Beyoncé foi a grande vencedora da 67.ª edição dos Prémios Grammy. Pela primeira vez, a artista de “Cowboy Carter” ganhou o prémio de Álbum do Ano. Entretanto, Kendrick Lamar ganhou todas as cinco categorias para as quais estava nomeado. Veja aqui a lista completa.
A 67.ª edição dos Grammys teve lugar em Los Angeles, apesar dos receios de que a cerimónia tivesse de ser cancelada devido aos incêndios florestais que devastaram a região este ano.
Mas o espetáculo tem de continuar e a maior noite de música do ano viu tanto Beyoncé, como Kendrick Lamar emergirem como os maiores vencedores da cerimónia.
Consulte, de seguida, a lista dos vencedores deste ano.
Tal como prevíamos, o Álbum do Ano foi para Beyoncé, com "Cowboy Carter", marcando a primeira vez que a artista levou para casa o prémio principal do evento.
A superestrela, que é a artista mais premiada e nomeada na história dos Grammys, já tinha sido nomeada para esta categoria por quatro vezes e muitos sentiram que tinha sido desprezada pelas suas maiores honras.
Este ano, Queen Bey foi nomeada para 11 prémios, empatando com "Thriller", de Michael Jackson, no que toca ao maior número de nomeações para um único álbum. Com a sua vitória na categoria de Álbum do Ano, torna-se a primeira mulher negra a receber o prémio no século XXI.
Beyoncé destacou-se, assim, de Charli XCX, Billie Eilish, Sabrina Carpenter e Taylor Swift na categoria, com Diana Ross a fazer uma aparição surpresa e a apresentar o referido prémio.
"Sinto-me muito completa e honrada - já lá vão muitos, muitos anos", disse Beyoncé, com a filha Blue Ivy Carter a seu lado. "E só quero agradecer aos Grammys, a cada compositor, a cada colaborador, a cada produtor, por todo o trabalho árduo".
Beyoncé também venceu o prémio de Melhor Álbum Country, reforçando o seu recorde de artista mais premiada na história dos Grammys (35 no total) e marcando a sua primeira vitória na categoria. O género tem feito um regresso poderoso nos últimos cinco anos, e o álbum country de Beyoncé foi mesmo excluído dos Country Music Awards no ano ado.
Beyoncé afirmou: "Penso que o género é uma palavra de código para nos manter no nosso lugar enquanto artistas e só quero encorajar as pessoas a fazerem aquilo que as apaixona."
Kendrick triunfante
As duas principais categorias, Canção do Ano e Gravação do Ano, foram atribuídas a "Not Like Us", nome da canção omnipresente de Kendrick Lamar.
Previmos que Lamar ganhasse pelo menos uma das categorias, mas ambas foram uma grande vitória para o poeta laureado do hip-hop. Ele conseguiu o 5 em 5, ganhando todas as categorias para as quais estava nomeado - ganhando também Melhor Canção Rap, Melhor Performance Rap e Melhor Videoclip com "Not Like Us", tornando-a uma das maiores vitórias da noite.
"Vamos dedicar este [prémio] à cidade", referiu Lamar, quando aceitou a distinção de Melhor Gravação do Ano, antes de gritar pelos bairros da zona de Los Angeles. Foi apenas o segundo single de hip-hop a vencer na categoria de Melhor Gravação do Ano - o primeiro tratou-se de "This Is America", de Childish Gambino.
A música premiada pôs efetivamente fim à batalha entre Kendrick Lamar e Drake, e tornou-se uma canção culturalmente relevante e impactante que provou que Lamar não podia ser destronado como a voz principal do rap norte-americano.
Pode apostar que Drake não está a aceitar bem a notícia. De facto, o "Certified Lover Boy" é agora mais "Certified Lawyer Boy", uma vez que o desesperado rapper canadiano está oficialmente a processar a Universal Music Group (UMG) por difamação, devido à faixa de dissidência de Lamar, que atingiu altos níveis de popularidade.
A vitória de Lamar em ambas as categorias mostra que tanto o público, como os críticos são unânimes ao distinguir a faixa, e os múltiplos troféus podem ser interpretados como um grande sinal de que Drake precisa de manter a cabeça baixa de uma vez por todas.
