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Alfredo Cunha, o fotógrafo que a revolução não deixou dormir

A juventude portuguesa no 25/04/1974, por Alfredo Cunha
A juventude portuguesa no 25/04/1974, por Alfredo Cunha Direitos de autor Alfredo Cunha
Direitos de autor Alfredo Cunha
De Ricardo FigueiraBruno Silva
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Durante três dias, não foi a casa. Nesses dias e nos seguintes, não parou de fotografar e construíu um corpo de trabalho que é um dos mais completos testemunhos do 25 de Abril para as gerações seguintes.

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A 25 de abril de 1974, Alfredo Cunha tinha 20 anos feitos há pouco tempo. Nesse dia, então jovem fotojornalista do jornal "O Século", fez o trabalho mais importante de toda uma vida: Durante três dias não foi a casa. Durante esses dias e os seguintes, não parou de fotografar a revolução que estava a acontecer nas ruas.

Hoje, as fotos que fez são consideradas um dos mais importantes testemunhos daquele a que a poetisa Sophia de Mello Breyner chamou o "dia inicial, inteiro e limpo".

Amigos A partir de agora, recomeço a publicar, na medida do possível, fotografias relativas ao livro "25 de Abril de...

Posted by Alfredo Cunha on Wednesday, April 10, 2024

"Eu saí do trabalho à noite e, quando cheguei a casa, a minha mãe disse-me que estava a haver uma revolução. Voltei para o jornal outra vez e fui fotografar. Fui para o jornal "O Século", onde trabalhava, e fui fotografar", conta Cunha.

Um retrato icónico

Entre as fotografias que fez nesse dia, uma tornou-se especial. Manteve-se inédita durante 20 anos e em 1994, nos 20 anos da revolução, foi publicada pelo jornal "Público" juntamente com um editorial intitulado "O olhar do capitão" e tornou-se icónica: Trata-se do retrato do capitão Salgueiro Maia.

Retrato de Salgueiro Maia, inédito até 1994: "O momento em que o homem se transforma no mito", nas palavras do fotógrafo
Retrato de Salgueiro Maia, inédito até 1994: "O momento em que o homem se transforma no mito", nas palavras do fotógrafoAlfredo Cunha
O retrato de Salgueiro Maia mostra o momento em que o homem se transforma no mito.
Alfredo Cunha
Fotógrafo

"Este retrato, há quem considere que é o retrato do 25 de Abril. Eu acho que é um retrato de Salgueiro Maia, nada mais do que isso, mas que nos leva a um ponto em que o homem se transforma no mito. É isso que as pessoas veem neste retrato".

A juventude portuguesa em 1974
A juventude portuguesa em 1974Alfredo Cunha

Outra foto mostra um grupo de jovens atrás de um cordão de militares. É também uma das preferidas de Cunha: Este é um retrato da nossa juventude", diz. 

Nesta foto, está cá tudo. É Portugal nos anos 1970".
Alfredo Cunha
Fotógrafo

"É um retrato parcial, uma vez que não há mulheres, mas que nos mostra o estado de espírito nesse dia. Como é que éramos, como nos vestíamos, como tínhamos o cabelo, se era uma sociedade multirracial ou não. E era. Acho que este é um retrato em que, se fizermos uma aproximação entre estas duas caras (a do militar que fuma e a do jovem negro atrás), está cá tudo. É Portugal nos anos 70".

Exposições por todo o país

Alfredo Cunha está a fazer uma série de exposições por todo o país com o título "25 de Abril de 1974, quinta-feira". A Euronews visitou a inauguração da exposição de Almada, mas esta está igualmente patente na Amadora, em Braga e noutras localidades. Cunha publicou também um livro com o mesmo nome, em colaboração com o artista plástico Vhils e com textos de Fernando Rosas, Carlos Matos Gomes e Adelino Gomes.

25 de Abril de 1974, Quinta feira ALFREDO CUNHA/VHILS A partir de agora, recomeço a publicar, na medida do possível,...

Posted by Alfredo Cunha on Monday, February 12, 2024
Vhils reinterpreta obra de Alfredo Cunha

Igualmente em Almada, nos estaleiros da Lisnave, está uma série de obras de vários artistas feitas a partir das fotos de Cunha: São novas interpretações da história que o fotógrafo ajudou a documentar.

Editor de vídeo • Bruno Filipe Figueiredo Da Silva

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