Donald Trump deportou mais de 230 membros do grupo criminoso Tren de Aragua para El Salvador, apesar de um bloqueio judicial. Foram transferidos para uma prisão de segurança máxima.
Numa ação sem precedentes, mais de 200 alegados membros do grupo criminoso venezuelano Tren de Aragua foram deportados pelos Estados Unidos e enviados para El Salvador, onde foram transferidos para uma prisão de segurança máxima, confirmou o presidente salvadorenho, Nayib Bukele, este domingo.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, invocou a Lei dos Estrangeiros Inimigos de 1798 na sexta-feira para deportar rapidamente alegados membros desta organização criminosa, ligada a raptos, extorsão, crime organizado e assassínios por contrato.
No entanto, um dia depois, um juiz federal de Washington DC bloqueou a aplicação desta lei durante 14 dias, argumentando que o estatuto se refere a "actos hostis" perpetrados por outro país que são "equivalentes à guerra".
Bukele anunciou através da rede social X que 238 alegados membros do bando venezuelano tinham chegado ao seu país e foram transferidos para o Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), uma mega-prisão com capacidade para 40.000 reclusos, onde permanecerão por um período de um ano que poderá ser renovado.
Um vídeo partilhado nas redes sociais de Bukele mostra os detidos com as mãos e os pés algemados a serem escoltados por agentes armados para fora do avião. Alguns são colocados em veículos blindados, enquanto outros, encurvados enquanto os agentes empurram as suas cabeças para baixo, são forçados a entrar em autocarros.
Cronologia e reacções
A deportação ocorreu horas depois de um juiz norte-americano ter ordenado à istração Trump que não o fizesse. O juiz James Boasberg ordenou a suspensão das deportações abrangidas pela proclamação de Trump, mas nessa altura os aviões já tinham descolado. Bukele respondeu de forma jocosa nas redes sociais: "Oops... demasiado tarde".
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, confirmou a chegada dos suspeitos de pertencerem a gangues a El Salvador e agradeceu a Bukele, chamando-lhe "o líder de segurança mais forte da nossa região".
Esta operação faz parte da longa cruzada de Trump contra a imigração ilegal nos Estados Unidos. Em janeiro, Trump assinou uma ordem executiva declarando o Tren de Aragua e a MS-13 como organizações terroristas estrangeiras.
Durante a sua campanha eleitoral, Trump prometeu levar a cabo a maior operação de deportação da história dos Estados Unidos. No entanto, um relatório recente sugere que os agentes do Immigration and Customs Enforcement (ICE) deportaram menos imigrantes em fevereiro de 2025 do que no mesmo mês do ano anterior, durante a istração de Joe Biden: 11 000 em fevereiro de 2025, contra 12 000 em fevereiro de 2024.
Acordo bilateral de 6 milhões de euros entre El Salvador e os EUA
Oacordo entre os EUA e El Salvador é um sinal de reforço dos laços diplomáticos. Segundo a AP , os EUA concordaram em pagar US$ 6 milhões a El Salvador para prender 300 supostos membros do Tren de Aragua por um ano.
"Os EUA pagarão uma taxa muito baixa para eles, mas uma taxa alta para nós", acrescentou Bukele, sugerindo que o acordo também ajudaria a financiar o enorme complexo prisional Cecot.
Rubio descreveu o pacto como um acordo de "país terceiro seguro" para deportar cidadãos que tenham violado as leis de imigração dos EUA. Isso significaria que o governo dos EUA poderia deportar migrantes de outros países, que não têm nacionalidade salvadorenha, para El Salvador.
"Bukeletambém se ofereceu para fazer o mesmo com criminosos perigosos que estão atualmente sob custódia e cumprindo suas sentenças nos Estados Unidos, mesmo que sejam cidadãos americanos ou residentes legais", disse Rubio.
O governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro rejeitou o uso da lei "anacrónica" dos EUA para deportar suspeitos de pertencerem a gangues, afirmando que esta viola os direitos dos migrantes.