{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/cultura/2024/10/01/descoberta-nova-especie-de-dinossauro-de-10-toneladas-que-viveu-na-peninsula-iberica" }, "headline": "Descoberta nova esp\u00e9cie de dinossauro de 10 toneladas que viveu na Pen\u00ednsula Ib\u00e9rica", "description": "Nova esp\u00e9cie de dinossauro saur\u00f3pode do Cret\u00e1ceo Superior foi identificada na jazida de Lo Hueco, em Cuenca. Descoberta revela que havia esp\u00e9cies end\u00e9micas e migrantes na Europa.", "articleBody": "Em 2007, durante as obras da linha ferrovi\u00e1ria de\u00a0alta velocidade Madrid-Levante foram recolhidos f\u00f3sseis\u00a0de um dos \u00faltimos gigantes a habitar a Europa antes\u00a0da extin\u00e7\u00e3o dos dinossauros. Qunkasaura pintiquiniestra \u00e9\u00a0o nome da nova esp\u00e9cie de dinossauro que viveu na\u00a0Pen\u00ednsula Ib\u00e9rica h\u00e1 73 milh\u00f5es de anos.\u00a0\u0022Qunkasaura \u00e9 um dinossauro saur\u00f3pode que viveu na Pen\u00ednsula Ib\u00e9rica, no Cret\u00e1ceo Superior. N\u00f3s sabemos que este dinossauro viveu em Cuenca e morreu neste territ\u00f3rio. Provavelmente pertencia a um grupo que tinha uma distribui\u00e7\u00e3o pelo menos na Pen\u00ednsula Ib\u00e9rica, e este em particular, pertenceu a uma linhagem que n\u00f3s acreditamos que tinha uma distribui\u00e7\u00e3o que tinha afinidades com outros dinossauros saur\u00f3podes do territ\u00f3rio europeu e do territ\u00f3rio asi\u00e1tico\u0022, explica Pedro Mocho \u00e0 Euronews.O paleont\u00f3logo portugu\u00eas, do Instituto Dom Luiz da Faculdade de Ci\u00eancias da Universidade de Lisboa, pertence \u00e0 equipa que fez a descoberta, publicada na revista Communications Biology.A nova esp\u00e9cie pertence ao grupo dos saur\u00f3podes\u00a0que se distinguem por serem\u00a0 dinossauros herb\u00edvoros de grande porte, pesco\u00e7o longo\u00a0e cauda comprida, que s\u00e3o raros no resto da Europa. Qunkasaura pintiquiniestra destaca-se por ser um dos esqueletos de saur\u00f3pode mais completos encontrados na Europa. Deste exemplar encontrado na jazida\u00a0de Lo Hueco foi poss\u00edvel recolher v\u00e9rtebras cervicais,\u00a0dorsais e caudais, parte da cintura p\u00e9lvica e\u00a0elementos dos membros.\u00a0\u0022Estamos a falar de um exemplar que teria cerca de 15 metros de longitude, portanto, cabe\u00e7a \u00e0 ponta da cauda, poderia atingir cerca de dez toneladas, uma altura de tr\u00eas metros at\u00e9 ao ombro. Mas estes animais, o grupo dos dinossauros saur\u00f3podes, podiam atingir tamanhos muito maiores\u0022, descreve Pedro Mocho.A presen\u00e7a deste exemplar em Lo Hueco sugere ainda a\u00a0desloca\u00e7\u00e3o desta e outras esp\u00e9cies entre continentes. \u0022Por algum motivo, n\u00f3s temos estes grupos de dinossauros de grandes dimens\u00f5es a viver num territ\u00f3rio que naquele momento correspondia a uma ilha. A Pen\u00ednsula Ib\u00e9rica neste momento era uma ilha unida \u00e0 zona sul da Fran\u00e7a. N\u00f3s chamamos a ilha Ibero-Armoricana, que inclui o que \u00e9 hoje parte do territ\u00f3rio portugu\u00eas, espanhol e sul de Fran\u00e7a\u0022, esclarece o paleont\u00f3logo.Segundo o investigador, em situa\u00e7\u00f5es insulares as esp\u00e9cies tendem a evoluir no sentido de diminuir o seu tamanho, porque h\u00e1 uma menor disponibilidade de recursos. \u00c9 deste pressuposto que se estima que Qunkasaura n\u00e3o tenha evolu\u00eddo em territ\u00f3rio europeu, mas sim tenha migrado do territ\u00f3rio asi\u00e1tico at\u00e9 chegar \u00e0 Pen\u00ednsula Ib\u00e9rica.