Com a época alta do turismo a aproximar-se, chegou o momento de os profissionais do setor reabrirem seus negócios, após os recentes sismos que afetaram as ilhas gregas. Santorini, a ilha mais popular do Mar Egeu, que depende muito do turismo, aguarda com otimismo a chegada dos visitantes.
Nos últimos 30 dias, mais de 23 mil sismos foram registados nas ilhas gregas de Santorini e Amorgos, deixando residentes, empresários e turistas apreensivos com o futuro do setor turístico.
A época alta do turismo começa já em abril e muitos visitantes já reservaram as suas férias com vários meses de antecedência, o que coloca mais pressão sobre o setor.
Apesar do aumento da atividade sísmica, poucos hotéis em Santorini cancelaram as suas reservas até à data. Margarita Karamolegou, secretária-geral da Associação de Hotéis de Santorini, afirmou que o fluxo de reservas está a ser restabelecido, com uma ligeira variação na procura, devido aos recentes eventos sísmicos. Karamolegou mostrou-se otimista e espera que o verão, a época de maior fluxo de turistas, decorra de forma normal.
"Temos esperança de que o mercado recupere por completo, talvez até na totalidade", referiu Karamolegou.
O turismo é um pilar fundamental para a economia de Santorini, pois emprega cerca de 55 mil pessoas entre locais e trabalhadores sazonais, representando cerca de 3% do PIB da Grécia. No entanto, a ilha tem vindo a ser alvo de críticas pelo excesso do turismo, com muitos a considerarem que este aumento súbito compromete a sustentabilidade da ilha.
Giorgos Damigos, proprietário de um hotel local, descreve Santorini como uma ilha "vítima de um empreendedorismo predatório" que procura apenas o lucro, apelando à construção de novas infraestruturas e a uma mudança na mentalidade do setor. "O Estado tem de deixar de ver Santorini apenas como uma fonte de rendimento. Esta atividade sísmica pode ser uma oportunidade para refletirmos sobre o que está realmente em jogo", afirmou Damigos.
Por outro lado, Giannis Sigalas, proprietário de um restaurante, revelou que o seu negócio esteve fechado durante algum tempo devido aos sismos, mas decidiu reabri-lo recentemente. No entanto, alguns dos seus funcionários, preocupados com a situação económica do país, não regressaram à ilha. "A maioria das pessoas está com medo e à espera de ver o que o Estado poderá fazer, se haverá apoio financeiro para que possam regressar... A incerteza é grande", comentou Sigalas.
Em Santorini, a situação é complexa. Embora os empresários mostrem otimismo, a grande preocupação recai sobre a falta de mão-de-obra qualificada para trabalhar em bares, restaurantes e hotéis. A atração de trabalhadores pode revelar-se o maior desafio da época turística que se aproxima.