Chappell Roan, Sabrina Carpenter e Doechii em grande destaque
Como também previmos, Chappell Roan ganhou o prémio de Melhor Artista Revelação e fez um discurso apaixonado no momento de aceitar o prémio.
"Disse a mim própria que, se alguma vez ganhasse um Grammy e pudesse estar aqui à frente das pessoas mais poderosas da música, exigiria que as editoras e a indústria, que lucram milhões de dólares à custa dos artistas, oferecessem um salário digno e cuidados de saúde, especialmente aos artistas em ascensão".
E prosseguiu: "Porque assinei um contrato muito jovem. Assinei era ainda menor de idade e, quando fui dispensada, não tinha qualquer experiência profissional. E, como a maioria das pessoas, tive dificuldade em encontrar emprego durante a pandemia e não podia pagar um seguro de saúde".
O discurso foi aplaudido de pé, especialmente quando concluiu com a seguinte afirmação: "Editoras - nós sustentamo-vos, mas vocês sustentam-nos a nós?".
Sabrina Carpenter ganhou o prémio de Melhor Álbum Pop Vocal por "Short n' Sweet" e Melhor Performance Pop a Solo pelo êxito viral "Espresso"; Charli XCX levou para casa vários prémios, incluindo o de Melhor Álbum de Dança/Eletrónica por "Brat"; e os Beatles ganharam o prémio de Melhor Performance de Rock com a canção "Now And Then".
A distinção atribuída a "Now and Then", que recorreu a IA (Inteligência Artificial) para reconstituir a voz de John Lennon, foi recebida pelo filho do falecido cantor, Sean. "No que me diz respeito, é a melhor banda de todos os tempos", considerou, fazendo referência aos Beatles. "Toquem a música dos Beatles aos vossos filhos. Sinto que o mundo não se pode dar ao luxo de os esquecer".
Já Doechii levou para casa o prémio de Melhor Álbum Rap com"Alligator Bites Never Heal". A artista terminou o seu discurso com uma mensagem poderosa para as mulheres negras que sonham com o sucesso na música.
"Sei que há por aí uma rapariga negra, há tantas mulheres negras por aí que me estão a observar neste momento", afirmou, acrescentando: "Quero dizer-vos: vocês são capazes de fazê-lo. Tudo é possível. Não deixem que ninguém projete em vocês estereótipos que vos digam que não podem estar aqui, que são demasiado negras, ou que não são suficientemente inteligentes, ou que são demasiado dramáticas, ou que são demasiado barulhentas. Tu és exatamente quem precisas de ser, para estares exatamente onde estás, e eu sou prova disso. Louvado seja Deus".
Por outro lado, uma grande surpresa foi a presença de The Weeknd, que interpretou as canções "Timeless" e "Cry For Me" na sua primeira atuação nos Grammy desde que iniciou um boicote à entrega de prémios, em 2020.
A decisão de aparecer, este ano, foi uma consequência direta das mudanças que a Recording Academy fez para diversificar o leque de votantes, segundo afirmou o CEO Harvey Mason Jr., na apresentação. The Weeknd tem criticado abertamente a organização do Grammy, desde 2020, quando escreveu, no Twitter: "Os Grammys continuam corruptos." O artista também disse anteriormente, ao The New York Times, em 2021, que não permitiria mais que a sua editora o submetesse a estes prémios.
Los Angeles no pensamento
O apresentador Trevor Noah iniciou o espetáculo, dizendo: "Há apenas algumas semanas, não tínhamos a certeza de que este espetáculo se realizaria esta noite. Não precisam de mim para vos dizer isto: esta cidade acabou de ar por uma das maiores catástrofes naturais da história dos Estados Unidos. [...] Esta noite, não estamos apenas a celebrar a nossa música favorita, estamos também a celebrar a cidade que nos trouxe muita dessa música."
Anunciou ainda que 7 milhões de dólares tinham sido oferecidos pelos telespetadores do espetáculo, que começou com uma poderosa atuação de abertura da canção "I Love L.A.", do músico Randy Newman, interpretada pelos Dawes, com o apoio de John Legend, Brad Paisley, Sheryl Crow, Brittany Howard e St Vincent.
