{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/green/2020/06/10/o-futuro-das-pescas-num-contexto-de-incerteza-a-adaptacao-pode-ser-a-chave" }, "headline": "Futuro das pescas navega na incerteza: adapta\u00e7\u00e3o pode ser a chave", "description": "As altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas est\u00e3o a afetar os habitats pisc\u00edcolas. Quais as implica\u00e7\u00f5es para a pesca?", "articleBody": "As altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas afetam os habitats pisc\u00edcolas. Quais as implica\u00e7\u00f5es para as pescas? Melanie Brown pesca salm\u00e3o-vermelho na ba\u00eda de Bristol, no Alasca, h\u00e1 40 anos. A maior corrida de salm\u00e3o-vermelho selvagem do mundo ocorre aqui e, no ano ado, a captura atingiu os 60 milh\u00f5es de exemplares. No entanto, durante o ver\u00e3o mais quente de que h\u00e1 registo no Alasca , ocorrido nesse mesmo ano, Melanie e os outros pescadores observaram peixes exaustos pelo calor a nadar sem vida ao sabor da corrente, sem desovarem. Daqui a mais ou menos tr\u00eas anos, conheceremos o impacto da onda de calor nessa gera\u00e7\u00e3o de salm\u00f5es\u0022, afirmou Melanie.\u2028 \u0022As temperaturas mais elevadas no ver\u00e3o ado fizeram com que o salm\u00e3o aguardasse, concentrando-se fora da regi\u00e3o dos rios, onde pesco enquanto aguardo por temperaturas mais baixas\u0022, comentou Melanie sobre a situa\u00e7\u00e3o no Alasca. \u0022Quando deixaram de poder esperar, apareceram em grande n\u00famero na enchente da mar\u00e9 no canal fluvial profundo, onde a \u00e1gua \u00e9 mais fria. Quando isso acontece, os pescadores que, como eu, montam redes armadas, t\u00eam menos oportunidades de apanhar o salm\u00e3o que normalmente nadaria perto da linha costeira, explicou.\u2028\u2028Em todo o mundo, pescadores e cientistas est\u00e3o a observar as popula\u00e7\u00f5es pisc\u00edcolas a reagir \u00e0s mudan\u00e7as dos seus habitats, sendo as altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas cada vez mais mencionadas como um fator subjacente \u00e0s novas realidades subaqu\u00e1ticas. Conhecer o impacto das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas nestas realidades continua a ser um desafio. Contudo, o discurso sobre a adapta\u00e7\u00e3o \u00e9 cada vez mais importante. As \u00e1guas mais quentes e mais \u00e1cidas influenciam as popula\u00e7\u00f5es pisc\u00edcolas Os cientistas confirmam que as popula\u00e7\u00f5es pisc\u00edcolas do Atl\u00e2ntico Nordeste est\u00e3o a deslocar-se para latitudes mais a norte. O aquecimento das \u00e1guas impele os peixes que dependem de um determinado intervalo de temperaturas a procurarem \u00e1guas mais frias. Os pescadores das costas meridionais do Reino Unido enfrentam dificuldades na pesca do bacalhau, o qual regista a melhor desova apenas em \u00e1guas com temperaturas entre 0 e 6 \u00b0C. \u0022Houve, sem d\u00favida, uma altera\u00e7\u00e3o nas esp\u00e9cies no Mar do Norte\u0022, comentou Elizabeth Bourke, respons\u00e1vel pela defini\u00e7\u00e3o de pol\u00edticas da National Federation of Fishermen\u2019s Organisations (NFFO) do Reino Unido. Enquanto assistimos \u00e0 contra\u00e7\u00e3o do territ\u00f3rio do bacalhau, esp\u00e9cies como a anchova, o carapau e o linguado deslocaram-se para norte, em dire\u00e7\u00e3o \u00e0s \u00e1guas mais quentes do Mar do Norte, do B\u00e1ltico e do oeste da Esc\u00f3cia, revelam estudos do ClimeFish , um projeto da Uni\u00e3o Europeia. Nos \u00faltimos 30 anos, 19 esp\u00e9cies comerciais atl\u00e2nticas registaram algumas varia\u00e7\u00f5es de distribui\u00e7\u00e3o nas \u00e1guas europeias, de acordo com esses mesmos estudos. \u0022As ondas de calor afetaram particularmente as regi\u00f5es tropicais, com o peixe a migrar para o norte do Atl\u00e2ntico e do Pac\u00edfico\u0022, explica o Dr. Nieuwenhuis, diretor do Conselho de Prote\u00e7\u00e3o Marinha ( MSC ) para o norte da Europa. \u0022As previs\u00f5es sugerem que estas regi\u00f5es podem sofrer uma redu\u00e7\u00e3o do volume de pescas que poder\u00e1 atingir os 40% at\u00e9 2050\u0022. \u0022\u00c9 necess\u00e1rio compreender as vari\u00e1veis ambientais essenciais que regulam a fisiologia b\u00e1sica dos peixes, como a temperatura, o pH e a salinidade, bem como a quantidade de alimentos dispon\u00edveis, para conhecer a forma como as popula\u00e7\u00f5es pisc\u00edcolas selvagens reagem \u00e0s altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas. Assim, saberemos como os seus ciclos de vida e o crescimento s\u00e3o afetados\u0022, referiu a Dra. Ana Queir\u00f3s, investigadora principal no Plymouth Marine Laboratory. \u0022Existe uma clara