{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/cultura/2023/07/27/a-historia-por-detras-de-nothing-compares-2-u-de-sinead-oconnor" }, "headline": "A hist\u00f3ria por detr\u00e1s de \u0022Nothing Compares 2 U\u0022 de Sin\u00e9ad O'Connor", "description": "Descubra porque nada se compara a \u0022Nothing Compares 2 U\u0022", "articleBody": "Os sintetizadores por tr\u00e1s. A gola alta preta. A cabe\u00e7a rapada. As l\u00e1grimas que caem no momento certo. Mas, acima de tudo, a voz. A artista irlandesa Shuhada' Sadaqat, conhecida profissionalmente como Sin\u00e9ad O'Connor , morreu aos 56 anos. O \u00f3bito foi anunciado esta quarta-feira. Vamos recordar a sua can\u00e7\u00e3o mais famosa e o que a tournou t\u00e3o \u00fanica. Original de Prince A hist\u00f3ria de \u0022Nothing Compares 2 U\u0022 come\u00e7a com Prince . O cantor e compositor de \u0022Purple Rain\u0022 escreveu a vers\u00e3o original numa curta sess\u00e3o de est\u00fadio, em 1984. Num \u00edmpeto, Prince criou toda a can\u00e7\u00e3o a partir do zero, escrevendo a letra num quarto adjacente ao est\u00fadio.\u00a0 Existem duas teorias sobre a quem se refere a m\u00fasica. Ou se trata de Sandy Scipioni, a empregada dom\u00e9stica de Prince que se despediu repentinamente. Ou pode ser sobre o seu amigo Jerome Benton, que tinha acabado de terminar a rela\u00e7\u00e3o com a sua noiva. Embora provavelmente nunca venhamos a saber quem foi a verdadeira fonte de inspira\u00e7\u00e3o, a escrita genial de Prince era evidente desde a demo .\u00a0 Apesar de despida de todo o glamour caracter\u00edstico da estrela, a vers\u00e3o original de \u0022Nothing Compares 2 U\u0022 apresenta todas as outras marcas do estilo Princiano. As guitarras s\u00e3o intermitentes, os saxofones solam e o vibrar camale\u00f3nico da voz do artista funciona mais como uma distra\u00e7\u00e3o do que uma \u00eanfase. Tal como a obra-prima de Leonard Cohen, \u0022Hallelujah\u0022, que s\u00f3 se tornou proeminente depois da cover assombrosa de Jeff Buckley, o original de Prince n\u00e3o marcou logo posi\u00e7\u00e3o.\u00a0 Na verdade, Prince estava a desfrutar tanto do sucesso do recente hit \u0022Purple Rain\u0022 que pensou que a m\u00fasica n\u00e3o funcionaria como um lan\u00e7amento a solo.\u00a0 Ent\u00e3o, ou-a \u00a0para The Family, uma banda que ele tinha formado e para a qual tinha escrito can\u00e7\u00f5es, sem fornecer os vocais.\u00a0 St. Paul assumia essa fun\u00e7\u00e3o, como vocalista da banda.\u00a0 Desta vez, a m\u00fasica \u00e9 mais despojada e conta com Susannah Melvoin na voz de fundo. Lan\u00e7ada no \u00fanico \u00e1lbum dos The Family em 1985, \u0022Nothing Compares 2 U\u0022 n\u00e3o foi bem recebida e o projeto fracassou. Noutro mundo, este teria sido o fim da can\u00e7\u00e3o. Entra Sin\u00e9ad O'Connor Sin\u00e9ad O'Connor estava a viver uma onda de sucesso depois de o seu primeiro \u00e1lbum, \u0022The Lion and The Cobra\u0022, ter sido aclamado internacionalmente. Para o seu segundo trabalho, o seu agente Fachtna O'Ceallaigh sugeriu uma cover de \u0022Nothing Compares 2 U\u0022. Mais uma vez, \u00e9 dif\u00edcil saber exatamente quem \u00e9 o sujeito por detr\u00e1s da mensagem agridoce da m\u00fasica. Na altura, O'Connor e O'Ceallaigh estavam numa rela\u00e7\u00e3o que se estava a desmoronar.