala global, mas tamb\u00e9m produzimos proje\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas de n\u00edvel local e regional\u0022. Segundo o C3S, os utilizadores poder\u00e3o usar os 80 indicadores e incorpor\u00e1-los nos seus pr\u00f3prios modelos. A plataforma pode tamb\u00e9m produzir mapas que mostram como as envolventes clim\u00e1ticas das esp\u00e9cies poder\u00e3o evoluir desde a atualidade at\u00e9 2100, se existir informa\u00e7\u00e3o sobre a toler\u00e2ncia ambiental das esp\u00e9cies. \u0022Um deles permitir\u00e1 ver onde as esp\u00e9cies ir\u00e3o estar sob press\u00e3o, onde \u00e9 mais prov\u00e1vel que sobrevivam, quais as \u00e1rvores suscet\u00edveis \u00e0s altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas e que tipos devem ser plantados para atenuar ou refor\u00e7ar a adaptabilidade \u00e0 mudan\u00e7a do clima\u0022, acrescentou o Dr. Almond. Quando o servi\u00e7o entrar em funcionamento no final de 2020, os cientistas do C3S ter\u00e3o j\u00e1 testado os dados relativos a esp\u00e9cies vegetais e animais espalhadas pelo mundo. \u0022Temos estado a investigar a forma como as florestas tropicais da \u00c1frica Central se ir\u00e3o adaptar a altera\u00e7\u00f5es dos regimes de precipita\u00e7\u00e3o, ou como as mudan\u00e7as da concentra\u00e7\u00e3o do gelo marinho ir\u00e3o influenciar a prote\u00e7\u00e3o das focas no mar B\u00e1ltico\u0022, afirmou o Dr. Almond. No Brasil, os especialistas est\u00e3o a investigar as formas atrav\u00e9s das quais as condi\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas podem afetar o alcance geogr\u00e1fico do mico-le\u00e3o-de-juba-dourada, um primata amea\u00e7ado. \u0022Uma an\u00e1lise baseada em indicadores clim\u00e1ticos ajustados ao caso mostrou que as condi\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas futuras ser\u00e3o desfavor\u00e1veis para estes macacos nas \u00e1reas protegidas onde atualmente vivem\u0022, explicou o Prof. de Ridder. \u0022Estes conhecimentos, em conjunto com outros tipos de informa\u00e7\u00f5es, est\u00e3o a ser usados na elabora\u00e7\u00e3o de planos de prote\u00e7\u00e3o da esp\u00e9cie\u0022. Seguir a forma como as esp\u00e9cies migrat\u00f3rias reagem \u00e0s altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas \u00e9 outra miss\u00e3o complexa. Uma aplica\u00e7\u00e3o explora a liga\u00e7\u00e3o entre as datas de migra\u00e7\u00e3o das aves e as vari\u00e1veis clim\u00e1ticas. O seu \u00e2mbito de estudo \u00e9 a Europa, com esp\u00e9cies importantes como a cegonha-branca ou o milhafre-preto, combinando dados disponibilizados por projetos cient\u00edficos de cidad\u00e3os com dados de observa\u00e7\u00e3o terrestre do C3S. \u0022Os dados recolhidos em iniciativas como a eBird em conjunto com imagens de sat\u00e9lite de alta resolu\u00e7\u00e3o recentemente adquiridas constituem uma ferramenta poderosa e econ\u00f3mica para monitorizar aves migrat\u00f3rias e outras esp\u00e9cies no longo prazo\u0022, comentou Juan Arevalo, diretor executivo da Randbee Consultants, uma empresa que produz an\u00e1lises de dados para efeitos de pol\u00edtica ambiental. Segundo ele, \u0022a identifica\u00e7\u00e3o dos impactos das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas em esp\u00e9cies bioindicadoras como as aves migrat\u00f3rias permite-nos compreender melhor os efeitos sobre os ecossistemas e a tomar as decis\u00f5es de gest\u00e3o mais adequadas para as proteger\u0022. As altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas interagem tamb\u00e9m com outras amea\u00e7as que as esp\u00e9cies enfrentam, real\u00e7a o Dr. Urban, o que torna fundamental criar modelos da forma como essas esp\u00e9cies podem reagir \u00e0 combina\u00e7\u00e3o dessas mesmas amea\u00e7as. No que toca ao refor\u00e7o da precis\u00e3o das previs\u00f5es da biodiversidade, Urban est\u00e1 esperan\u00e7oso, estabelecendo um paralelo com os avan\u00e7os significativos nas previs\u00f5es clim\u00e1ticas. \u0022O modelo original de que disp\u00fanhamos era bastante fraco. Contudo, o a o, os cientistas clim\u00e1ticos recolheram as informa\u00e7\u00f5es, criaram um sistema de monitoriza\u00e7\u00e3o global e identificaram os mecanismos e processos que teriam de incluir; assistimos a aumentos dr\u00e1sticos da exatid\u00e3o preditiva e da capacidade de efetuar a reconstitui\u00e7\u00e3o (hindcasting) do clima. Estamos a falar da mesma coisa na biologia, mas a diferen\u00e7a \u00e9 que pretendemos fazer previs\u00f5es sobre milh\u00f5es de esp\u00e9cies.