movimenta\u00e7\u00e3o das esp\u00e9cies de \u00e1gua fria para norte e para \u00e1reas mais profundas [\u2026] longe das zonas onda a atividade piscat\u00f3ria est\u00e1 concentrada, \u00e0 medida que entramos nas pr\u00f3ximas tr\u00eas d\u00e9cadas\u0022, acrescentou a cientista, que est\u00e1 a colaborar com o Servi\u00e7o de Monitoriza\u00e7\u00e3o das Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas Copernicus ( C3S ) na disponibiliza\u00e7\u00e3o de dados clim\u00e1ticos para a gest\u00e3o das pescas. As esp\u00e9cies tradicionais do Norte enfrentam dificuldades de adapta\u00e7\u00e3o \u0022\u00c9 consensual que esp\u00e9cies grandes, que amadurecem lentamente, produzem menos ovos e preferem um determinado habitat, tendem a ser mais sens\u00edveis \u00e0s altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas\u0022, afirmou o Dr. Martin Lindegren, investigador principal da Universidade T\u00e9cnica da Dinamarca. \u0022Assim, se tiv\u00e9ssemos de generalizar, muitas das esp\u00e9cies maiores com import\u00e2ncia comercial s\u00e3o mais vulner\u00e1veis quando comparadas com as esp\u00e9cies pequenas e oportunistas como a sardinha, a anchova ou a espadilha, que s\u00e3o mais adapt\u00e1veis\u0022. Os pescadores do Reino Unido est\u00e3o a observar uma redu\u00e7\u00e3o da popula\u00e7\u00e3o de algumas esp\u00e9cies. \u0022O peixe amadurece mais tarde em \u00e1guas mais frias\u0022, afirmou a Dra. Elizabeth Bourke, respons\u00e1vel pela defini\u00e7\u00e3o de pol\u00edticas da National Federation of Fishermen\u2019s Organisations (NFFO) do Reino Unido. \u0022Muito frequentemente, aparenta amadurecer cerca de seis meses a um ano mais tarde, dependendo das esp\u00e9cies, o que aumenta a press\u00e3o sobre as popula\u00e7\u00f5es\u0022, acrescentou. No Alasca, observa-se a mesma tend\u00eancia: os pescadores do Alasca est\u00e3o tamb\u00e9m a capturar salm\u00f5es mais pequenos. Eugene Anderson, pescador na \u00e1rea durante toda a sua vida, concorda: \u0022nos \u00faltimos sete anos, o peso m\u00e9dio de um salm\u00e3o-vermelho ou de 3,5 kg para pesos que podem agora n\u00e3o ultraar os 2,3 kg. Este efeito acompanha o aumento da temperatura superficial do mar no Golfo do Alasca\u0022. O aquecimento foi positivo para outras esp\u00e9cies. A anchova e outras esp\u00e9cies ex\u00f3ticas encontraram novos habitats no noroeste do Mediterr\u00e2neo e no Oceano Atl\u00e2ntico. Os pescadores brit\u00e2nicos raramente encontram linguado nas costas meridionais, mas apareceu robalo, afirmou Bourke. As esp\u00e9cies de \u00e1guas mais quentes como o linguado, o pimpim e o galo-negro est\u00e3o a tornar-se mais proeminentes na pesca e poder\u00e3o tornar-se recursos mais importantes para a Europa, de acordo com a Dra. Ana Queir\u00f3s. \u2028A pesca pode beneficiar com a monitoriza\u00e7\u00e3o das altera\u00e7\u00f5es das popula\u00e7\u00f5es pisc\u00edcolas \u0022Apoiar a adapta\u00e7\u00e3o do setor das pescas com informa\u00e7\u00e3o envolve compreender se os n\u00edveis da atividade piscat\u00f3ria devem ser ajustados em determinadas \u00e1reas para manter a viabilidade das popula\u00e7\u00f5es sob press\u00e3o clim\u00e1tica\u0022, afirmou a Dra. Ana Queir\u00f3s, assim como \u201cindicar os locais de poss\u00edvel redistribui\u00e7\u00e3o do peixe para promover mais pesca nessas \u00e1reas\u201d. A disponibiliza\u00e7\u00e3o de dados clim\u00e1ticos aos gestores do setor pesqueiro, \u00e0s autoridades e aos pequenos pescadores est\u00e1 a tornar-se fundamental para os esfor\u00e7os de adapta\u00e7\u00e3o, bem como para evitar a explora\u00e7\u00e3o excessiva das popula\u00e7\u00f5es. O Servi\u00e7o de Monitoriza\u00e7\u00e3o das Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas Copernicus (C3S) tem vindo a colaborar com o Plymouth Marine Laboratory para identificar os dados de que os governos e o setor das pescas necessitam. Estas entidades desenvolveram um conjunto de indicadores detalhados de impacto clim\u00e1tico para as popula\u00e7\u00f5es pisc\u00edcolas, destinado a sugerir a forma como o crescimento, o ciclo de vida, a distribui\u00e7\u00e3o e a produtividade das esp\u00e9cies podem mudar no futuro. A sobreposi\u00e7\u00e3o dos dados com os requisitos do habitat pisc\u00edcola e os padr\u00f5es migrat\u00f3rios pode ajudar a prever a forma como as popula\u00e7\u00f5es reagir\u00e3o \u00e0s altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas no futuro. \u0022Muitas das medidas de adapta\u00e7\u00e3o seriam (ou podem ser) semelhantes \u00e0s medidas atuais destinadas a refor\u00e7ar a sustentabilidade das pescas; um exemplo \u00e9 o planeamento das \u00e1reas protegidas com base nas