Os Grammys também mostraram uma montagem comovente da devastação causada pelos incêndios florestais de Los Angeles, juntamente com testemunhos de pessoas que perderam tudo. Seguiu-se a atuação de Lady Gaga e Bruno Mars, em dueto, com o clássico "California Dreamin'".
Num palco montado de forma a assemelhar-se às montanhas de Los Angeles, Billie Eilish, nascida e criada na região, acompanhada pelo seu irmão/colaborador Finneas, interpretaram o seu êxito "Birds of a Feather".
"Nós amamos-te, Los Angeles", afirmou perante a multidão, no final da atuação.
Donald Trump não foi esquecido
Vários momentos do espetáculo tiveram inflexões sociopolíticas, com os artistas a apelarem ao apoio às minorias e aos oprimidos por parte da istração de Donald Trump.
Shakira ganhou o quarto Grammy da carreira com o Melhor Álbum Pop Latino graças a "Las Mujeres Ya No Lloran". Devido ao facto de a istração de Donald Trump estar a deportar imigrantes em situação irregular e a instigar rusgas por todo o país, a cantora dedicou o seu prémio aos imigrantes nos EUA: "Quero dedicar este prémio a todos os meus irmãos e irmãs imigrantes neste país", afirmou. "Vocês são amados. Vocês valem a pena, e eu lutarei sempre convosco".
Quando Lady Gaga subiu ao palco, ao lado de Bruno Mars, para aceitar a distinção na categoria de Melhor Performance Pop (Duo / Banda) pela canção "Die with a Smile", aproveitou a oportunidade para expressar o seu apoio à comunidade LGBTQIA+.
"As pessoas trans não são invisíveis", afirmou. "As pessoas trans merecem amor. A comunidade queer merece ser erguida" - uma mensagem que surge numa altura em que a comunidade trans tem sido atacada desde que Trump assumiu o poder e recuou nas iniciativas de diversidade, equidade, inclusão e ibilidade até então adotadas. A istração Trump também removeu, recentemente, as referências à comunidade transgénero dos sites do governo federal.
Alicia Keys também defendeu a diversidade ao aceitar o Prémio Dr. Dre de Impacto Global, dizendo: "Este não é o momento para calar a diversidade de vozes. Vimos neste palco pessoas talentosas e trabalhadoras de diferentes origens e isso muda o jogo. A DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) não é uma ameaça, é uma dádiva, e quantas mais vozes, mais poderoso é o som".
Eis a lista dos principais vencedores dos Grammy deste ano:
Álbum do Ano
"Cowboy Carter", Beyoncé
Canção do Ano
"Not Like Us", Kendrick Lamar
Gravação do Ano
"Not Like Us", Kendrick Lamar
Melhor Artista Revelação
Chappell Roan
Melhor Álbum Pop Vocal
Short n' Sweet, Sabrina Carpenter
Melhor Performance Pop (Solo)
Espresso, Sabrina Carpenter
Melhor Performance Pop (Duo / Banda)
Die with a Smile, Lady Gaga e Bruno Mars
Melhor Gravação de Dança/Eletrónica
"Neverender", Justice & Tame Impala
Melhor Álbum de Dança/Eletrónica
"BRAT", Charli XCX
Melhor Gravação de Dance/Pop
"Von dutch", Charli XCX
Melhor Videoclip
"Not Like Us", Kendrick Lamar
Melhor Álbum de Rap
"Alligator Bites Never Heal", Doechii
Melhor Canção de Rap
"Not Like Us", Kendrick Lamar
Melhor Performance de Rap
"Not Like Us", Kendrick Lamar
Melhor Colaboração de Rap
"3:AM", Rapsody com Erykah Badu
Melhor Performance de R&B
"Made For Me (Live on BET)", Muni Long
Melhor Álbum de R&B
"11:11 (Deluxe)", Chris Brown
Melhor Performance Tradicional de R&B
"That's You", Lucky Daye
Melhor Canção de R&B
"Saturn", Rob Bisel, Carter Lang, Solana Rowe, Jared Solomon e Scott Zhang, compositores (SZA)
