A entrada no novo ano já lá vai e, quem sabe, também as resoluções para tornarem a sua vida um pouco melhor este ano. Mas aqui no Real Economy
A entrada no novo ano já lá vai e, quem sabe, também as resoluções para tornarem a sua vida um pouco melhor este ano. Mas aqui no Real Economy estamos determinados a começar 2015 a explicar-lhe a fórmula que determina a economia da felicidade. Neste programa, vamos à Holanda conhecer o equilíbrio entre dinheiro, trabalho e família, que permite sorrisos a pequenos a graúdos. Vamos conversar ainda com os fundadores deste estudo sobre o valor da economia na felicidade. Em Paris, temos Jean Paul Fitoussi. Em Londres, Lord Richard Layard. O objetivo é sabermos se é possível olharmos para lá do PIB para medirmos o quanto felizes somos de verdade.
Os indicadores, contudo, não medem, por exemplo, a felicidade nas brincadeiras dos nossos filhos. Focam-se mais em subidas e descidas de curto prazo. Na Europa, medimos o bem-estar para lá do PIB. Olhando mais para padrões de vida, de família e de vida social, podemos ter uma imagem clara de como um país está, de facto, a progredir. Será objetivo, se nos focarmos no rendimento disponível. Mas também subjetivo, se olharmos mais à satisfação pessoal.
Como medir a felicidade
No nosso curso intensivo, esta semana aprendemos a medir a nossa felicidade. Primeiro, calculamos o PIB do nosso país per capita, o que representa a média de riqueza produzida no país por cada pessoa. Depois, escalamos a tabela das nossas expectativas de vida, se a saúde nos ajudar, para sabermos quanto tempo poderemos viver e de boa saúde.
O critério seguinte é o do apoio social: Teremos ou não uma boa estrutura de apoio entre amigos e família, nos bons e maus momentos?
Depois, avaliamos o nível de corrupção do nosso país: Estará este critério a estagnar-nos?
Também importante é a generosidade: Quão generosos ou egoístas somos nós e os nossos compatriotas?
Por último, mas não menos importante: Sente-se livre para fazer as escolhas fundamentais na sua vida?
No final, somamos tudo e juntam-se as avaliações subjetivas de bem-estar recolhidas através de entrevistas baseadas na chamada Escada de Cantril, a qual avalia o seu bem-estar numa escala de zero a 10, em que 10 representa o melhor nível de vida possível. A derradeira questão a responder nesta avaliação centra-se na previsão que fazemos para o nível em que estaremos no prazo de cinco anos. Aí, poderemos saber o quão felizes somos!
A receita holandesa
Na Europa, estamos muito contentes, indica o relatório de felicidade das Nações Unidas (ONU). Este documento revela uma clara tendência positiva, a qual se espera vir a manter-se na atualização deste ano do relatório, a ser publicada na primavera.
Se nos focarmos na Europa e olharmos a um estudo mais particular efetuada sobre 79 cidades, percebemos como o o ao desporto, à cultura e até às ruas das nossas cidades separa os nossos europeus felizes dos não tão felizes. A Holanda, por sua vez, é colocada muitas vezes como um dos cinco países do Mundo em que os respetivos cidadãos revelam melhor satisfação pessoal.
Emile Refait deslocou-se a Amesterdão e aprofundou um pouco esta receita holandesa para uma vida feliz.
Para os Janssen, a felicidade começa na mesa do pequeno-almoço. É o primeiro momento do dia em que estão todos juntos. “Por vezes, conversamos sobre o que nos faz felizes no dia-a-dia e, de facto, deixa-nos felizes quando ouvimos o nosso filho dizer-nos ‘olá’. Ele está sempre feliz”, diz-nos Marjolijn Reens, a mãe.
A felicidade dos Janssen é, curiosamente, maior à quarta-feira, É neste dia que o pai, George, trabalha desde casa, desfrutando da companhia do filho de sete anos e partilhando as tarefas domesticas com a mulher. “Quando me lembro do meu pai, ele quase não nos viu crescer durante os dias da semana. Por isso, eu sou, diria, mais dedicado e estou mais envolvido [do que o meu pai]”, considera George Janssen.
Igualdade de géneros, flexibilidade no trabalho, equilíbrio entre a vida social, familiar e o trabalho. A receita holandesa para a felicidade parece centrar-se em juntar todos estes critérios nas medidas certas. “Na Holanda, 75 por cento das jovens mães trabalham a tempo parcial. Alguns pais, também. O que notamos hoje em dia é que o Governo promove esta flexibilidade no trabalho para que os pais, tanto o homem como a mulher, as mães e os pais, possam organizar-se melhor em casa”, explica-nos o demógrafo Jan Latten.
Esta coordenação funciona para Marjolijn Janssen. Apesar de trabalhar apenas 28 horas por semana, a mãe do pequeno Berend ganha um salário confortável e, com o de George, os Janssen conseguem 140 mil euros por ano, sendo que metade é descontada para o Estado. Mas são esses impostos que asseguram, depois, os serviços públicos holandeses.
Para além do carro que possui, Marjolijn também utiliza os transportes públicos de Amesterdão. “Andam quase sempre a horas e podemos chegar a qualquer lado. Não são baratos. De facto, até são bastante caros e, nisso, podiam ser muito melhores”, defende.
Emilie Refait acrescenta que o “o dinheiro não traz felicidade, mas, pelo menos, parece ajudar muito”, isto porque, sublinha a enviada especial a Amesterdão da equipa do Real Economy, “a Holanda possui o PIB per capita mais alto da Europa, logo atrás do Luxemburgo.”
Apesar da crise na Europa, a situação económica da Holanda ajudou a Marjolijn e George a manterem os empregos e a “alimentar” o bem-estar da família, permitindo, por exemplo, que o filho, Berend, não faltasse aos treinos de hóquei por nada deste Mundo. A família Janssen, tal como a maioria dos holandeses, encontrou, assim, a sua própria fórmula para a felicidade.
Entrevista com fundador do relatório da ONU
Um dos autores do relatório sobre felicidade no mundo, o professor Lord Richard Layard, falou ao Real Economy, da euronews, sobre o que é a felicidade e o que nos faz falta para sermos mais felizes e satisfeitos com a vida que levamos.
Maithreyi Seetharaman, euronews: Como define a felicidade? Uma sensação? A realidade"> Notícias relacionadas