proje\u00e7\u00f5es das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas\u0022, afirmou o Dr. Jos\u00e9 Antonio Fernandez, investigador principal na \u00e1rea da pesca sustent\u00e1vel do AZTI . \u0022Estas abordagens exigem dados, e quanto mais dados, melhor\u0022. O Dr. Fernandez est\u00e1 a estudar formas de reduzir o consumo de combust\u00edvel nas pescas, como parte do projeto H2020 SUSTUNABLE , com in\u00edcio neste m\u00eas. \u0022Al\u00e9m disso, o projeto envolve uma abordagem inovadora com a utiliza\u00e7\u00e3o de embarca\u00e7\u00f5es pesqueiras como plataformas de recolha de dados oceanogr\u00e1ficos\u0022. As comunidades piscat\u00f3rias est\u00e3o j\u00e1 a dar o seu contributo. Os investigadores do ISPRA , na It\u00e1lia, recolheram informa\u00e7\u00e3o local, junto de pescadores do Mediterr\u00e2neo, sobre a forma como as esp\u00e9cies se estavam a deslocar na bacia \u2013 n\u00e3o s\u00f3 para obter novos dados, mas tamb\u00e9m para refor\u00e7ar a capacidade de adapta\u00e7\u00e3o das comunidades. A CEPESCA de Espanha est\u00e1 a incorporar dados clim\u00e1ticos nos modelos de avalia\u00e7\u00e3o das pescas para reduzir a incerteza ao n\u00edvel da distribui\u00e7\u00e3o das esp\u00e9cies. Na Noruega, a aplica\u00e7\u00e3o Vake/Catch ir\u00e1 utilizar dados de sat\u00e9lite do Copernicus e estat\u00edsticas sobre capturas para ajudar o setor pesqueiro a otimizar as quotas, bem como para associar as temperaturas do mar \u00e0 abund\u00e2ncia e aos padr\u00f5es migrat\u00f3rios do peixe. A adapta\u00e7\u00e3o \u00e0 migra\u00e7\u00e3o das popula\u00e7\u00f5es pisc\u00edcolas materializou-se de muitas formas. Com as desloca\u00e7\u00f5es das popula\u00e7\u00f5es de bacalhau no Mar do Norte, parte da frota costeira do Reino Unido mudou para marisco. \u0022A frota de alto-mar conseguiu seguir as popula\u00e7\u00f5es mais longe\u0022. Os pequenos pescadores n\u00e3o t\u00eam tantas op\u00e7\u00f5es, pelo que t\u00eam de combinar a pesca com outras atividades menos rent\u00e1veis como o turismo\u0022, referiu Bourke. Contudo, a n\u00e3o depend\u00eancia de uma s\u00f3 popula\u00e7\u00e3o ou fonte de rendimento \u00e9 encarada como fundamental para reduzir a vulnerabilidade do setor pesqueiro, de acordo com a Seafish.org . Como planear o que pode ser pescado e onde Muitos dos intervenientes no setor advertem que, estando o peixe a deslocar-se, as licen\u00e7as que limitam os pescadores a pescar uma esp\u00e9cie numa \u00e1rea que tenha deixado de a albergar pode constituir um obst\u00e1culo \u00e0 adapta\u00e7\u00e3o. As opera\u00e7\u00f5es pesqueiras que tenham em conta as varia\u00e7\u00f5es de produtividade e os habitats das esp\u00e9cies podem ser mais rent\u00e1veis no futuro, al\u00e9m de atenuarem os efeitos das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas, como demonstraram investigadores da Universidade de Santa B\u00e1rbara, na Calif\u00f3rnia. A oferta aos pescadores de um portef\u00f3lio de op\u00e7\u00f5es torn\u00e1-los-\u00e1 mais resilientes contra preju\u00edzos se uma popula\u00e7\u00e3o estiver abaixo do desej\u00e1vel. O Dr. Nieuwenhuis, diretor do Conselho de Prote\u00e7\u00e3o Marinha (MSC) para o Norte da Europa, explica: \u0022Para permanecerem sustent\u00e1veis, as quotas t\u00eam de assentar no aconselhamento cient\u00edfico e mudar em linha com as popula\u00e7\u00f5es pisc\u00edcolas. As na\u00e7\u00f5es, incluindo as europeias, t\u00eam enfrentado discord\u00e2ncias quanto \u00e0s quotas sustent\u00e1veis para o carapau, o arenque e o verdinho, \u00e0 medida que estas esp\u00e9cies se deslocam mais para norte\u0022. A atribui\u00e7\u00e3o aos pa\u00edses de quotas flex\u00edveis e justas, adaptadas \u00e0s migra\u00e7\u00f5es pisc\u00edcolas induzidas pelo clima, poder\u00e1 ser parte da resposta, de acordo com o Dr. Martin Lindegren, investigador principal da Universidade T\u00e9cnica da Dinamarca. \u0022Dessa forma, os pescadores poderiam tirar partido das oportunidades, tanto na captura como nos mercados\u0022. Dados clim\u00e1ticos mais alinhados com o tempo real podem tamb\u00e9m contribuir para a adapta\u00e7\u00e3o. \u0022Importa dispor de dados sobre altera\u00e7\u00f5es de prazo mais curto que podem ter consequ\u00eancias dr\u00e1sticas e imediatas. Existe a necessidade de o a sistemas de aviso precoce r\u00e1pidos e diretos que produzam previs\u00f5es, por exemplo, de ondas de calor, de florescimentos de algas nocivas ou da propaga\u00e7\u00e3o r\u00e1pida da hipoxia (ou seja, baixas concentra\u00e7\u00f5es de oxig\u00e9nio)\u0022. 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Futuro das pescas navega na incerteza: adaptação pode ser a chave

