{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/business/2014/10/06/bam-um-sonho-sovietico-de-novo-sobre-carris" }, "headline": "BAM: Um sonho sovi\u00e9tico de novo sobre carris", "description": "BAM: Um sonho sovi\u00e9tico de novo sobre carris", "articleBody": "Era conhecido como \u201cO Projeto do S\u00e9culo\u201d. A constru\u00e7\u00e3o da linha ferrovi\u00e1ria Baikal-Amur trouxe milhares de jovens trabalhadores para o Extremo Oriente da R\u00fassia. Mas as riquezas prometidas pela explora\u00e7\u00e3o mineira nunca chegaram a concretizar-se. Agora h\u00e1 uma nova luz ao fundo do t\u00fanel. A cinco mil quil\u00f3metros de Moscovo, na Sib\u00e9ria Oriental, existem vastos dep\u00f3sitos de minerais que representam uma riqueza sem paralelo. Seja de dia ou de noite, o trabalho n\u00e3o p\u00e1ra na mina de carv\u00e3o de Neryungri. Nascida na d\u00e9cada de 70, este complexo de processamento tornou-se no paradigma do futuro da ind\u00fastria siberiana. Igor Piskun, respons\u00e1vel pelo centro regional ferrovi\u00e1rio, n\u00e3o deixa d\u00favidas: \u201cTemos todos os elementos da tabela peri\u00f3dica, todos os recursos minerais, do carv\u00e3o ao min\u00e9rio de ferro, min\u00e9rios n\u00e3o ferrosos, magnetite, e por a\u00ed fora\u2026\u201dTodo este tesouro natural s\u00f3 se tornou \u00edvel gra\u00e7as \u00e0 ferrovia. Esta regi\u00e3o do extremo oriente russo tinha muito poucos habitantes at\u00e9 \u00e0 constru\u00e7\u00e3o da linha Baikal-Amur, conhecida como BAM, um mega-projeto sovi\u00e9tico que mobilizou recursos humanos in\u00e9ditos.O clima aqui pode ser brutal. Os ver\u00f5es s\u00e3o quentes, mas os invernos s\u00e3o particularmente rigorosos, com temperaturas de 50 graus negativos. A atividade agr\u00edcola \u00e9 quase inexistente. A vegeta\u00e7\u00e3o tem dificuldade em erguer-se acima do solo permanentemente gelado. O maquinista Vitaliy Kapenkin explica o seguinte: \u201cEsta manh\u00e3 estavam 5 graus negativos, ao meio-dia atinge-se os 20 positivos. \u00c9 um intervalo enorme que acarreta riscos para a deforma\u00e7\u00e3o dos carris. Temos de estar muito atentos.\u201dA linha de Baikal-Amur emana da Transiberiana, distanciando-se da fronteira com a China, para atravessar uma regi\u00e3o rica em dep\u00f3sitos de carv\u00e3o, ferro, cobre, ouro e diamantes. Muitos deles ainda por explorar. A ferrovia foi constru\u00edda por dezenas de milhares de jovens que se apresentaram voluntariamente, seduzidos por incentivos como sal\u00e1rios avultados e pela possibilidade de participar num projeto \u00e9pico. Instalar uma linha ferrovi\u00e1ria num territ\u00f3rio t\u00e3o in\u00f3spito era um desafio de engenharia sem precedentes. Ivan Varshavskiy, antigo trabalhador, conta que havia \u201cmuitos t\u00faneis, muitos rios, milhares de pontes e doutras estruturas. O pr\u00f3prio trajeto era complicado, cheio de curvas. E depois eram as condi\u00e7\u00f5es metereol\u00f3gicas.\u201dAp\u00f3s dez anos, foi um dia memor\u00e1vel aquele em que se completou o percurso que ligava os territ\u00f3rios para constru\u00e7\u00e3o industrial, como Neryungri. Segundo Varshavskiy, \u201csab\u00edamos que aquele dia ia chegar e que a BAM ia transformar esta terra numa mina de ouro. N\u00e3o s\u00f3 para a R\u00fassia, mas para o mundo inteiro. Fosse qual fosse o recurso, pod\u00edamos envi\u00e1-lo para todo o lado.\u201dMas a desilus\u00e3o n\u00e3o tardou em chegar. Depois de Neryungri, a maior parte dos projetos industriais e mineiros n\u00e3o chegou a avan\u00e7ar. As localidades onde viviam os trabalhadores come\u00e7aram a decair e viriam a perder metade dos habitantes. Nos anos 90, foi declarada a inviabilidade de grande parte da linha. O tamb\u00e9m antigo trabalhador Ivan Shestak revela que \u201cnessa altura, come\u00e7aram a acusar-nos de ter cometido um erro, de ter constru\u00eddo uma linha que n\u00e3o chegava a lado nenhum, que a BAM n\u00e3o tinha utilidade nenhuma. Foi cruel e insultuoso para os trabalhadores que n\u00e3o a constru\u00edram para o seu benef\u00edcio, tentaram foi ajudar o desenvolvimento do pa\u00eds.\u201dAs coisas mudaram. O boom econ\u00f3mico dos \u00faltimos anos motivou as empresas privadas a olhar para a ind\u00fastria mineira numa regi\u00e3o que tem dos maiores dep\u00f3sitos de minerais do mundo. O novo interesse provocou o congestionamento da linha, que s\u00f3 tem um sentido na sua maior parte. Da\u00ed ter surgido um plano de moderniza\u00e7\u00e3o da BAM e da Transiberiana.Igor Piskun real\u00e7a que \u201co n\u00famero de comboios de mercadorias vai multiplicar-se ap\u00f3s a moderniza\u00e7\u00e3o, o que nos vai permitir escoar mais carga. Os portos tamb\u00e9m est\u00e3o a ser renovados para receber um volume maior. Mas primeiro temos de melhorar a capacidade da ferrovia.\u201dPrev\u00ea-se que os custos do projeto de moderniza\u00e7\u00e3o ultraem os 10 mil milh\u00f5es de euros. Valores astron\u00f3micos que embatem no fantasma do imenso desaire que a constru\u00e7\u00e3o da BAM acarretou. De qualquer forma, as obras j\u00e1 arrancaram. \u201cA BAM foi constru\u00edda h\u00e1 40 anos. Desde ent\u00e3o, surgiram novas ferramentas, novas m\u00e1quinas, novas tecnologias, materiais sint\u00e9ticos. Agora podemos construir uma linha mais r\u00e1pida e melhor. N\u00e3o receamos o inverno, n\u00e3o temos medo do gelo no solo \u2013 esta \u00e9 a nossa terra\u201d, salienta Yuri Polyakov, um dos respons\u00e1veis pela moderniza\u00e7\u00e3o.", "dateCreated": "2014-10-06T18:52:45+02:00", "dateModified": "2014-10-06T18:52:45+02:00", "datePublished": "2014-10-06T18:52:45+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F283574%2F1440x810_283574.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "BAM: Um sonho sovi\u00e9tico de novo sobre carris", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F283574%2F432x243_283574.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Negocios Series", "Mundo" ] }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