\u201d\u2028\u2028A escolha das esp\u00e9cies sobre as quais elaborar previs\u00f5es para utilizar plataformas como a do C3S vem acompanhada de dilemas. At\u00e9 agora, o servi\u00e7o de biodiversidade do C3S foi usado com esp\u00e9cies que constam da agenda da comunidade envolvida nas quest\u00f5es da biodiversidade. O Dr. Urban diz que o enfoque em esp\u00e9cies que se prevejam amea\u00e7adas \u00e9 crucial para as proteger, mas \u00e9 necess\u00e1rio n\u00e3o perder de vista as que podem estar em risco no futuro. \u0022Agora que compreendemos melhor as altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas, temos de entender quais s\u00e3o, de facto, esses impactos na biodiversidade, e encontrar formas de os atenuar\u0022, segundo o Dr. Urban. \u0022Na verdade, tal reduz-se a uma quest\u00e3o de recursos. Estamos a tentar chamar a aten\u00e7\u00e3o mundial para o facto de este ser um tema verdadeiramente cr\u00edtico. Seria uma pena perder um grande n\u00famero de esp\u00e9cies devido \u00e0s altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas, pois elas s\u00e3o fundamentais para a nossa sa\u00fade, a nossa economia e at\u00e9 para a nossa cultura.\u0022 ", "dateCreated": "2020-11-09T11:22:29+01:00", "dateModified": "2020-11-09T13:10:14+01:00", "datePublished": "2020-11-09T12:42:25+01:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F05%2F11%2F57%2F66%2F1440x810_cmsv2_cf3c1d04-5a29-55de-b914-d1be76285bce-5115766.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "As altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas afetam cerca de nove milh\u00f5es de esp\u00e9cies animais e vegetais em todo o mundo. \u00c9 necess\u00e1rio proteg\u00ea-las, o que implica acompanhar e compreender o impacto do clima nessas esp\u00e9cies.", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F05%2F11%2F57%2F66%2F432x243_cmsv2_cf3c1d04-5a29-55de-b914-d1be76285bce-5115766.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ], "url": "/" }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "S\u00e9ries" ] }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] } #accessibility-bar,#c-burger-button-checkbox,#c-language-switcher-list-open,.c-breaking-news,.c-language-switcher__list,.c-search-form__loader, .o-site-hr__second-level__dropdown,.o-site-hr__second-level__dropdown-mask,.o-site-hr__sidebar,.o-site-hr__sidebar-mask{display:none} .c-barre-now .c-tags-list,.c-barre-now__container,.c-navigation-bar,.c-navigation-bar__wrappable-list,.c-search-form.c-search-engine,.o-site-hr__first-level__container,.o-site-hr__second-level__container,.o-site-hr__second-level__links,.o-site-hr__second-level__burger-logo,.c-burger-button{display:flex} body:not(.has-no-advertising, .has-no-connatix-player, .is-partner-content) .c-article-content > p:nth-of-type(4) + :not(#connatix-container)::before { content: ''; display: block; margin-block-end: 32px; min-height: clamp(162px, calc(100vw * 9 / 16), 310px); } body:not(.has-no-advertising, .has-no-connatix-player, .is-partner-content) .c-article-content > p:nth-of-type(4) + :not(.widget)::before { margin-block-start: 32px; } @s (content-visibility: hidden) { .o-site-hr__second-level__dropdown,.o-site-hr__sidebar { display: flex; content-visibility: hidden; } }
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Os dados climáticos contribuem para identificar as prioridades da proteção da biodiversidade