Futuro das pescas navega na incerteza: adaptação pode ser a chave
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As alterações climáticas afetam os habitats piscícolas. Quais as implicações para as pescas?

Melanie Brown pesca salmão-vermelho na baía de Bristol, no Alasca, há 40 anos. A maior corrida de salmão-vermelho selvagem do mundo ocorre aqui e, no ano ado, a captura atingiu os 60 milhões de exemplares. No entanto, durante o verão mais quente de que há registo no Alasca, ocorrido nesse mesmo ano, Melanie e os outros pescadores observaram peixes exaustos pelo calor a nadar sem vida ao sabor da corrente, sem desovarem. Daqui a mais ou menos três anos, conheceremos o impacto da onda de calor nessa geração de salmões", afirmou Melanie.
 "As temperaturas mais elevadas no verão ado fizeram com que o salmão aguardasse, concentrando-se fora da região dos rios, onde pesco enquanto aguardo por temperaturas mais baixas", comentou Melanie sobre a situação no Alasca. "Quando deixaram de poder esperar, apareceram em grande número na enchente da maré no canal fluvial profundo, onde a água é mais fria. Quando isso acontece, os pescadores que, como eu, montam redes armadas, têm menos oportunidades de apanhar o salmão que normalmente nadaria perto da linha costeira, explicou.