BAM: Um sonho soviético de novo sobre carris

BAM: Um sonho soviético de novo sobre carris
Direitos de autor 
De Euronews
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
PUBLICIDADE

Era conhecido como “O Projeto do Século”. A construção da linha ferroviária Baikal-Amur trouxe milhares de jovens trabalhadores para o Extremo Oriente da Rússia. Mas as riquezas prometidas pela exploração mineira nunca chegaram a concretizar-se. Agora há uma nova luz ao fundo do túnel.

A cinco mil quilómetros de Moscovo, na Sibéria Oriental, existem vastos depósitos de minerais que representam uma riqueza sem paralelo. Seja de dia ou de noite, o trabalho não pára na mina de carvão de Neryungri. Nascida na década de 70, este complexo de processamento tornou-se no paradigma do futuro da indústria siberiana. Igor Piskun, responsável pelo centro regional ferroviário, não deixa dúvidas: “Temos todos os elementos da tabela periódica, todos os recursos minerais, do carvão ao minério de ferro, minérios não ferrosos, magnetite, e por aí fora…”

Todo este tesouro natural só se tornou ível graças à ferrovia. Esta região do extremo oriente russo tinha muito poucos habitantes até à construção da linha Baikal-Amur, conhecida como BAM, um mega-projeto soviético que mobilizou recursos humanos inéditos.

