Apesar das pressões exercidas pelos EUA durante o fim de semana, a UE afirmou que a sua proposta em matéria de direitos aduaneiros continua em vigor.
A proposta da UE em matéria de comércio com os EUA não sofreu alterações, apesar da pressão exercida pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que ameaçou, na semana ada, impor direitos aduaneiros de 50% às importações da UE.
A UE propôs uma reciprocidade "zero por zero" para um regime não tarifário sobre mercadorias e ofereceu-se para comprar energia, tecnologia e produtos agrícolas dos EUA para pôr fim à guerra comercial lançada pelos EUA em meados de março.
"Em relação ao zero por zero, continua em cima da mesa", disse o porta-voz da UE para o Comércio, Olof Gill, acrescentando: “Acreditamos que este é um ponto de partida muito atrativo para uma boa negociação que poderá trazer benefícios para ambos os lados do Atlântico”.
Na semana ada, a UE e os EUA trocaram cartas com as respetivas propostas para dar início às negociações, com efeitos desastrosos.
As autoridades afirmaram que a proposta dos EUA era "unilateral", enquanto Trump escreveu nas suas redes sociais Truth: "As nossas discussões com eles [a UE] não estão a ir a lado nenhum! Por isso, recomendo uma tarifa direta de 50% para a União Europeia, a partir de 1 de junho de 2025".
Na tarde de sexta-feira, o comissário europeu para o Comércio, Maroš Šefčovič, falou com o seu homólogo norte-americano, Howard Lutnick, mas os pedidos dos EUA foram considerados irrealistas e injustos, disse um responsável da UE.
Depois de falar com a presidente da UE, Ursula von der Leyen, no domingo, Trump concordou em adiar a ameaça de imposição de tarifas de 50% até 9 de julho.
Os dois presidentes "concordaram em acelerar as negociações comerciais e manter-se em o estreito", disse a porta-voz da Comissão Europeia, Paula Pinho.
Os EUA aplicam atualmente direitos aduaneiros de 25% sobre o aço, o alumínio e os automóveis da UE e direitos aduaneiros gerais de 10% sobre todas as importações da UE.
Os Estados-membros da UE advertiram, numa reunião realizada em meados de maio, em Bruxelas, que o acordo comercial entre os EUA e o Reino Unido, segundo o qual Londres aceitava uma tarifa de base de 10% dos EUA para evitar outras taxas sobre os automóveis e os metais, não era uma opção. Se os EUA mantiverem os atuais direitos aduaneiros, a UE retaliará com contramedidas.
Está a ser debatido em Bruxelas e nas capitais da UE um pacote de medidas para atingir 95 mil milhões de euros de produtos norte-americanos com direitos aduaneiros, caso as negociações com os EUA falhem. Este pacote vem juntar-se a uma primeira lista de produtos americanos no valor de 21 mil milhões de euros que foi suspensa depois de Trump ter anunciado uma pausa de 90 dias até 9 de julho.