Os dados climáticos contribuem para identificar as prioridades da proteção da biodiversidade
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As alterações climáticas afetam cerca de nove milhões de espécies animais e vegetais em todo o mundo. É necessário protegê-las, o que implica acompanhar e compreender o impacto do clima nessas espécies.


"O mundo vivo é uma maravilha única e espetacular", ouve-se na voz de barítono de David Attenborough sobre um pano de fundo de imagens de vida selvagem num cenário de savana no ecrã. "Se agirmos já, ainda podemos salvá-lo", acrescenta o naturalista britânico e personalidade da televisão , referindo-se à forma como podemos ainda salvar e proteger os animais e as plantas que colocámos em perigo com séculos de impacto no mundo natural.

Os especialistas estimam que poderemos perder cerca de 18% das espécies vegetais do mundo, e 22% dos mamíferos, se a temperatura média global subir 2 °C até 2100. Sendo as alterações climáticas um dos principais motivos da perda de biodiversidade, os decisores políticos em busca de soluções de proteção têm de saber como diferentes cenários climáticos futuros afetarão as espécies. Seja como for, será que a nossa ciência e métodos estão a ajudar-nos de forma precisa a prever a forma como as espécies irão reagir às mudanças dos habitats e do clima?

São inúmeros os cientistas, laboratórios, startups e governos que desenvolvem atividades à distância e no terreno destinadas a compreender o comportamento do clima global e local, bem como a forma como este poderá mudar até ao final do século. Pelo menos um quarto do que se estima serem as 8,7 milhões de espécies do planeta poderá já estar a deslocar-se, advertiram especialistas, afastado dos seus habitats pelas alterações do clima e atividades humanas. Esses mesmos fatores podem levar à extinção de cerca de um milhão de espécies animais e vegetais nas próximas décadas, pode ler-se no relatório IPBES, estudo que realça também que as alterações climáticas suscitam cada vez mais riscos para as espécies, pois não agem isoladamente - as suas interações com as mudanças na utilização dos terrenos e a exploração excessiva dos recursos marinhos amplificam os efeitos negativos na fauna.

Não nos arriscamos apenas a perder essas espécies. A perda de biodiversidade pode afetar significativamente a nossa saúde se os serviços prestados pela natureza deixarem de se adequar ás nossas necessidades, adverte a Organização Mundial da Saúde (OMS). Com o desaparecimento das espécies vegetais, a menor diversidade genética das plantas pode tornar as culturas mais vulneráveis a pragas e doenças, prejudicando a segurança alimentar, tanto ao nível global como local; por outro lado, a reserva de plantas medicinais com potencial de proporcionar novos tratamentos para as doenças humanas poderá diminuir.


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Cada espécie de plantas e animais floresce apenas em determinadas condições climáticas, no que cientistas designam por "envolvente climática". "Trata-se de uma zona de conforto", afirmou o Dr. Samuel Almond, responsável de aplicações climáticas do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas Copernicus (C3S). Se a temperatura ou a precipitação se afastarem dessa zona, por exemplo, para uma árvore, e se essas espécies não se conseguirem adaptar às alterações, o seu crescimento e reprodução serão afetados". As mudanças do clima dos seus habitats podem afetar negativamente os mecanismos biológicos da fauna e das plantas, ou impeli-las a migrar para locais com condições semelhantes às que preferem. Outras espécies conseguirão adaptar-se e sobreviver nas condições alteradas.