Em todo o mundo, pescadores e cientistas estão a observar as populações piscícolas a reagir às mudanças dos seus habitats, sendo as alterações climáticas cada vez mais mencionadas como um fator subjacente às novas realidades subaquáticas. Conhecer o impacto das alterações climáticas nestas realidades continua a ser um desafio. Contudo, o discurso sobre a adaptação é cada vez mais importante.

As águas mais quentes e mais ácidas influenciam as populações piscícolas

Os cientistas confirmam que as populações piscícolas do Atlântico Nordeste estão a deslocar-se para latitudes mais a norte. O aquecimento das águas impele os peixes que dependem de um determinado intervalo de temperaturas a procurarem águas mais frias. Os pescadores das costas meridionais do Reino Unido enfrentam dificuldades na pesca do bacalhau, o qual regista a melhor desova apenas em águas com temperaturas entre 0 e 6 °C. "Houve, sem dúvida, uma alteração nas espécies no Mar do Norte", comentou Elizabeth Bourke, responsável pela definição de políticas da National Federation of Fishermen’s Organisations (NFFO) do Reino Unido.

Enquanto assistimos à contração do território do bacalhau, espécies como a anchova, o carapau e o linguado deslocaram-se para norte, em direção às águas mais quentes do Mar do Norte, do Báltico e do oeste da Escócia, revelam estudos do ClimeFish, um projeto da União Europeia. Nos últimos 30 anos, 19 espécies comerciais atlânticas registaram algumas variações de distribuição nas águas europeias, de acordo com esses mesmos estudos.

"As ondas de calor afetaram particularmente as regiões tropicais, com o peixe a migrar para o norte do Atlântico e do Pacífico", explica o Dr. Nieuwenhuis, diretor do Conselho de Proteção Marinha (MSC) para o norte da Europa. "As previsões sugerem que estas regiões podem sofrer uma redução do volume de pescas que poderá atingir os 40% até 2050".