Melhor Álbum de R&B Progressivo
"(The) Why Lawd?", NxWorries (Anderson. Paak & Knowledge) & So Glad to Know You, Avery Sunshine
Melhor Performance de Rock
"Now and Then", The Beatles
Melhor Álbum de Rock
"Hackney Diamonds", The Rolling Stones
Melhor Álbum de Música Alternativa
"All Born Screaming", St. Vincent
Melhor Performance de Música Alternativa
"Flea", St. Vincent
Melhor Performance de Metal
"Mea Culpa (Ah! Ça ira!)", Gojira, Marina Viotti & Victor Le Masne
Melhor Gravação de Remix
"Espresso" (Mark Ronson x FNZ Working Late Remix), FNZ e Mark Ronson, misturadores (Sabrina Carpenter)
Melhor Performance Americana
"American Dreaming", Sierra Ferrell
Melhor Canção de Raízes Americanas
"American Dreaming", Sierra Ferrell e Melody Walker, compositores
Melhor Álbum de Música Americana
"Trail of Flowers", Sierra Ferrell
Melhor Álbum de Bluegrass
"Live Vol 1", Billy Strings
Melhor Álbum de Folk
"Woodland", Gillian Welch e David Rawlings
Melhor Álbum de Música Regional
"Kuini", Kalani Pe'a
Melhor Canção/Performance Gospel
"One Hallelujah", Tasha Cobbs Leonard, Erica Campbell e Israel Houghton, com a participação de Jonathan McReynolds e Jekalyn Carr. G. Morris Coleman, Israel Houghton, Kenneth Leonard Jr., Tasha Cobbs Leonard e Naomi Raine, compositores.
Melhor Performance/Canção de Música Cristã Contemporânea
"That's My King", CeCe Winans, Taylor Agan, Kellie Gamble, Lloyd Nicks e Jess Russ, compositores
Melhor Álbum Gospel
"More Than This", CeCe Winans
Melhor Artista de Música Cristã Contemporânea
"Heart of a Human", DOE
Melhor Álbum de Gospel de Raiz
"Church", Cory Henry
Melhor Álbum de Country
"Cowboy Carter", Beyoncé
Melhor Performance Country (Solo)
"It Takes A Woman", Chris Stapleton
Melhor Performance Country (duo/banda)
"II MOST WANTED", Beyoncé, com a participação de Miley Cyrus
Melhor Canção Country
"The Architect", Shane McAnally, Kacey Musgraves e Josh Osborne, compositores (Kacey Musgraves)
Melhor Vídeo Musical (Longo)
American Symphony
Melhor Performance de Raízes Americanas
"Lighthouse", Sierra Ferrell
Melhor Álbum de Blues Tradicional
"Swingin' Live at The Church in Tulsa", The Taj Mahal Sextet
Melhor Álbum de Blues Contemporâneo
"Mileage", Ruthie Foster
Melhor Álbum de Pop Latino
"Las Mujeres Ya No Lloran", Shakira
Melhor Álbum de Música Urbana
"Las Letras Ya No Importan", Residente
Melhor Álbum de Rock Latino ou Alternativo
"¿Quien Trae las Cornetas?," Rawayana
Melhor Álbum de Música Mexicana
"Boca Chueca, Vol. 1", Carin León
Melhor Álbum Tropical Latino
"Alma, Corazon y Salsa (Live at Gran Teatro Nacional)", Tony Succar, Mimy Succar
Melhor Álbum de Reggae
"Bob Marley: One Love - Music Inspired By The Film (Deluxe)", Vários Artistas
Melhor Performance Musical Global
"Bemba Colora", Sheila E. com Gloria Estefan e Mimy Succar
Melhor Performance de Música Africana
"Love Me JeJe", Tems
Melhor Álbum Jazz Vocal
"A Joyful Holiday", Samara Joy
Compositor do Ano (não clássico)
Amy Allen
Produtor do ano (não clássico)
Daniel Nigro
Produtor do ano (clássico)
Elaine Martone
Melhor Banda Sonora para Meios Visuais
Hans Zimmer, "Dune: Parte 2"
Melhor Compilação de Banda Sonora para Meios Visuais
"Maestro". Música de Leonard Bernstein, Bradley Cooper e Yannick Nézet-Séguin; Bradley Cooper, Yannick Nézet-Séguin & Jason Ruder (produtores da compilação); Steven Gizicki (supervisor musical).
Melhor Álbum Comédia
"Dreamer", Dave Chappelle
Prémio Dr. Dre de Impacto Global
Alicia Keys