O Sindicato dos Jornalistas Portugueses organizou uma manifestação em Lisboa, na quinta-feira, em solidariedade com os trabalhadores da Medialivre.
A empresa de comunicação social portuguesa Medialivre, da qual o futebolista Cristiano Ronaldo é o maior acionista, vai despedir alguns dos seus jornalistas - de acordo com o sindicato dos Jornalistas Portugueses (Sinjor).
Até ao momento, dez funcionários foram informados de que vão perder os seus empregos, disse Vitor Mota, fotojornalista da Medialivre e representante do sindicato, à Euronews.
Mota, que vai perder o seu emprego, disse que as dez pessoas receberam uma carta de aviso na quarta-feira à tarde, véspera do Dia do Trabalhador em muitos países europeus.
O repórter fotográfico referiu que os cortes anunciados afetam oito fotojornalistas permanentes da sede da Medialivre em Lisboa e dois jornalistas redatores permanentes na divisão do Porto.
Um comunicado do Sindicato dos Jornalistas de Portugal sugere que a redução de postos de trabalho poderá ser mais generalizada, embora Mota tenha referido que ainda é muito cedo para o afirmar com certeza.
O sindicato irá contestar as 10 reduções de postos de trabalho já anunciadas. Os jornalistas afetados terão de trabalhar até que a logística legal dos despedimentos seja finalizada.
No total, a Medialivre conta com cerca de 730 trabalhadores, dos quais cerca de 300 são jornalistas.
"O Sindicato dos Jornalistas tomou conhecimento, com surpresa e choque, da intenção da Medialivre de proceder a um despedimento coletivo, com incidência nos fotojornalistas, que irá reduzir o número de colaboradores em publicações como o Correio da Manhã, Record, Jornal de Negócios e a revista Sábado", refere o sindicato em comunicado divulgado esta quarta-feira.
"Anunciar um despedimento coletivo na véspera do Dia do Trabalhador, que é um marco mundial de conquistas laborais adas que se estão a deteriorar cada vez mais, é inaceitável", acrescentou ainda o grupo sindical.
Mota, que trabalha com a Medialivre desde 2004, disse que a empresa está a tentar usar mais "gravações de vídeo, imagens da empresa e jornalismo cidadão", em vez de confiar nos fotojornalistas internos.
"Percebemos que queiram cortar nos postos de trabalho para poupar dinheiro", disse à Euronews, "mas é nossa opinião que uma empresa de comunicação social que tem de recorrer à fotografia gratuita perde a sua independência".
O Sindicato dos Jornalistas Portugueses organizou uma manifestação em Lisboa, na tarde de quinta-feira, em solidariedade com os funcionários da Medialivre.
Em relação à redução de postos de trabalho, o grupo criticou o futebolista português Cristiano Ronaldo, que detém atualmente uma participação de 30% na Medialivre.
"É lamentável que Ronaldo (cujo salário, segundo a revista Forbes, valia mais de 250 milhões de euros no ano ado) tenha comprado uma parte significativa da empresa para depois permitir o despedimento", afirma o sindicato em comunicado.
Para além de editar os jornais Correio da Manhã, Record, Jornal de Negócios e a revista Sábado, a Medialivre é também proprietária do canal de televisão NOW.
A Medialivre ainda não respondeu ao pedido de comentário da Euronews.