Fonte: Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas Copernicus/Plymouth Marine Laboratory

"É necessário compreender as variáveis ambientais essenciais que regulam a fisiologia básica dos peixes, como a temperatura, o pH e a salinidade, bem como a quantidade de alimentos disponíveis, para conhecer a forma como as populações piscícolas selvagens reagem às alterações climáticas. Assim, saberemos como os seus ciclos de vida e o crescimento são afetados", referiu a Dra. Ana Queirós, investigadora principal no Plymouth Marine Laboratory. "Existe uma clara movimentação das espécies de água fria para norte e para áreas mais profundas […] longe das zonas onda a atividade piscatória está concentrada, à medida que entramos nas próximas três décadas", acrescentou a cientista, que está a colaborar com o Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas Copernicus (C3S) na disponibilização de dados climáticos para a gestão das pescas.

As espécies tradicionais do Norte enfrentam dificuldades de adaptação

"É consensual que espécies grandes, que amadurecem lentamente, produzem menos ovos e preferem um determinado habitat, tendem a ser mais sensíveis às alterações climáticas", afirmou o Dr. Martin Lindegren, investigador principal da Universidade Técnica da Dinamarca. "Assim, se tivéssemos de generalizar, muitas das espécies maiores com importância comercial são mais vulneráveis quando comparadas com as espécies pequenas e oportunistas como a sardinha, a anchova ou a espadilha, que são mais adaptáveis".

Os pescadores do Reino Unido estão a observar uma redução da população de algumas espécies. "O peixe amadurece mais tarde em águas mais frias", afirmou a Dra. Elizabeth Bourke, responsável pela definição de políticas da National Federation of Fishermen’s Organisations (NFFO) do Reino Unido. "Muito frequentemente, aparenta amadurecer cerca de seis meses a um ano mais tarde, dependendo das espécies, o que aumenta a pressão sobre as populações", acrescentou. No Alasca, observa-se a mesma tendência: os pescadores do Alasca estão também a capturar salmões mais pequenos. Eugene Anderson, pescador na área durante toda a sua vida, concorda: "nos últimos sete anos, o peso médio de um salmão-vermelho ou de 3,5 kg para pesos que podem agora não ultraar os 2,3 kg. Este efeito acompanha o aumento da temperatura superficial do mar no Golfo do Alasca".

O aquecimento foi positivo para outras espécies. A anchova e outras espécies exóticas encontraram novos habitats no noroeste do Mediterrâneo e no Oceano Atlântico. Os pescadores britânicos raramente encontram linguado nas costas meridionais, mas apareceu robalo, afirmou Bourke. As espécies de águas mais quentes como o linguado, o pimpim e o galo-negro estão a tornar-se mais proeminentes na pesca e poderão tornar-se recursos mais importantes para a Europa, de acordo com a Dra. Ana Queirós.

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A pesca pode beneficiar com a monitorização das alterações das populações piscícolas

"Apoiar a adaptação do setor das pescas com informação envolve compreender se os níveis da atividade piscatória devem ser ajustados em determinadas áreas para manter a viabilidade das populações sob pressão climática", afirmou a Dra. Ana Queirós, assim como “indicar os locais de possível redistribuição do peixe para promover mais pesca nessas áreas”.

Fonte: Serviço de Monitorização do Meio Marinho Copernicus

A disponibilização de dados climáticos aos gestores do setor pesqueiro, às autoridades e aos pequenos pescadores está a tornar-se fundamental para os esforços de adaptação, bem como para evitar a exploração excessiva das populações. O Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas Copernicus (C3S) tem vindo a colaborar com o Plymouth Marine Laboratory para identificar os dados de que os governos e o setor das pescas necessitam. Estas entidades desenvolveram um conjunto de indicadores detalhados de impacto climático para as populações piscícolas, destinado a sugerir a forma como o crescimento, o ciclo de vida, a distribuição e a produtividade das espécies podem mudar no futuro. A sobreposição dos dados com os requisitos do habitat piscícola e os padrões migratórios pode ajudar a prever a forma como as populações reagirão às alterações climáticas no futuro.