\u0022Neste territ\u00f3rio existiam j\u00e1 grupos end\u00e9micos, com provavelmente mais de 20 milh\u00f5es de anos de evolu\u00e7\u00e3o que viveram isolados e num ambiente insular.\u00a0E, por isso, n\u00f3s encontramos hoje em dia esp\u00e9cies de pequenas dimens\u00f5es, n\u00e3o s\u00f3 nos dinossauros saur\u00f3podes como em outros grupos de dinossauros e de vertebrados.\u0022No caso desta nova linhagem, diz Pedro Mocho, foi poss\u00edvel perceber que est\u00e1 aparentada com duas esp\u00e9cies da \u00c1sia e da Am\u00e9rica do Norte. Portanto, para al\u00e9m do seu tamanho m\u00e9dio a grande, estas esp\u00e9cies provavelmente n\u00e3o evolu\u00edram isoladas neste territ\u00f3rio e n\u00e3o deram origem a esp\u00e9cies end\u00e9micas.\u0022Estes grupos provavelmente tinham chegado \u00e0 Europa provenientes da \u00c1sia e atravessaram o Leste Europeu at\u00e9 chegar \u00e0 Ilha Ibero-Armoricana. Isto acontece porque durante este per\u00edodo do Cret\u00e1ceo Superior h\u00e1 sempre momentos em que o n\u00edvel m\u00e9dio das \u00e1guas do mar baixa e sobe e, portanto, nos momentos em que o n\u00edvel m\u00e9dio das \u00e1guas do mar baixa, h\u00e1 a possibilidade de os territ\u00f3rios se conectarem entre si e, portanto, temos nesse momento algumas linhagens capazes de ar esse territ\u00f3rio e outras n\u00e3o\u0022, acredita o investigador.O nome \u0022Qunkasaura pintiquiniestra\u0022 resulta de v\u00e1rias refer\u00eancias geogr\u00e1ficas e culturais pr\u00f3ximas da jazida de Lo Hueco: \u0022Qunka\u0022 refere-se \u00e0 etimologia mais antiga do top\u00f3nimo da \u00e1rea de Cuenca e Fuentes, \u0022Saura\u0022 corresponde ao feminino do latim \u0022saurus\u0022 (lagarto) e homenageia o pintor espanhol Antonio Saura, que morreu em Cuenca em 1998, e \u0022pintiquiniestra\u0022 alude \u00e0 \u0022Rainha Pintiquiniestra\u0022, personagem de um romance citado em \u0022Dom Quixote de la Mancha\u0022, de Miguel Cervantes.Uma parte do esqueleto do dinossauro est\u00e1 agora exposta\u00a0no Museu de Paleontologia de Castilla-La Mancha, em Cuenca.\u00a0", "dateCreated": "2024-09-30T13:59:37+02:00", "dateModified": "2024-10-01T18:57:52+02:00", "datePublished": "2024-10-01T18:57:52+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F08%2F76%2F25%2F96%2F1440x810_cmsv2_6f2b7594-83e6-5081-b20a-6eef45364806-8762596.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "Processo de extra\u00e7\u00e3o de parte dos restos de Qunkasaura durante a escava\u00e7\u00e3o em Lo Hueco em 2007", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F08%2F76%2F25%2F96%2F432x243_cmsv2_6f2b7594-83e6-5081-b20a-6eef45364806-8762596.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Person", "familyName": "Mour\u00e3o Carvalho", "givenName": "Joana", "name": "Joana Mour\u00e3o Carvalho", "url": "/perfis/125", "worksFor": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "memberOf": { "@type": "Organization", "name": "Equipe de langue portugaise" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "As not\u00edcias da Cultura" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

