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A tragédia real exposta na Bienal de Arte de Veneza

A tragédia real exposta na Bienal de Arte de Veneza
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"Que possamos viver numa época interessante", é o lema da 58.ª edição de uma das mais antigas exposições de arte do mundo

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Gôndolas, canais, a Praça de São Marcos ou a Ponte dos Suspiros são as imagens que nos vêm à memória quando ouvimos falar de Veneza, mas a Bienal de Arte que há pouco abriu portas é outro dos grandes eventos culturais no ADN desta cidade italiana conhecida historicamente como a "Sereníssima."

Veneza acolhe desde o século XIX esta que é a mais antiga Bienal de arte do mundo, ainda hoje uma referência internacional.

A Euronews já visitou a 58.ª edição da Bienal de Arte de Veneza e ou por um dos pavilhões que se estima vir a ser um dos mais visitados este ano, o britânico.

Em exposição estão obras da norte-irlandesa Cathy Wilkes, incluindo figuras de pessoas desmembradas.

A bienal espalha-se por dois espaços principais, situados próximos um do outro: os Jardins e o Arsenal, onde eram fabricados os barcos.

Este ano, a bienal centra-se nos problemas do nosso tempo.

"'May you live in interesting times' ('Que possamos viver numa época interessante') é o título desta bienal de Veneza, onde se tenta ir além das considerações meramente artísticas para se explorar os problemas políticos atuais. A arte como representação e testemunho dos tempos", resume Frédéric Ponsard, o enviado especial da Euronews a Veneza.

Durante a visita encontramo-nos com Ralph Rugoff. O comissário da exposição e diretor artístico da bienal deste ano descreve o programa deste ano "sobretudo" como " um espetáculo sobre o presente e os tempos em que vivemos."

"Esses tempos crescem para lá da história. Não apareceram do nada e podem estar a caminho de futuros desconhecidos. Na verdade, esta é uma exposição sobre a forma como os artistas respondem aos tempos em que vivemos", defende Rugoff.

A verdade trágica na arte

Uma das obras mais controversas promete ser "A Nossa Barca", de Christoph Büchel, descrita como o destroço de um barco naufragado ao largo da Líbia, em 2015, com mais de 700 pessoas a bordo, assumindo-se como caixão agora exibido a céu aberto.

"Não é arte, mas é um artista que inicia assim a sua apresentação. É também um artista que pega em algo real do mundo, algo associado a uma tragédia de morte, e que o coloca no contexto de um mundo artístico que faz perguntas", explica-nos Ralph Rugoff.

O artista polaco Roman Stańczak também deixa perguntas com a instalação de uma cabine de avião que nos remete para o acidente onde perdeu a vida o antigo presidente da Polónia, Lech Kaczyński.

"Esta escultura integra muitas metáforas. Tem um contexto polaco, mas também algo mais universal. É uma metáfora do mundo que nos rodeia, mas também uma metáfora do interior do homem e da sua procura. Tudo isto, no pico do desenvolvimento tecnológico, faz-nos regressar sempre aos nossos instintos primitivos", explicou-nos o próprio artista, Roman Stańczak.

A presença feminina nesta bienal é também notável. O pavilhão coreano promove a obra de três mulheres que trabalharam as relações entre a tradição e a modernidade, do ponto de vista feminino.

"O contemporâneo não é apenas contemporâneo. Estamos sempre a beber das nossas tradições e estamos também sempre a reinterpretar a tradição no contemporâneo. Aqui em Veneza, existem tantas tradições e coisas modernas misturadas. Estes espaços são ótimos para nós", diz-nos Siren Eun Young Tung, uma das artistas coreanas em destaque.

A bienal promove também diversos eventos paralelos. Um dos mais prestigiados é a entrega do Prémio Futura Geração da Arte, onde 21 artistas foram previamente selecionados por um júri escolhido pelo Centro de Arte Pinchuk, de Kyiv, na Ucrânia.

A distinção é atribuída no Ca'Tron, um palácio veneziano dos finais do século XVI. "Apresentar o prémio neste palácio sublinha a interessante relação entre algo profundamente vanguardista e algo marcadamente tradicional", defende Björn Geldho, o diretor artístico do Pinchuk.

O vencedor do prémio deste ano foi a lituana Emilija Škarnulytė, com o vídeo intitulado "t 1/2" ou "meia vida", filmado na Lituânia, numa central atómica gémea da de Chernobyl, na Ucrânia.

"Estou interessada na arqueologia do futuro. Em olhar para todas as cicatrizes deixadas pelo homem, para os sinais deixados no planeta por processos científicos e pela mitologia da guerra fria", assume Emilija Škarnulytė.

Portugal também está presente em Veneza com uma exposição de Leonor Antunes, sob curadoria de João Ribas e patente ao público no Palácio Giustinian Lolin.

A Bienal de Arte de Veneza de 2019 decorre até 24 de novembro.

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