Merz não conseguiu obter a maioria dos votos na primeira volta da votação para se tornar o próximo chanceler da Alemanha.
Friedrich Merz falhou por pouco a primeira volta da votação para se tornar o próximo chanceler da Alemanha, um revés para o líder da União Democrata-Cristã (CDU).
Merz, que era o favorito para se tornar chanceler desde que o seu partido ganhou as eleições federais em fevereiro, obteve 310 votos - seis votos a menos do que o necessário para garantir a maioria no Bundestag. 307 deputados votaram contra e outros três abstiveram-se.
É a primeira vez na história da República Federal que um novo chanceler não consegue obter a maioria dos votos na primeira volta. Algo que terá surpreendido Friedrich Merz, que tinha anteriormente dito que esperava um resultado claro no primeiro turno da votação.
Tanto a aliança CDU/CSU como o partido de centro-esquerda SPD estão plenamente representados no Bundestag. Contas feitas, 120 sociais-democratas e 208 democratas-cristãos poderiam ter votado a favor do líder da CDU, Friedrich Merz, o que resultaria na sua eleição.
A sessão foi suspensa enquanto os grupos parlamentares se debruçam sobre as próximas etapas.
O que se segue?
A eleição do chanceler está legalmente protegida pela Lei Fundamental, com o artigo 63.º a referir o seguinte: "Se o candidato não for eleito, o Bundestag pode eleger um chanceler federal no prazo de 14 dias após o escrutínio com mais de metade dos seus membros." Sendo que a segunda volta pode realizar-se a qualquer momento nesse período de duas semanas.
Outros candidatos, para além de Merz, também podem concorrer para serem eleitos enquanto chanceler, mas precisam de uma maioria absoluta de, pelo menos, 316 votos para serem escolhidos para o cargo.
De notar, assim, que existem prazos para uma segunda volta. Para que seja convocada mais cedo, todos os partidos políticos têm de concordar em encurtar o prazo.
Vários partidos estão a organizar uma nova ronda de votações para amanhã. A presidente do Bundestag, Julia Klöckner, convidou os grupos parlamentares dos Verdes e da AfD (Alternativa para a Alemanha) para um novo escrutínio na quarta-feira, segundo os representantes dos partidos - ainda que condicionado à aceitação por parte de todos os grupos parlamentares. Se as partes não concordarem, a data mais próxima possível para uma nova votação seria sexta-feira.
Caso também não seja alcançada uma maioria absoluta na segunda volta do escrutínio, bastará uma maioria simples no terceiro turno. Em alternativa, o presidente da Alemanha pode dissolver o Bundestag no prazo de sete dias e convocar novas eleições.
A aliança CDU/CSU venceu as eleições nacionais de fevereiro com 28,5% dos votos, pelo que necessitam de, pelo menos, um parceiro para formar um governo maioritário.
Na segunda-feira, os líderes da CDU, da CSU e do SPD am, oficialmente, um acordo de coligação, em Berlim, intitulado "Responsabilidade para a Alemanha".
"A Alemanha pode realizar, com êxito, todas as tarefas com a sua própria força e em estreita cooperação com os nossos parceiros e amigos no mundo", diz o acordo de coligação assinado pela CDU (centro-direita), pelo seu partido-irmão da Baviera CSU e pelo SPD (centro-esquerda).
Entre outras coisas, o documento "renova a promessa da economia social de mercado - oportunidades e prosperidade para todos" e anuncia que "reforçará as capacidades de defesa e de dissuasão da Alemanha para salvaguardar a liberdade e a paz".