O clima aqui pode ser brutal. Os verões são quentes, mas os invernos são particularmente rigorosos, com temperaturas de 50 graus negativos. A atividade agrícola é quase inexistente. A vegetação tem dificuldade em erguer-se acima do solo permanentemente gelado. O maquinista Vitaliy Kapenkin explica o seguinte: “Esta manhã estavam 5 graus negativos, ao meio-dia atinge-se os 20 positivos. É um intervalo enorme que acarreta riscos para a deformação dos carris. Temos de estar muito atentos.”

A linha de Baikal-Amur emana da Transiberiana, distanciando-se da fronteira com a China, para atravessar uma região rica em depósitos de carvão, ferro, cobre, ouro e diamantes. Muitos deles ainda por explorar. A ferrovia foi construída por dezenas de milhares de jovens que se apresentaram voluntariamente, seduzidos por incentivos como salários avultados e pela possibilidade de participar num projeto épico. Instalar uma linha ferroviária num território tão inóspito era um desafio de engenharia sem precedentes. Ivan Varshavskiy, antigo trabalhador, conta que havia “muitos túneis, muitos rios, milhares de pontes e doutras estruturas. O próprio trajeto era complicado, cheio de curvas. E depois eram as condições metereológicas.”

Após dez anos, foi um dia memorável aquele em que se completou o percurso que ligava os territórios para construção industrial, como Neryungri. Segundo Varshavskiy, “sabíamos que aquele dia ia chegar e que a BAM ia transformar esta terra numa mina de ouro. Não só para a Rússia, mas para o mundo inteiro. Fosse qual fosse o recurso, podíamos enviá-lo para todo o lado.”

Mas a desilusão não tardou em chegar. Depois de Neryungri, a maior parte dos projetos industriais e mineiros não chegou a avançar. As localidades onde viviam os trabalhadores começaram a decair e viriam a perder metade dos habitantes. Nos anos 90, foi declarada a inviabilidade de grande parte da linha. O também antigo trabalhador Ivan Shestak revela que “nessa altura, começaram a acusar-nos de ter cometido um erro, de ter construído uma linha que não chegava a lado nenhum, que a BAM não tinha utilidade nenhuma. Foi cruel e insultuoso para os trabalhadores que não a construíram para o seu benefício, tentaram foi ajudar o desenvolvimento do país.”

As coisas mudaram. O boom económico dos últimos anos motivou as empresas privadas a olhar para a indústria mineira numa região que tem dos maiores depósitos de minerais do mundo. O novo interesse provocou o congestionamento da linha, que só tem um sentido na sua maior parte. Daí ter surgido um plano de modernização da BAM e da Transiberiana.Igor Piskun realça que “o número de comboios de mercadorias vai multiplicar-se após a modernização, o que nos vai permitir escoar mais carga. Os portos também estão a ser renovados para receber um volume maior. Mas primeiro temos de melhorar a capacidade da ferrovia.”

Prevê-se que os custos do projeto de modernização ultraem os 10 mil milhões de euros. Valores astronómicos que embatem no fantasma do imenso desaire que a construção da BAM acarretou. De qualquer forma, as obras já arrancaram. “A BAM foi construída há 40 anos. Desde então, surgiram novas ferramentas, novas máquinas, novas tecnologias, materiais sintéticos. Agora podemos construir uma linha mais rápida e melhor. Não receamos o inverno, não temos medo do gelo no solo – esta é a nossa terra”, salienta Yuri Polyakov, um dos responsáveis pela modernização.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Azerbaijão acolhe conferência mundial para combater a islamofobia e promover a tolerância religiosa

Fórum Internacional de Astana apela à reforma global, à consolidação da paz e à cooperação climática

O Fórum Económico do Catar estimula a ambição e a inovação