\u00a0 Ao mesmo tempo, presume-se que as letras que se referem a uma m\u00e3e se relacionam com a rela\u00e7\u00e3o complicada da cantora com a sua pr\u00f3pria m\u00e3e, que morreu em 1985. Tal como Prince, O'Connor n\u00e3o demorou muito tempo a aperfei\u00e7oar a can\u00e7\u00e3o. Gravada num s\u00f3 take , a artista conseguiu fazer os vocais com uma seriedade intransigente. Ouvindo a m\u00fascia, fica claro porque \u00e9 que esta \u00e9 a sua vers\u00e3o definitiva. \u0022Nothing Compares 2 U\u0022 foi reduzida apenas \u00e0s partes essenciais, permitindo que os vocais assombrosos de O'Connor ecoem sobre tudo o resto. Enquanto os homens se voltaram para o enf\u00e1tico, O'Connor toca com conten\u00e7\u00e3o. A sua autenticidade absoluta - que define a sua carreira - \u00e9 not\u00e1vel.\u00a0 A cantora \u00e9 calma e moderada em linhas reflexivas, eleva-se em for\u00e7a de auto-conhecimento para momentos de poder e finalmente, ressoa com absoluta convic\u00e7\u00e3o quando chega ao refr\u00e3o. O v\u00eddeo \u00e9 igualmente espantoso. Realizado por John Maybury, h\u00e1 imagens de O'Connor a vaguear por Paris, mas est\u00e3o subordinadas ao evento principal. Numa gola alta preta, a artista com o cabelo rapado \u00e9 a \u00fanica coisa iluminada contra um fundo preto.\u00a0 Tal como os l\u00e1bios descomprometidos destacados na pe\u00e7a \u0022Not I\u0022 do seu compatriota Samuel Beckett, a cantora n\u00e3o tem onde se esconder no v\u00eddeo enquanto olha fixamente para a c\u00e2mara. \u00c9 um cl\u00e1ssico de O'Connor. O seu belo rosto penetra na nossa alma enquanto a vemos refletir sobre a rela\u00e7\u00e3o perdida de que trata a can\u00e7\u00e3o.\u00a0 Quando a m\u00fasica atinge o cl\u00edmax, como se fosse uma deixa, duas l\u00e1grimas rolam pelas suas bochechas. N\u00e3o h\u00e1 qualquer artif\u00edcio. Cantar os versos sobre a m\u00e3e fez com que ela se desmanchasse em tempo real. Pode n\u00e3o ter sido O'Connor a escrever a can\u00e7\u00e3o, mas a emo\u00e7\u00e3o era real para ela. E continua a ser para n\u00f3s tamb\u00e9m. ", "dateCreated": "2023-07-27T12:45:30+02:00", "dateModified": "2023-07-27T17:26:27+02:00", "datePublished": "2023-07-27T17:26:24+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F07%2F78%2F23%2F84%2F1440x810_cmsv2_d2fa1dca-222d-5552-b91d-07b70dd01376-7782384.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "A cantora irlandesa Sinead O'Connor atua no Akvarium Klub em Budapeste, na Hungria, em 2019.", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F07%2F78%2F23%2F84%2F432x243_cmsv2_d2fa1dca-222d-5552-b91d-07b70dd01376-7782384.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Person", "familyName": "Walfisz", "givenName": "Jonny", "name": "Jonny Walfisz", "url": "/perfis/2272", "worksFor": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "sameAs": "https://www.x.com/@JonathanWalfisz", "memberOf": { "@type": "Organization", "name": "R\u00e9daction" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "As not\u00edcias da Cultura" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

