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Português Carlos Tavares deixa liderança da Stellantis. Porque é que a aposta nos elétricos o levou à demissão?

Carlos Tavares, CEO da Stellantis, fala durante a Paris Automotive Summit, à margem do Paris Auto Show, em Paris, terça-feira, 15 de outubro de 2024. (AP Photo/Michel Euler)
Carlos Tavares, CEO da Stellantis, fala durante a Paris Automotive Summit, à margem do Paris Auto Show, em Paris, terça-feira, 15 de outubro de 2024. (AP Photo/Michel Euler) Direitos de autor AP Photo/Michel Euler
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De Piero Cingari
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Carlos Tavares demitiu-se do cargo de CEO da Stellantis após quase quatro anos, num contexto de queda das vendas de veículos elétricos e de aumento da concorrência dos fabricantes de automóveis chineses.

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Carlos Tavares, presidente do Conselho de istração da Stellantis e um dos principais arquitetos da fusão PSA-FCA, abandonou o cargo no domingo, terminando um mandato de quase quatro anos durante um período turbulento para a fabricante de automóveis.

A saída de Tavares, dois meses depois de um aviso para a diminuição de lucros ter eliminado quase 50% do valor de mercado da Stellantis, reflete as dificuldades enfrentadas pelos mais antigos fabricantes de automóveis na transição para os veículos elétricos.

Na sequência da demissão de Tavares, as ações da Stellantis caíram mais de 7% durante as negociações da manhã na Europa, uma vez que os investidores reagiram com uma preocupação evidente em relação ao vazio de liderança e à incerteza em torno da estratégia futura do fabricante de automóveis.

Objetivos ambiciosos, resultados dececionantes

Tavares tinha defendido o investimento de 50 mil milhões de euros em eletrificação da Stellantis, com o objetivo de atingir 100% de vendas de veículos elétricos a bateria na Europa até 2030.

No entanto, as vendas ficaram aquém das expetativas. De acordo com o último EV Tracker do Bank of America, a Stellantis vendeu 173,4 mil veículos elétricos no primeiro semestre de 2023, um número que caiu para 157,7 mil no primeiro semestre de 2024 - uma queda de 9% em relação ao ano anterior.

Esta queda coincidiu com a perda de terreno da Stellantis no mercado global de elétricos.

A quota de mercado global da Stellantis no segmento de veículos elétricos caiu para 3,5% no primeiro semestre de 2024, em comparação com 5,3% no primeiro semestre de 2023, à medida que os fabricantes chineses avançavam com preços competitivos e inovação.

Estas dificuldades contribuíram para que as ações da Stellantis caíssem quase 50% este ano e minaram a confiança na liderança de Tavares.

A saída de Tavares: o que acontece a seguir?

Tavares foi o gestor automóvel mais bem pago em 2023, com um pacote de compensação de 36,49 milhões de euros.

A decisão de sair foi supostamente alcançada com consenso unânime entre os membros do conselho da Stellantis.

Embora a Stellantis tenha elogiado Tavares pelas suas contribuições para a formação e o sucesso inicial da empresa, as divergências internas entre o conselho e o CEO desempenharam um papel fundamental na sua saída.

O presidente John Elkann citou "pontos de vista diferentes" sobre a direção da Stellantis como o catalisador para a demissão de Tavares.

O conselho de istração do Stellantis iniciou já a procura pelo sucessor do português, com o objetivo de concluir a nomeação em meados de 2025. Entretanto, Elkann presidirá a um comité executivo recém-criado, encarregado de orientar a empresa durante esta fase de transição.

Vozes e reações da indústria

O sector da indústria automóvel reagiu rapidamente à saída de Tavares.

No X (antigo Twitter), o antigo CEO da Nissan e da Aston Martin, Andy Palmer, elogiou Tavares como "talvez o homem mais profissional do sector automóvel com quem trabalhei", salientando o seu papel na criação da Stellantis e no desenvolvimento de automóveis icónicos. Palmer acrescentou: "Espero que a história seja boa para ele".

No entanto, outros foram menos simpáticos. O senador italiano Carlo Calenda criticou Tavares pela sua abordagem de gestão, afirmando: "Não sentiremos a falta de Tavares. O defensor das teorias darwinistas que pareciam aplicar-se apenas aos trabalhadores. Agora é ainda mais urgente convocar John Elkann para o Parlamento".

Michael Wayland, correspondente da CNBC, observou: "Tavares não compreendeu o mercado norte-americano, dando prioridade aos preços e aos lucros em detrimento do volume e dos investimentos. Isto afastou os consumidores tradicionais e conduziu a uma diminuição da qualidade".

O analista de investimentos Brian Tycangco advertiu que os desafios da Stellantis refletem uma tendência mais ampla, escrevendo: "Os fabricantes de automóveis tradicionais estão a perder terreno para as marcas chinesas de veículos elétricos, mesmo nos seus mercados mais rentáveis. A inovação já não é opcional".

O que é que a Stellantis tem pela frente?

A saída de Tavares sublinha as dificuldades enfrentadas pelos fabricantes de automóveis ao tentarem fazer a transição dos tradicionais motores de combustão para motopropulsores eléctricos.

A Stellantis tem agora de enfrentar a intensificação da concorrência, a queda das vendas de veículos eléctricos e a necessidade de restabelecer a confiança dos investidores.

Os gigantes alemães Volkswagen, BMW e Mercedes-Benz também enfrentam ventos contrários semelhantes, incluindo a queda da quota de mercado dos veículos elétricos e o aumento da concorrência chinesa.

Enquanto Elkann assume temporariamente o comando, a Stellantis estará sob uma enorme pressão para encontrar um líder capaz de equilibrar a inovação com a excelência operacional.

Ainda não se sabe se o próximo CEO conseguirá inverter a situação da empresa, mas o que está em jogo não é apenas a Stellantis, mas também o sector automóvel europeu em geral, que luta para se manter competitivo num mundo eletrificado.

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