Apesar de afirmar que as discussões sobre o comércio transatlântico com os EUA continuam acesas, a Comissão Europeia disse que o bloco está pronto para responder com firmeza se as tarifas anunciadas pelo presidente Trump se concretizarem.
A Comissão Europeia afirma que o diálogo com os EUA não foi interrompido, apesar de o presidente Donald Trump ter anunciado, na quarta-feira à noite, novas tarifas de 25% sobre os produtos da UE.
"Defendemos o diálogo, a abertura e a reciprocidade", afirmou o porta-voz da Comissão Europeia, Olof Gill, garantindo que estão a decorrer os de alto nível entre a istração norte-americana e a UE. "Ainda estamos na fase inicial de perceber o que se está a ar", acrescentou Gill.
O comentário surge na sequência de uma declaração do executivo da UE, na quarta-feira à noite, reiterando que está pronto a reagir "com firmeza" e "imediatamente" se os aumentos dos direitos aduaneiros sobre os produtos da UE se concretizarem, mas nesta fase ainda não foram anunciadas quaisquer contramedidas.
"A UE irá sempre proteger as empresas, os trabalhadores e os consumidores europeus de tarifas injustificadas", afirmou Gill.
Em resposta à afirmação do presidente dos EUA de que o bloco foi formado para "lixar os Estados Unidos", Gill acrescentou que "a UE tem sido uma bênção para os Estados Unidos", sublinhando que "os investimentos dos EUA na Europa são altamente lucrativos".
Trump anunciou anteriormente que, a partir de 12 de março, serão aplicados direitos aduaneiros de 25% a todas as importações de alumínio e aço para os EUA, incluindo as provenientes da UE. A sua istração está também a trabalhar em tarifas recíprocas sobre as importações da UE, numa base de país para país.
O comissário do Comércio, Maroš Šefčovič, deslocou-se, na semana ada, a Washington para se encontrar com o seu homólogo norte-americano, o secretário do Comércio, Howard Lutnick. "Foi uma reunião muito produtiva", disse Gill, acrescentando que "tiveram a oportunidade de ver onde estão os princípios e as linhas vermelhas do outro".
A UE e os EUA estão envolvidos numa batalha narrativa sobre números, com Trump a afirmar que os EUA sofrem de um défice comercial de 300 mil milhões de dólares com a UE, enquanto esta última argumenta que qualquer défice no comércio de bens entre os blocos é compensado por um excedente no comércio de serviços, que a UE afirma reduzir o défice dos EUA para 50 mil milhões de dólares.
"As barreiras ao comércio justo são injustificadas, especialmente entre parceiros comerciais. É uma perda para ambos", afirmou o vice-presidente executivo da Comissão Europeia, Stéphane Séjourné, no X.
A UE "foi criada para manter a paz, promover o respeito entre as nossas nações, criar um comércio livre e justo e reforçar a nossa amizade transatlântica. Tão simples quanto isso", publicou o primeiro-ministro polaco Donald Tusk.
A Comissão Europeia está a trabalhar em medidas de retaliação há mais de duas semanas, enquanto tenta negociar com os americanos. Está pronta uma lista de produtos já visados na disputa comercial entre a istração Trump em 2018 e os europeus sobre o alumínio e o aço.
Poderá também ser aplicado um arsenal de medidas anti-coerção, mas o processo de decisão será mais demorado, uma vez que requer a adoção pelos 27 Estados-,embros e pode não ser totalmente apoiado. Essas medidas poderiam abranger os serviços e o licenciamento dos direitos de propriedade intelectual.