A história por detrás de "Nothing Compares 2 U" de Sinéad O'Connor

A cantora irlandesa Sinead O'Connor atua no Akvarium Klub em Budapeste, na Hungria, em 2019.
A cantora irlandesa Sinead O'Connor atua no Akvarium Klub em Budapeste, na Hungria, em 2019. Direitos de autor Marton Monus/MTI - Media Service and Asset Management Fund
Direitos de autor Marton Monus/MTI - Media Service and Asset Management Fund
De Jonny Walfisz
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button

Descubra porque nada se compara a "Nothing Compares 2 U"

PUBLICIDADE

Os sintetizadores por trás. A gola alta preta. A cabeça rapada. As lágrimas que caem no momento certo. Mas, acima de tudo, a voz.

A artista irlandesa Shuhada' Sadaqat, conhecida profissionalmente como Sinéad O'Connor, morreu aos 56 anos. O óbito foi anunciado esta quarta-feira.

Vamos recordar a sua canção mais famosa e o que a tournou tão única.

Original de Prince

A história de "Nothing Compares 2 U" começa com Prince. O cantor e compositor de "Purple Rain" escreveu a versão original numa curta sessão de estúdio, em 1984.

Num ímpeto, Prince criou toda a canção a partir do zero, escrevendo a letra num quarto adjacente ao estúdio. 

Existem duas teorias sobre a quem se refere a música. Ou se trata de Sandy Scipioni, a empregada doméstica de Prince que se despediu repentinamente. Ou pode ser sobre o seu amigo Jerome Benton, que tinha acabado de terminar a relação com a sua noiva.

Embora provavelmente nunca venhamos a saber quem foi a verdadeira fonte de inspiração, a escrita genial de Prince era evidente desde a demo

Apesar de despida de todo o glamour característico da estrela, a versão original de "Nothing Compares 2 U" apresenta todas as outras marcas do estilo Princiano. As guitarras são intermitentes, os saxofones solam e o vibrar camaleónico da voz do artista funciona mais como uma distração do que uma ênfase.

Tal como a obra-prima de Leonard Cohen, "Hallelujah", que só se tornou proeminente depois da cover assombrosa de Jeff Buckley, o original de Prince não marcou logo posição. 

Na verdade, Prince estava a desfrutar tanto do sucesso do recente hit "Purple Rain" que pensou que a música não funcionaria como um lançamento a solo. 

Então, ou-a para The Family, uma banda que ele tinha formado e para a qual tinha escrito canções, sem fornecer os vocais. St. Paul assumia essa função, como vocalista da banda. 

Desta vez, a música é mais despojada e conta com Susannah Melvoin na voz de fundo.

Lançada no único álbum dos The Family em 1985, "Nothing Compares 2 U" não foi bem recebida e o projeto fracassou. Noutro mundo, este teria sido o fim da canção.

Entra Sinéad O'Connor

Sinéad O'Connor estava a viver uma onda de sucesso depois de o seu primeiro álbum, "The Lion and The Cobra", ter sido aclamado internacionalmente. Para o seu segundo trabalho, o seu agente Fachtna O'Ceallaigh sugeriu uma cover de "Nothing Compares 2 U".

Mais uma vez, é difícil saber exatamente quem é o sujeito por detrás da mensagem agridoce da música. Na altura, O'Connor e O'Ceallaigh estavam numa relação que se estava a desmoronar. 

Ao mesmo tempo, presume-se que as letras que se referem a uma mãe se relacionam com a relação complicada da cantora com a sua própria mãe, que morreu em 1985.

Tal como Prince, O'Connor não demorou muito tempo a aperfeiçoar a canção. Gravada num só take, a artista conseguiu fazer os vocais com uma seriedade intransigente.

Ouvindo a múscia, fica claro porque é que esta é a sua versão definitiva. "Nothing Compares 2 U" foi reduzida apenas às partes essenciais, permitindo que os vocais assombrosos de O'Connor ecoem sobre tudo o resto.

Enquanto os homens se voltaram para o enfático, O'Connor toca com contenção. A sua autenticidade absoluta - que define a sua carreira - é notável. 

A cantora é calma e moderada em linhas reflexivas, eleva-se em força de auto-conhecimento para momentos de poder e finalmente, ressoa com absoluta convicção quando chega ao refrão.

O vídeo é igualmente espantoso. Realizado por John Maybury, há imagens de O'Connor a vaguear por Paris, mas estão subordinadas ao evento principal. Numa gola alta preta, a artista com o cabelo rapado é a única coisa iluminada contra um fundo preto. 

Tal como os lábios descomprometidos destacados na peça "Not I" do seu compatriota Samuel Beckett, a cantora não tem onde se esconder no vídeo enquanto olha fixamente para a câmara.

É um clássico de O'Connor. O seu belo rosto penetra na nossa alma enquanto a vemos refletir sobre a relação perdida de que trata a canção. 

Quando a música atinge o clímax, como se fosse uma deixa, duas lágrimas rolam pelas suas bochechas. Não há qualquer artifício. Cantar os versos sobre a mãe fez com que ela se desmanchasse em tempo real.

Pode não ter sido O'Connor a escrever a canção, mas a emoção era real para ela. E continua a ser para nós também.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Morreu Sinéad O'Connor (1966-2023, 56 anos)

Autópsia revela que Prince morreu de sobredose de analgésico

Ativistas da Greenpeace roubam figura de cera de Macron no Museu Grévin