Descoberta nova espécie de dinossauro de 10 toneladas que viveu na Península Ibérica

Processo de extração de parte dos restos de Qunkasaura durante a escavação em Lo Hueco em 2007
Processo de extração de parte dos restos de Qunkasaura durante a escavação em Lo Hueco em 2007 Direitos de autor GBE-UNED
Direitos de autor GBE-UNED
De Joana Mourão Carvalho
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Nova espécie de dinossauro saurópode do Cretáceo Superior foi identificada na jazida de Lo Hueco, em Cuenca. Descoberta revela que havia espécies endémicas e migrantes na Europa.

PUBLICIDADE

Em 2007, durante as obras da linha ferroviária de alta velocidade Madrid-Levante foram recolhidos fósseis de um dos últimos gigantes a habitar a Europa antes da extinção dos dinossauros. Qunkasaura pintiquiniestra é o nome da nova espécie de dinossauro que viveu na Península Ibérica há 73 milhões de anos. 

"Qunkasaura é um dinossauro saurópode que viveu na Península Ibérica, no Cretáceo Superior. Nós sabemos que este dinossauro viveu em Cuenca e morreu neste território. Provavelmente pertencia a um grupo que tinha uma distribuição pelo menos na Península Ibérica, e este em particular, pertenceu a uma linhagem que nós acreditamos que tinha uma distribuição que tinha afinidades com outros dinossauros saurópodes do território europeu e do território asiático", explica Pedro Mocho à Euronews.

O paleontólogo português, do Instituto Dom Luiz da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, pertence à equipa que fez a descoberta, publicada na revista Communications Biology.

A nova espécie pertence ao grupo dos saurópodes que se distinguem por serem  dinossauros herbívoros de grande porte, pescoço longo e cauda comprida, que são raros no resto da Europa.

Qunkasaura pintiquiniestra destaca-se por ser um dos esqueletos de saurópode mais completos encontrados na Europa. Deste exemplar encontrado na jazida de Lo Hueco foi possível recolher vértebras cervicais, dorsais e caudais, parte da cintura pélvica e elementos dos membros. 

"Estamos a falar de um exemplar que teria cerca de 15 metros de longitude, portanto, cabeça à ponta da cauda, poderia atingir cerca de dez toneladas, uma altura de três metros até ao ombro. Mas estes animais, o grupo dos dinossauros saurópodes, podiam atingir tamanhos muito maiores", descreve Pedro Mocho.

Restos ósseos de Qunkasaura pintiquiniestra em exibição no Museu Paleontológico de Castilla-La Mancha
Restos ósseos de Qunkasaura pintiquiniestra em exibição no Museu Paleontológico de Castilla-La ManchaGBE-UNED

A presença deste exemplar em Lo Hueco sugere ainda a deslocação desta e outras espécies entre continentes.

"Por algum motivo, nós temos estes grupos de dinossauros de grandes dimensões a viver num território que naquele momento correspondia a uma ilha. A Península Ibérica neste momento era uma ilha unida à zona sul da França. Nós chamamos a ilha Ibero-Armoricana, que inclui o que é hoje parte do território português, espanhol e sul de França", esclarece o paleontólogo.

Segundo o investigador, em situações insulares as espécies tendem a evoluir no sentido de diminuir o seu tamanho, porque há uma menor disponibilidade de recursos. É deste pressuposto que se estima que Qunkasaura não tenha evoluído em território europeu, mas sim tenha migrado do território asiático até chegar à Península Ibérica.

"Neste território existiam já grupos endémicos, com provavelmente mais de 20 milhões de anos de evolução que viveram isolados e num ambiente insular. E, por isso, nós encontramos hoje em dia espécies de pequenas dimensões, não só nos dinossauros saurópodes como em outros grupos de dinossauros e de vertebrados."

No caso desta nova linhagem, diz Pedro Mocho, foi possível perceber que está aparentada com duas espécies da Ásia e da América do Norte. Portanto, para além do seu tamanho médio a grande, estas espécies provavelmente não evoluíram isoladas neste território e não deram origem a espécies endémicas.

"Estes grupos provavelmente tinham chegado à Europa provenientes da Ásia e atravessaram o Leste Europeu até chegar à Ilha Ibero-Armoricana. Isto acontece porque durante este período do Cretáceo Superior há sempre momentos em que o nível médio das águas do mar baixa e sobe e, portanto, nos momentos em que o nível médio das águas do mar baixa, há a possibilidade de os territórios se conectarem entre si e, portanto, temos nesse momento algumas linhagens capazes de ar esse território e outras não", acredita o investigador.

O nome "Qunkasaura pintiquiniestra" resulta de várias referências geográficas e culturais próximas da jazida de Lo Hueco: "Qunka" refere-se à etimologia mais antiga do topónimo da área de Cuenca e Fuentes, "Saura" corresponde ao feminino do latim "saurus" (lagarto) e homenageia o pintor espanhol Antonio Saura, que morreu em Cuenca em 1998, e "pintiquiniestra" alude à "Rainha Pintiquiniestra", personagem de um romance citado em "Dom Quixote de la Mancha", de Miguel Cervantes.

Uma parte do esqueleto do dinossauro está agora exposta no Museu de Paleontologia de Castilla-La Mancha, em Cuenca. 

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Descubra Cabília: o mítico destino de montanha da Argélia

Descobrir a arte moderna, as grutas míticas e o golfe costeiro em Tânger

Dupla processa Kevin Costner por cena de violação em 'Horizon'