A China vai impor direitos aduaneiros sobre alguns produtos canadianos, em retaliação às taxas aplicadas pelo Canadá sobre os veículos elétricos e os metais chineses, numa altura em que a guerra comercial mundial está intensificar-se.
A China anunciou que vai impor direitos aduaneiros de retaliação sobre alguns produtos agricolas canadianos, marcando uma nova escalada na guerra comercial global. Pequim declarou que irá impor direitos aduaneiros de 100% sobre produtos como o óleo de colza e as ervilhas, juntamente com uma taxa de importação de 25% sobre carne suína, provenientes do Canadá, a partir de 20 de março.
Intensificação dos conflitos comerciais entre a China e o Canadá
Em outubro, Otava aplicou uma taxa de importação de 100% aos veículos elétricos chineses e uma tarifa de 25% sobre o aço e o alumínio. O governo chinês afirmou em comunicado no sábado: "As medidas do Canadá violam gravemente as regras da Organização Mundial do Comércio, são atos típicos de protecionismo, constituem medidas restritivas contra a China e prejudicam gravemente os direitos e interesses legítimos da China".
De acordo com o governo canadiano, a colza, usada para produzir óleo alimentar, é a segunda maior cultura do país, gerando 13,6 mil milhões de dólares canadianos (8,73 mil milhões de euros) em vendas em 2023.
As exportações canadianas de óleo de colza para a China ascenderam a 920,9 milhões de dólares canadianos (591,3 milhões de euros) e 21 milhões de dólares canadianos (13,5 milhões de euros), respetivamente, em 2024.
As exportações de ervilhas do Canadá para a China atingiram 303 milhões de dólares canadianos (194,5 milhões de euros) em 2024.
A decisão chinesa veio na sequência de uma série de decisões tarifárias do presidente dos EUA, Donald Trump, na semana ada, incluindo tarifas de 25% sobre o Canadá e o México, enquanto duplicou as taxas de importação chinesas para 20%. Pouco depois, Trump concedeu uma isenção de um mês sobre as tarifas de automóveis e algumas tarifas agrícolas para o Canadá e o México sob as regras do USMCA, já que ambos os países sinalizaram a vontade de rever as tarifas sobre as importações chinesas.
O Canadá não aceita o relatório chinês, sobre estas medidas, nem as suas conclusões", afirmou o Ministério dos Assuntos Globais canadiano em comunicado no sábado. A declaração indicou que aborda "as políticas e práticas não comerciais da China que reduzem os custos de produção e distorcem os mercados. O Canadá continua aberto a um diálogo construtivo com as autoridades chinesas para resolver as nossas preocupações comerciais respetivas".
Inflação chinesa torna-se negativa
De acordo com os dados divulgados durante o fim de semana, os preços na China caíram 0,7% em fevereiro, ando a ser negativos pela primeira vez em 13 meses, o que evidencia a fraca procura por parte dos consumidores. Na reunião anual do governo, realizada na semana ada, Pequim fixou o objetivo de crescimento do produto interno bruto (PIB) em 5% para 2025 e anunciou medidas de estímulo adicionais para reforçar a economia.
No entanto, o objetivo de crescimento de 5% poderá ser um desafio para a segunda maior economia do mundo, tendo em conta a fraca procura interna e a intensificação das tensões comerciais com os EUA e outros países.
A China delineou um pacote de estímulo para apoiar o seu crescimento económico, uma vez que Pequim se comprometeu a adotar uma "política fiscal pró-ativa e uma política monetária mais moderadamente flexível" em dezembro do ano ado. O governo chinês também baixou o seu objetivo de inflação para 2% - o valor mais baixo em mais de duas décadas - enquanto aumentou o nível do défice para um máximo de três décadas de 4% do PIB.
Bolsas chinesas e Yuan chinês caem
Na segunda-feira, tanto o yuan chinês como as bolsas chinesas caíram devido à intensificação das tensões comerciais e aos dados dececionantes sobre a inflação. O yuan chinês caiu 0,22% em relação ao dólar americano e o índice Hang Seng caiu 1,7% às 4h CET. No entanto, tanto o yuan como as bolsas chinesas têm vindo a subir este ano, em parte devido ao lançamento do modelo de IA da DeepSeek em janeiro, uma empresa chinesa que pretende competir com os principais modelos de IA dos EUA.