Há também outros fatores que podem interferir. Frequentemente, as alterações climáticas não afetam diretamente a fauna, segundo o Dr. Mark Urban, professor associado na Universidade do Connecticut. "Muitos dos impactos climáticos sobre a biodiversidade ocorrem através de interações entre as espécies. O declínio de uma espécie pode não resultar da sua incapacidade de ar o calor, mas talvez porque os seus alimentos estejam a desaparecer, ou porque existe um novo predador ou uma nova doença que chegou com as alterações da temperatura", afirmou o Dr. Urban à Euronews. "Poderemos querer focalizar-nos em espécies cruciais em determinadas redes alimentares, que são muitas vezes sensíveis às alterações climáticas. Essas espécies são frequentemente grandes predadores e, uma vez que desempenham um papel crucial no ecossistema, quaisquer impactos climáticos sobre elas terão um enorme efeito noutras espécies".



Segundo o Dr. Urban, "desconhecemos a qualidade das nossas previsões sobre as reações da biodiversidade às alterações climáticas. Estamos atualmente a utilizar correlações ou estatísticas para prever o futuro, as quais podem funcionar durante um período para algumas espécies, no entanto, quando enfrentamos algo mais complicado, essas previsões desmoronam-se muito facilmente. O desafio a por melhorar as previsões: criar modelos utilizando a biologia em vez de estatísticas". O cientista sediado no Connecticut afirma que a inclusão dos processos naturais das espécies (ou seja, o nascimento, a morte ou a forma como se deslocam e a que distâncias) na modelação dos impactos climáticos sobre a biodiversidade dar-nos-á uma imagem mais ajustada do que o futuro reserva para milhões de espécies. Por outro lado, ajudar-nos-á a priorizar a proteção das espécies mais necessitadas. "Sem conhecermos quais as espécies que se conseguem adaptar e as que não, poderemos estar a usar um grande volume de recursos sobre as primeiras e a permitir o declínio de outras", afirmou o Dr. Urban. 

Contudo, existe cada vez mais informação climática que pode ajudar os investigadores e os decisores políticos a compreenderem as formas como as alterações climáticas podem redistribuir as espécies e os seus habitats.
"Estamos a criar um conjunto de indicadores concebidos especificamente para que a comunidade interessada nos temas da biodiversidade o possa usar na modelação e na monitorização biológica", explicou o Dr. Almond, do C3S, sobre o Global Biodiversity Service.

Os casos estudados centram-se em diferentes desafios sobre ecossistemas em três continentes e no oceano. Fonte: Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas Copernicus

"Os dados do Global Biodiversity Service analisam as condições climáticas previstas para as próximas décadas", afirmou o Professor Koen de Ridder do Instituto Flamengo de Investigação Tecnológica (VITO), que trabalha em estreita cooperação com o C3S no projeto. "Entre as dificuldades em associar os indicadores climáticos às espécies está o facto de o clima não ser o único fator que afeta a abundância das espécies e a adequação do habitat. Contudo, o IPBES prevê que, para muitas regiões e espécies, o clima se torne um fator dominante no futuro. É precisamente nesta área que o Global Biodiversity Service dá uma resposta, proporcionando uma perspetiva sobre o futuro do clima." Ridder explica que o serviço ajudará a comunidade envolvida nos temas da proteção e outros a medir melhor os riscos do clima sobre as espécies, bem como a incluir fatores climáticos nos projetos de proteção das espécies e a encontrar soluções para ameaças concretas, tais como determinar para onde deslocar espécies ameaçadas.

Os indicadores clima-biodiversidade do Global Biodiversity Service medem o impacto da temperatura, da precipitação e de outras variáveis terrestres, oceânicas e atmosféricas, não só nos alcances geográficos dessas espécies, mas também no seu grau de adaptação e reprodução, e nos serviços que prestam aos ecossistemas. Segundo o Dr. Almond, "todos os indicadores têm uma escala global, mas também produzimos projeções climáticas de nível local e regional". Segundo o C3S, os utilizadores poderão usar os 80 indicadores e incorporá-los nos seus próprios modelos. A plataforma pode também produzir mapas que mostram como as envolventes climáticas das espécies poderão evoluir desde a atualidade até 2100, se existir informação sobre a tolerância ambiental das espécies. "Um deles permitirá ver onde as espécies irão estar sob pressão, onde é mais provável que sobrevivam, quais as árvores suscetíveis às alterações climáticas e que tipos devem ser plantados para atenuar ou reforçar a adaptabilidade à mudança do clima", acrescentou o Dr. Almond.