"Muitas das medidas de adaptação seriam (ou podem ser) semelhantes às medidas atuais destinadas a reforçar a sustentabilidade das pescas; um exemplo é o planeamento das áreas protegidas com base nas projeções das alterações climáticas", afirmou o Dr. José Antonio Fernandez, investigador principal na área da pesca sustentável do AZTI. "Estas abordagens exigem dados, e quanto mais dados, melhor". O Dr. Fernandez está a estudar formas de reduzir o consumo de combustível nas pescas, como parte do projeto H2020 SUSTUNABLE, com início neste mês. "Além disso, o projeto envolve uma abordagem inovadora com a utilização de embarcações pesqueiras como plataformas de recolha de dados oceanográficos".

www.sustanableproject.eu

As comunidades piscatórias estão já a dar o seu contributo. Os investigadores do ISPRA, na Itália, recolheram informação local, junto de pescadores do Mediterrâneo, sobre a forma como as espécies se estavam a deslocar na bacia – não só para obter novos dados, mas também para reforçar a capacidade de adaptação das comunidades. A CEPESCA de Espanha está a incorporar dados climáticos nos modelos de avaliação das pescas para reduzir a incerteza ao nível da distribuição das espécies. Na Noruega, a aplicação Vake/Catch irá utilizar dados de satélite do Copernicus e estatísticas sobre capturas para ajudar o setor pesqueiro a otimizar as quotas, bem como para associar as temperaturas do mar à abundância e aos padrões migratórios do peixe.

A adaptação à migração das populações piscícolas materializou-se de muitas formas. Com as deslocações das populações de bacalhau no Mar do Norte, parte da frota costeira do Reino Unido mudou para marisco. "A frota de alto-mar conseguiu seguir as populações mais longe". Os pequenos pescadores não têm tantas opções, pelo que têm de combinar a pesca com outras atividades menos rentáveis como o turismo", referiu Bourke. Contudo, a não dependência de uma só população ou fonte de rendimento é encarada como fundamental para reduzir a vulnerabilidade do setor pesqueiro, de acordo com a Seafish.org.

Como planear o que pode ser pescado e onde

Muitos dos intervenientes no setor advertem que, estando o peixe a deslocar-se, as licenças que limitam os pescadores a pescar uma espécie numa área que tenha deixado de a albergar pode constituir um obstáculo à adaptação. As operações pesqueiras que tenham em conta as variações de produtividade e os habitats das espécies podem ser mais rentáveis no futuro, além de atenuarem os efeitos das alterações climáticas, como demonstraram investigadores da Universidade de Santa Bárbara, na Califórnia. A oferta aos pescadores de um portefólio de opções torná-los-á mais resilientes contra prejuízos se uma população estiver abaixo do desejável.

O Dr. Nieuwenhuis, diretor do Conselho de Proteção Marinha (MSC) para o Norte da Europa, explica: "Para permanecerem sustentáveis, as quotas têm de assentar no aconselhamento científico e mudar em linha com as populações piscícolas. As nações, incluindo as europeias, têm enfrentado discordâncias quanto às quotas sustentáveis para o carapau, o arenque e o verdinho, à medida que estas espécies se deslocam mais para norte". A atribuição aos países de quotas flexíveis e justas, adaptadas às migrações piscícolas induzidas pelo clima, poderá ser parte da resposta, de acordo com o Dr. Martin Lindegren, investigador principal da Universidade Técnica da Dinamarca. "Dessa forma, os pescadores poderiam tirar partido das oportunidades, tanto na captura como nos mercados". Dados climáticos mais alinhados com o tempo real podem também contribuir para a adaptação. "Importa dispor de dados sobre alterações de prazo mais curto que podem ter consequências drásticas e imediatas. Existe a necessidade de o a sistemas de aviso precoce rápidos e diretos que produzam previsões, por exemplo, de ondas de calor, de florescimentos de algas nocivas ou da propagação rápida da hipoxia (ou seja, baixas concentrações de oxigénio)".

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