"Não temos de nos tornar programadores de um dia para o outro. Só temos de compreender a forma como a IA está integrada no nosso dia a dia", disse Josh Graff, do LinkedIn, à Euronews.
As previsões sugerem que 70 % das competências necessárias para os empregos comuns atuais irão mudar até 2030, de acordo com o relatório para 2025 do LinkedIn sobre alterações no mundo do trabalho.
Dentro de cinco anos, o seu emprego poderá ser completamente diferente. Está à altura da mudança ou vai ficar para trás?
Neste episódio de The Big Question, Hannah Brown recebe o diretor-geral do LinkedIn para a região EMEA e a América Latina, Josh Graff, para discutir o estado do mercado de trabalho europeu e o futuro das competências profissionais.
Como será o mercado de trabalho europeu em 2025?
Os dados relativos a janeiro de 2025 revelam um decréscimo anual de 17 % nas contratações em toda a Europa. Esta situação está relacionada com a redução de efetivos de muitas empresas, que se seguiu a um surto de contratação pós-pandemia.
Durante este período, a mobilidade na carreira diminuiu, com muitas pessoas a temerem a abordagem "o último a entrar é o primeiro a sair" da redução de efetivos.
Apesar disso, as estatísticas continuam a sugerir que as pessoas que estão a entrar agora no mercado de trabalho irão ter duas vezes mais empregos durante a sua carreira do que aquelas que entraram no mercado de trabalho há 15 anos.
O que está realmente a moldar o panorama do emprego na Europa é a mudança nas exigências de competências à medida que olhamos para o futuro.
"10 % dos postos de trabalho que existem atualmente não existiam no ano 2000", disse Josh à Euronews, acrescentando que existe uma grande procura de competências em IA, mas muito pouca oferta.
Como podem os europeus preparar-se para o futuro do trabalho?
Josh sublinhou a importância de requalificar e melhorar as competências da mão-de-obra para a preparar para os empregos do futuro. É especialmente importante que as gerações mais velhas invistam no desenvolvimento das suas capacidades, uma vez que têm uma idade mais avançada e estão sujeitas a uma mobilidade profissional reduzida.
"Sejamos claros. Não temos de nos tornar programadores de um dia para o outro. Só temos de compreender a forma como a IA está integrada no nosso dia a dia", explicou.
Josh citou um relatório que leu no ano ado e que sugeria que três quartos dos empresários contratariam alguém com competências em IA em vez de alguém sem essas competências, mesmo que a pessoa sem competências tivesse muito mais experiência.
Falou também da importância dos programas educativos no incentivo às mulheres jovens para enveredar pelas disciplinas STEM e na criação de uma mão-de-obra mais diversificada.
"O número de mulheres que trabalham em IA é o dobro do número de 2016", afirmou Josh.
"A má notícia é que iremos demorar 162 anos a atingir a igualdade de género no setor da inteligência artificial."
Serão os cargos superiores íveis a todos?
Não somos apenas nós, meros mortais, que temos de mudar as nossas competências: os que estão no topo também têm de se adaptar para sobreviver.
"Historicamente, eram os diretores de tecnologia e os diretores de produto que possuíam conhecimentos técnicos aprofundados", explicou Josh.
"Hoje em dia, todos os que ocupam cargos superiores precisam de ser executivos tecnológicos. Talvez não seja necessário saber programar, mas é certamente necessário saber como a tecnologia pode influenciar o negócio, os produtos, a produtividade e a rentabilidade, sobretudo no âmbito da inteligência artificial."
Embora Josh saliente que ainda existem barreiras que impedem o o de pessoas de todas as origens a determinadas funções, mostrou-se otimista quanto ao futuro do o a oportunidades.
"Historicamente, era muito difícil entrar em o com uma empresa ou com um executivo de uma organização. Hoje em dia, é possível entrar no LinkedIn, encontrá-los e enviar-lhes uma mensagem. E, na maioria dos casos, conseguimos uma resposta num período de tempo muito curto."
"Portanto, existem ferramentas que ajudam neste o, embora ainda tenhamos um longo caminho pela frente."
Josh partilhou também algumas dicas para nos destacarmos no LinkedIn. Entre elas, incluem-se:
- Ter uma fotografia de perfil, o que pode levar a 26 vezes mais visualizações;
- Escrever uma introdução no perfil;
- Enumerar todas as competências;
- Envolvermo-nos nos acontecimentos, ou seja, seguir empresas que sejam do nosso interesse, fazer comentários e participar nas discussões.
Estarão os trabalhadores remotos em desvantagem?
Os dados do LinkedIn mostram que a percentagem de candidatos a empregos totalmente remotos é muito mais elevada do que a cargos presenciais ou híbridos.
"A percentagem de vagas totalmente remotas é inferior a 5 %, e estas atraem 15 % de todas as candidaturas", explicou Josh.
Neste cenário, sublinhou que é ainda mais importante possuir competências relevantes para o futuro que ajudem a ultraar a concorrência.
Também abordou as vantagens de um regime de trabalho híbrido para quem está no início da carreira, cargos que tendem a ter um equilíbrio maior entre a oferta e a procura.
"A oportunidade de fazer os internamente é muito útil. E, na verdade, tenho observado que para as pessoas que estão em início de carreira, ter um cargo completamente remoto pode dificultar a construção de uma rede de os."
The Big Questioné uma série da Euronews Business onde nos reunimos com líderes e especialistas da indústria para discutir alguns dos tópicos mais relevantes da atualidade.
Veja a conversa completa com Josh Graff do LinkedIn no vídeo acima.