Quando o serviço entrar em funcionamento no final de 2020, os cientistas do C3S terão já testado os dados relativos a espécies vegetais e animais espalhadas pelo mundo. "Temos estado a investigar a forma como as florestas tropicais da África Central se irão adaptar a alterações dos regimes de precipitação, ou como as mudanças da concentração do gelo marinho irão influenciar a proteção das focas no mar Báltico", afirmou o Dr. Almond. No Brasil, os especialistas estão a investigar as formas através das quais as condições climáticas podem afetar o alcance geográfico do mico-leão-de-juba-dourada, um primata ameaçado. "Uma análise baseada em indicadores climáticos ajustados ao caso mostrou que as condições climáticas futuras serão desfavoráveis para estes macacos nas áreas protegidas onde atualmente vivem", explicou o Prof. de Ridder. "Estes conhecimentos, em conjunto com outros tipos de informações, estão a ser usados na elaboração de planos de proteção da espécie".

Seguir a forma como as espécies migratórias reagem às alterações climáticas é outra missão complexa. Uma aplicação explora a ligação entre as datas de migração das aves e as variáveis climáticas. O seu âmbito de estudo é a Europa, com espécies importantes como a cegonha-branca ou o milhafre-preto, combinando dados disponibilizados por projetos científicos de cidadãos com dados de observação terrestre do C3S. "Os dados recolhidos em iniciativas como a eBird em conjunto com imagens de satélite de alta resolução recentemente adquiridas constituem uma ferramenta poderosa e económica para monitorizar aves migratórias e outras espécies no longo prazo", comentou Juan Arevalo, diretor executivo da Randbee Consultants, uma empresa que produz análises de dados para efeitos de política ambiental. Segundo ele, "a identificação dos impactos das alterações climáticas em espécies bioindicadoras como as aves migratórias permite-nos compreender melhor os efeitos sobre os ecossistemas e a tomar as decisões de gestão mais adequadas para as proteger".

As alterações climáticas interagem também com outras ameaças que as espécies enfrentam, realça o Dr. Urban, o que torna fundamental criar modelos da forma como essas espécies podem reagir à combinação dessas mesmas ameaças. No que toca ao reforço da precisão das previsões da biodiversidade, Urban está esperançoso, estabelecendo um paralelo com os avanços significativos nas previsões climáticas. "O modelo original de que dispúnhamos era bastante fraco. Contudo, o a o, os cientistas climáticos recolheram as informações, criaram um sistema de monitorização global e identificaram os mecanismos e processos que teriam de incluir; assistimos a aumentos drásticos da exatidão preditiva e da capacidade de efetuar a reconstituição (hindcasting) do clima. Estamos a falar da mesma coisa na biologia, mas a diferença é que pretendemos fazer previsões sobre milhões de espécies.”

A escolha das espécies sobre as quais elaborar previsões para utilizar plataformas como a do C3S vem acompanhada de dilemas. Até agora, o serviço de biodiversidade do C3S foi usado com espécies que constam da agenda da comunidade envolvida nas questões da biodiversidade. O Dr. Urban diz que o enfoque em espécies que se prevejam ameaçadas é crucial para as proteger, mas é necessário não perder de vista as que podem estar em risco no futuro. "Agora que compreendemos melhor as alterações climáticas, temos de entender quais são, de facto, esses impactos na biodiversidade, e encontrar formas de os atenuar", segundo o Dr. Urban. "Na verdade, tal reduz-se a uma questão de recursos. Estamos a tentar chamar a atenção mundial para o facto de este ser um tema verdadeiramente crítico. Seria uma pena perder um grande número de espécies devido às alterações climáticas, pois elas são fundamentais para a nossa saúde, a nossa economia e até para a nossa cultura."

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